Cotidiano

Vítimas de escalpelamento reclamam da falta de atenção do Estado





 

Vítimas pede mais conscientização, mais políticas públicas e chama atenção para o fato de que a prevenção não pode existir só durante um dia.

 

Dia 28 de agosto foi o dia nacional das vítimas de escalpelamento. A data existe desde o ano de 2007, sendo definida após intensa campanha nacional com enfoque nos casos que vinham ocorrendo, principalmente, nos interiores de Macapá e Belém.  

O escalpelamento é a retirada brusca do cabelo e do couro cabeludo (escalpo) pelos motores das embarcações ribeirinhas, quando esses se encontram sem a proteção necessária, ou seja, com seus eixos completamente descobertos, causando mutilações. Esse acidente assola, sobretudo, mulheres e crianças que vivem cerca dos rios e que usam as embarcações como meio de locomoção mais comum.

Também em 2007, foi formalizada a criação da Associação de Mulheres Ribeirinhas Vítimas de Escalpelamento na Amazônia que, desde então, vem acompanhando de perto as 140 vítimas que já foram registradas desde aquele ano. De 2009 até hoje, apenas 41 vítimas de escalpelamento foram indenizadas pelo Estado, segundo dados da Defensoria Pública da União do Amapá.

Apesar de os números de acidente terem diminuído consideravelmente, as vítimas reclamam da pouca atenção do Estado para com as suas necessidades, já que após o acidente, tornar-se necessária uma gama de cuidados muito específicos. É importante salientar como as vítimas seguem com sequelas psicológicas e sociais profundas, na medida em que toda a sua vida é alterada depois do acidente.

Em entrevista concedida ao jornal Brasil de Fato, Rosinete Ferrão, ex-presidente da Associação e atual associada, pede que a campanha contra o escalpelamento dure mais que um dia, chamando atenção para a falta de sensibilização sobre o tema.

“A gente precisava de políticas públicas, que as pessoas que viajam pela Amazônia se conscientizem para que não aconteça mais esse tipo de acidente, que é o escalpelamento. Que esse dia 28, não só esse dia seja um dia de conscientização, mas o ano inteiro, todos os dias”.

Casos

Em 2018 já foram registrados dois casos de escalpelamento, ambos durante o período de férias. Um acidente ocorreu com uma menina de 11 anos, no município de Itaubal, e o outro no arquipélago do Bailique.

Doações

As vítimas de escalpelamento usam perucas como uma maneira de recuperar sua autoestima. As perucas possuem validade de um ano e, como o número de mulheres vítimas é grande, muitas seguem sem cabelo, o que as fazem sofrer preconceito. Quem deseja doar cabelo pode entrar em contato com Rosinete Ferrão, através do número (96) 99129-6173.

 Redação