Cotidiano

Amapá está entre os 10 estados mais violentos do Brasil





 

Segundo NEV-USP, os estados correm o risco de encerrar 2018 com taxas acima de 50 por 100 mil habitantes, caso as autoridades não consigam implementar políticas capazes de reverter a situação em curto prazo e reduzir o ritmo de violência.

 

No primeiro semestre de 2018, o Brasil registrou mais de 26 mil assassinatos. O alto índice está concentrado, principalmente, em dez estados da região Norte e Nordeste. Para Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Nacional de Segurança Pública, o índice de violência aumentou devido o acirramento das disputas entre facções. Em 2017, com 63.880 homicídios registrados, mais um recorde inglório foi obtido.

Nesta semana, Paulo Paes Manso, jornalista e doutor em Ciência Política, publicou o texto intitulado “No Norte e Nordeste, os dez estados mais violentos do Brasil”. Nele, o autor faz um panorama da violência nestes estados e relata as medidas tomadas por outros, que conseguiram obter resultados significativos em curto prazo.

O Estado de Roraima apresentou a maior taxa de mortes neste período. Segundo Manso, a crise humanitária da Venezuela contribuiu para a instabilidade política no estado, que, em 2017, presenciou uma rebelião no sistema penitenciário. O episódio resultou em 33 mortes. No Rio Grande do Norte, no mesmo período, também houve rebelião. Neste caso, 26 pessoas foram mortas. Nos demais locais, chacinas, mortes policiais, vídeos de assassinados e torturas tornaram-se comuns.

De acordo com o Núcleo de Estudos da Violência da USP, além dos estados já citados, Ceará (3º), Acre (4º), Sergipe (5º), Pará (6º), Pernambuco (7º), Alagoas (8º), Amapá (9º) e Bahia (10º) também correm o risco de encerrar 2018 com taxas acima de 50 por 100 mil habitantes caso as autoridades não consigam implementar políticas capazes de reverter a situação em curto prazo e reduzir o ritmo de violência.

Entretanto, na Paraíba, Maranhão, Rondônia, Espírito Santo e Brasília, verificou-se uma redução consistente na taxa de homicídios. De modo geral, de acordo com as autoridades, houve melhora devido as estratégias traçadas a partir da análise criminal. As ações concentraram foco das polícias nas regiões mais violentas dos estados, investigando os homicidas.

Paulo Manso e Camila Nunes, também pesquisadora da NEV-USP, participaram do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que aconteceu em Brasília, na semana passada. Na oportunidade, eles apresentaram o Mapa das Facções no Brasil, aonde o Amapá aparece como um dos 9 estados brasileiros em que o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) disputam a hegemonia em relação às rotas do tráfico de drogas e aos presídios.

"A chegada do PCC no mercado de drogas de outros estados produziu enorme instabilidade dentro e fora dos presídios, promovendo alianças e rivalidades violentas, tendo um reflexo no aumento das taxas de homicídios, como ocorreu principalmente nos estados do Norte e Nordeste", afirmaram os pesquisadores.

"A porta giratória da prisão, girando freneticamente, foi tecendo essa rede e conectando esses indivíduos entre si, produzindo vínculos, identificações, alianças. Mas, também, competição, rupturas, conflitos, violência e mortes", concluíram.

Atlas da Violência

Em junho, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) juntamente com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgaram o Atlas da Violência 2018. Os dados apontam que o Amapá está entre os sete estados que apresentaram os maiores índices de homicídios, com 48,5%, entre 2006 a 2016.

É possível perceber que o índice se manteve estável entre 2006 a 2015, com poucas variações. Entretanto, em 2016, houve um salto na taxa de mortes registradas no estado. Em números absolutos, o Amapá registrou de 2015 a 2016, uma variação de 27,4%.

Em relação ao número de homicídios, o estado apresentou uma taxa de 88,6% com 2.651 mortes registradas nos últimos 10 anos. Já de 2015 para 2016, o estado teve uma variação de 30%.

Redação