Cotidiano

Desigualdade salarial por sexo é uma realidade a nível mundial





 

“Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”. Este é o 5º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Mas há ainda um longo caminho a percorrer até que este ideal seja alcançado. E uma das maiores provas é a atual desigualdade salarial entre mulheres e homens.

 

No Brasil, as mulheres ganham, em média, menos que os homens.
Em 2017 o salário pago às mulheres foi apenas 77,5% do valor pago aos homens. Esta diferença pode ser mais claramente compreendida se pensarmos que o rendimento habitual médio mensal das mulheres foi de R$ 1.764 e o dos homens R$ 2.306.

Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentados em abril deste ano e retornados à praça pública esta semana depois de uma discussão protagonizada pela apresentadora e editora-executiva do telejornal, Renata Vasconcellos e Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência da República, durante entrevista ao Jornal Nacional.

O estudo adianta ainda fatores justificativos e o que mais se destaca é a educação: quanto maior for o nível de escolaridade maior a desigualdade.

A economista Betina Fresneda, analista da Gerência de Indicadores Sociais do IBGE explica que os resultados educacionais não se refletem necessariamente no mercado de trabalho. Pelo contrário. Segundo a mesma, as mulheres, por terem nível de instrução maior do que os homens “deveriam estar ganhando mais, porque a principal variável que explica o salário é educação. Você não só não tem um salário médio por hora maior, como na verdade essa proporção é menor.”

Em termos de rendimentos, vida pública e tomada de decisão, a mulher brasileira ainda se encontra em patamar inferior ao do homem, bem como no tempo dedicado a cuidados de pessoas ou afazeres domésticos. As mulheres não param de trabalhar quando deixam seus empregos. Em casa, elas acumulam trabalho não remunerado, como cozinhar e limpar, cuidar das crianças e de suas famílias.

Mas não só no Brasil se vive este cenário

A mulher italiana, por exemplo, gasta cerca de 22 horas por semana (o equivalente a quase 3 dias de trabalho) a mais que seu parceiro nos afazeres de casa. Nos países nórdicos essa diferença é de 5 horas. No total, o valor anual estimado do trabalho não remunerado de mulheres totaliza US$ 10 trilhões, o equivalente a 13% do PIB global. As mulheres na União Europeia recebem 16,2% menos do que os homens.

A nível europeu, segundo os dados do Eurostat (autoridade estatística da União Europeia), os Estados-Membros que lideraram o palco da diferença de remuneração entre homens e mulheres em 2016 foram a Estónia (25,3%), a República Checa (21,8%), a Alemanha (21,5%), o Reino Unido (21,%) e a Áustria (20,1%). Por oposição, países como Romênia (5,2%), Itália (5,3%), Luxemburgo (5,5%), Bélgica (6,1%), Polónia (7,2%), Eslovênia (7,8%) e a Croácia (8,7%) ficaram abaixo dos dez por cento.

Portugal

1º país com maior desigualdade salarial da Europa. Este é um assunto que também tem provocado discussão na cena política portuguesa.

À semelhança das mulheres brasileiras, também as portuguesas ganham, em média, menos que os homens. O partido esquerdista da oposição apresentou este mês uma proposta de lei que prevê a penalização das empresas com maior desigualdade salarial. Essa lei privará essas empresas do direito de participar em arrematações ou concursos públicos, bem como de beneficiar de quaisquer benefícios ou subsídios e apoios definidos pelos programas públicos de apoio às empresas e à criação de emprego.

Um exemplo a seguir - Islândia

O primeiro país do mundo a obrigar à certificação da igualdade salarial
Uma alteração das leis trabalhistas definiu que até Dezembro de 2021 as empresas terão que se adaptar e ajustar os salários dos seus funcionários, independentemente do sexo. O certificado deverá ser renovado a casa três anos e o seu incumprimento dará origem a várias multas.
Assim, a Islândia foi recentemente considerado o país mais avançado do mundo no que se refere a paridade de gênero, segundo o “The Global Gender Gap Report”, do Fórum Económico Mundial.

Joana Oliveira