Cotidiano

Dia das Donas de casa: um trabalho duro, com pouco reconhecimento





 

Porque 92,3% dos trabalhadores domésticos são mulheres, este dia ainda só poderia ser conjugado no gênero feminino.

Redação

No Brasil, hoje, 31 de Outubro, o dia passou a ser celebrado como forma de homenagear as mulheres que dedicam sua vida não apenas aos afazeres domésticos, mas também à organização da casa, ao controle do orçamento familiar e à educação dos filhos. Elas são donas de casa mas este ainda é um trabalho duro e sem reconhecimento, quase exclusivamente desempenhado por mulheres. Denota-se até, e primeiramente, pela expressão no gênero feminino.

Segundo os últimos dados do IBGE, 92,3% da população brasileira que se dedica a trabalho doméstico são as mulheres.

De acordo com a socióloga e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, Arlene Ricoldi, atualmente as mulheres ainda se vêem obrigadas a fazer uma opção para a vida adulta. “Elas escolhem entre se dedicar exclusivamente para a casa e não trabalhar fora do domicílio, ou serem profissionais remuneradas; o que não quer dizer que essas mulheres não se preocupem e se doem para as suas famílias e tenham que equilibrar as esferas trabalho e lar”.

Sete em cada dez empregadas domésticas não têm carteira assinada

Apesar dos dados estatísticos gerais favorecerem as mulheres, no trabalho doméstico é bem diferente: entre as 5,9 milhões de empregadas domésticas, 71,6% não tinham carteira assinada.

As mulheres dedicaram 18 horas semanais a cuidados de pessoas ou afazeres domésticos, 73% mais tempo do que os homens (10,5 horas). Trata-se de uma característica arraigada em nossa sociedade, que leva grande parte das mulheres a procurarem por ocupações em tempo parcial, como forma de conciliar trabalho e afazeres. Assim, o percentual de mulheres que trabalhavam 39 horas ou menos por semana (34,6%) era muito superior ao dos homens nessa condição (19,1%), no último trimestre de 2017. Segundo o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, professoras e atendentes de telemarketing estão nessa situação.

Com isso, as mulheres eram cerca de 54% dos 6,46 milhões de trabalhadores subocupados (pessoas que trabalham menos de 40 horas semanais, mas gostariam de trabalhar mais). De acordo com Cimar, um exemplo dessa situação “são as mulheres que têm filhos pequenos, que querem trabalhar mais, porém não conseguem, por não terem com quem deixar a criança”.

Outros países

Segundo o estudo da Eurostat "A vida das mulheres e dos homens na Europa - um retrato estatístico,"realizado ano passado, existe uma maior porcentagem de mulheres do que de homens a fazer tarefas domésticas, cozinhar e cuidar dos filhos diariamente, em todos os Estados Membros da União Europeia.

A média europeia coloca 79% das mulheres a desempenhar tarefas ou a cozinhar em regime diário, contra apenas 39% dos homens; e 92% das mulheres a cuidar diariamente dos filhos, face a 68% dos homens.

A Suécia é o país em que menos desigualdade entre sexos é observada, tanto na realização de tarefas domésticas (74% - 56%) como na educação dada aos filhos (96% - 90%) - embora continuem a ser as mulheres as que mais se sacrificam.