Política

Barroso: Não me distraio com miudezas; meu universo vai além do cercadinho





O ministro Roberto Barroso, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e integrante do STF (Supremo Tribunal Federal), não respondeu às ofensas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro nesta 6ª feira (6.ago.2021), mas mandou indiretas a respeito do xingamento.

Mais cedo, ele foi chamado de “filho da puta” por Bolsonaro. Questionado sobre a declaração em evento realizado pelo Insper, em São Paulo, o ministro disse que não se distrai com “miudezas”.

“A conquista e a preservação da democracia foram as grandes causas da minha geração e é a isso que eu dedico minha vida pública. Por isso, eu não paro para bater boca, não me distraio com miudezas. Meu universo vai bem além do cercadinho”, disse, em referência ao espaço em que Bolsonaro recebe seus apoiadores no Palácio do Alvorada.

Sem citar o presidente da República, Barroso também voltou a dizer que as tentativas de colocar em dúvida a lisura do processo eleitoral são “inverídicas”.

“Eu desminto todas as afirmações inverídicas que têm alguma relação institucional. ‘A apuração é feita em uma sala fechada por meia dúzia de pessoas’, é mentira. A apuração das eleições brasileiras é feita em mais de 400 mil sessões eleitorais, porque a urna imprime o resultado da eleição às 17h, quando acaba a eleição. Essa história de que é feita a apuração no TSE numa sala fechada é de quem não tem a menor ideia de como o sistema funciona”, afirmou.

Novo ataque

Bolsonaro se referiu ao ministro nesta 6ª feira (6.ago) como “aquele filho da puta do Barroso”. Falava com apoiadores em visita a Santa Catarina. A fala foi transmitida ao vivo na conta oficial do presidente no Facebook por volta das 14h50. Às 15h19, a live já tinha sido apagada. Diferente do que acontece, a equipe do presidente não salvou o vídeo na página do chefe do Executivo.
Mais cedo, em almoço com empresários, o presidente também voltou a afirmar que Barroso quer reduzir a maioridade em casos de estupro de vulnerável, como já tinha feito anteriormente, quando ligou o ministro à pedofilia.

“Não ofendi nenhum ministro do Supremo, apenas falei da ficha do senhor Barroso. Defensor do terrorista Battisti, favorável ao aborto, à liberação das drogas, à redução da idade para estupro de vulnerável. Ele quer que nossas filhas e netas, com 12 anos, tenham relações sexuais. Por ele, sem problema nenhum”, afirmou.

Não é a 1ª vez que o presidente tenta ligar Barroso à pedofilia. Em 10 de julho deste ano, Bolsonaro disse que o ministro teria defendido a redução da maioridade em casos de estupro de vulnerável.

“Ministro esse que defende a redução da maioridade para estupro de vulnerável, ou seja, a pedofilia é o que ele defende. Ministro que defende a legalidade das drogas. Com essas bandeiras todas, ele não devia estar no Supremo. Devia estar no Parlamento. Lá é o local de cada um defender a sua bandeira”, afirmou Bolsonaro na ocasião.

O STF (Supremo Tribunal Federal) soltou nota no mesmo dia dizendo que a afirmação é falsa. Em julgamento de 2017, o ministro votou em sentido inverso ao apontado por Bolsonaro: manteve a continuidade de uma ação movida contra um rapaz de 18 anos acusado de manter relações sexuais com uma menina de 13 anos.

Essa é a mesma posição mantida pelo Supremo e pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) em outros julgamentos sobre o tema. De 2009 para cá, por exemplo, se consolidou o entendimento de que qualquer ato libidinoso com menores de 14 anos configura estupro de vulnerável, pois entende-se que crianças não têm condição de consentir.

Já os xingamentos a Barroso se tornaram uma constante nos discursos de Bolsonaro. Em 9 de julho, o presidente chamou o ministro de “idiota” e “imbecil”. As declarações foram dadas porque Barroso, atual presidente do TSE, não concorda com o voto impresso auditável, pauta defendida pelo presidente.

Fonte: Poder360