Economia

Dólar sobe a R$ 5,221, após fala de Bolsonaro sobre ICMS; Bolsa cai





Revertendo a trajetória registrada pela manhã, o dólar fechou o dia em alta de 0,47%, cotado a R$ 5,221 na venda. O resultado foi puxado, em parte, pelo anúncio feito pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que o governo estuda a elaboração de uma proposta que proíba os estados de cobrarem ICMS(Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre a bandeira tarifária da conta de luz.

Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), terminou a sessão em queda de 0,12%, chegando aos 122.056,34 pontos. É a segunda baixa consecutiva registrada pelo indicador, que na véspera registrou perdas de 0,67%.

Em agosto, o dólar acumula valorização de 0,22% frente ao real. O Ibovespa também tem saldo positivo, com ganhos de 0,21% no mês.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Fala sobre ICMS ofusca EUA

Os comentários de Bolsonaro sobre o ICMS acabaram ofuscando os dados de inflação de julho nos Estados Unidos, que mostraram desaceleração da alta nos preços — atendendo às expectativas do mercado.

Segundo o Departamento do Trabalho, o índice de preços ao consumidor nos EUA subiu 0,5% no mês passado, após alta de 0,9% em junho.

"O número não surtiu efeito negativo [sobre o mercado de câmbio], o que teria acontecido caso viesse acima do esperado", explicou à Reuters Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos, ressaltando que uma inflação mais alta do que as projeções aprofundaria receios sobre redução de estímulos nos EUA.

Política fiscal preocupa

Outra preocupação no ambiente local é a política fiscal, segundo Carlos Duarte, da Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros). Sob os holofotes, está o esforço recente do governo para alterar a dinâmica do pagamento de precatórios diante das limitações do teto de gastos, que "cheira como pedalada fiscal" para os investidores estrangeiros, explicou.

Ontem à noite, o Tesouro Nacional informou que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que prevê o parcelamento do pagamento dos precatórios também traz mudanças à chamada regra de ouro, permitindo que o governo obtenha uma autorização antecipada do Congresso para cobrir despesas correntes — como pagamentos de salários e aposentadorias — com receitas de operações de crédito.

Atualmente, a Constituição prevê que as operações de crédito da União só podem superar as despesas de capital em um mesmo exercício se o governo obtiver uma autorização expressa do Congresso, com a aprovação dos chamados créditos suplementares, o que demanda maioria absoluta de votos.

Como, ao longo dos últimos anos, a União vem apresentando déficits sucessivos nas contas primárias, o governo tem sido obrigado a recorrer regularmente ao Congresso para obter os créditos suplementares.

A PEC visa aprimorar e agilizar o procedimento atual, que provoca morosidade ao estabelecer a necessidade de submeter a aprovação posterior pelo Congresso Nacional, por maioria absoluta dos votos, de crédito adicional para despesas que já haviam sido aprovadas anteriormente pelos congressistas, durante a tramitação do projeto de lei orçamentária.

Fonte: UOL com Reuters