Economia

Bolsa cai 1,32% na semana, em meio a risco fiscal; dólar sobe a R$ 5,245





Após três quedas consecutivas, o Ibovespa fechou o dia em alta de 0,41%, aos 121.193,75 pontos, puxado pela divulgação de balanços empresariais positivos. Mesmo com os ganhos de hoje, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3) termina a semana em queda acumulada de 1,32%, em meio às preocupações do mercado com o cenário fiscal do país.

Já o dólar caiu 0,22% na sessão, encerrando a sexta-feira cotado a R$ 5,245 na venda e interrompendo uma sequência de duas altas. Na semana, porém, a moeda americana registrou ganhos de 0,17% frente ao real.

anto o Ibovespa quanto o dólar acumulam alta em 2021: o indicador, de 1,83%; a moeda, de 1,09%.

Vale lembrar que o valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Ruído fiscal

A semana negativa para o Ibovespa é reflexo do momento agitado em Brasília, em meio a constantes ataques do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao Judiciário e ao sistema eleitoral. O cenário fiscal também é motivo de ansiedade, principalmente depois que o governo sinalizou uma mudança na dinâmica de pagamento de precatórios — dívidas da União decorrentes de decisões judiciais definitivas.

"A volatilidade política geralmente não faz tanto preço nos ativos, mas acho que está tão intensa que, agora, faz: não deixa o real se valorizar e mantém nossa Bolsa descolada das outras", disse à Reuters Marcos Weigt, chefe de tesouraria do Travelex Bank.

Pior que uma notícia ruim é a incerteza; uma notícia ruim você precifica e ponto.Marcos Weigt, do Travelex Bank

No início do mês, o economista e ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, criticou a proposta de mudança no pagamento de precatórios. Em entrevista a O Estado de S. Paulo, ele chamou a medida de "calote" e disse que o objetivo é "nitidamente eleitoral", visando à reeleição de Bolsonaro em 2022.

Nem EUA conseguem ajudar

Os riscos políticos e fiscais no Brasil também seguram uma queda mais expressiva do dólar, mesmo com o exterior favorável para tanto, segundo explicou à Reuters Lucas Schroeder, diretor de operações da Câmbio Curitiba.

A confiança do consumidor dos Estados Unidos caiu drasticamente no início de agosto, chegando ao seu patamar mais baixo em uma década. A leitura negativa ajuda a aliviar temores de que um superaquecimento da economia levaria, em breve, à redução de estímulos pelo Fed (Federal Reserve, o Banco Central americano).

Paralelamente, os preços ao produtor nos EUA aumentaram mais do que o esperado em julho. O dado sugere que a inflação no país pode continuar alta, uma vez que a forte demanda segue prejudicando as cadeias de abastecimento, o que intensifica o debate no Fed sobre possíveis mudanças na política monetária.

Uma eventual alta nos juros (hoje próximos a zero) para conter a inflação deve atrair capital estrangeiro para os EUA, o que pode levar à valorização do dólar frente ao real. Se as taxas continuarem baixas, a tendência se inverte, com o mercado passando a procurar investimentos em países de juro mais alto — como o Brasil.

Fonte: UOL com Reuters