Política

CPI da Pandemia aprova convocação de advogada da família Bolsonaro





A CPI da Pandemia aprovou nesta terça-feira (31) a convocação da advogada Karina Kufa, que defende membros da família Bolsonaro.

O requerimento, apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), prevê que Kufa conceda explicações sobre “um jantar em sua residência onde Marconny Faria foi apresentado a [José] Ricardo Santana, depoente que se revelou como uma espécie de consultor informal do Ministério da Saúde”.

Marconny Faria é apontado pela comissão como um “lobista” que tentaria privilegiar a Precisa Medicamentos junto a pasta. Já José Ricardo Santana, que depôs na CPI na última semana, também teria trabalhado com o Ministério na intermediação de negócios da Precisa.

“O depoimento da advogada Karina Kufa é de extrema importância para os trabalhos desta CPI, uma vez que pode esclarecer sua participação e de outros personagens do seu círculo de amizades nas negociações envolvendo contratos com o Ministério da Saúde”, acrescentou o senador.

Randolfe destacou que a convocação não se dava pelo trabalho de Kufa junto a Jair Bolsonaro (sem partido) e Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), dois membros da família com quem ela já atuou.

“Não estamos convocando Karina Kufa por ser advogada do presidente, e sim pelos diálogos que ela teve com vários lobistas que estão sendo investigados nessa CPI”, declarou.

Na mesma sessão, os senadores também aprovaram uma reconvocação do motoboy Ivanildo Gonçalves, que não foi depor nesta terça (31) após decisão do ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, e a quebra de sigilos da empresa VTCLog – onde ele atuava.

Aziz recorre de decisão de Nunes Marques para CPI ouvir motoboy

O presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), disse nesta 3ª feira (31.ago.2021) que recorrerá de decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Kássio Nunes Marques que liberou o motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva de comparecer ao colegiado para depor.

Relatório do Coaf (Comitê de Controle de Atividades Financeiras) apontou que Ivanildo sacou e depositou R$ 4.743.693 de um total de R$ 117 milhões em movimentações atípicas da VTCLOG detectadas pelo órgão.

Senadores da CPI suspeitam que o dinheiro em espécie que o motoboy teria, segundo o Coaf, movimentado para a VTCLOG pudesse servir ao pagamento de propinas.

“Respeitamos todas as decisões que o Supremo ou qualquer Instância da justiça brasileira tem tomado em relação à CPI da Pandemia. Mas temos o direito de recorrer, ontem mesmo entramos com agravo pedindo ao ministro caso ele não julgue para que leve à turma esse agravo que nós fizemos”, disse. 

Depois da decisão do ministro, a CPI decidiu convocar a diretora-executivo da empresa, Andréia Lima, que também não compareceu. Esta alegou que foi convocada tardiamente e tinha tarefas inadiáveis nesta 3ª feira (31.ago).

“A CPI não vai tomar nenhuma atitude, diferente do presidente Bolsonaro, que quando é contrariado numa decisão judicial, ele entra com impeachment contra ministros. Aqui, senador Renan Calheiros, nós respeitamos as decisões e quero tranquilizar que nós não vamos entrar com nenhum pedido de impeachment contra ministro por decisões contrárias”, ironizou Aziz.

O senador declarou que não cabe a decisão porque Ivanildo não é investigado pela comissão, é uma testemunha. Ele questionou também a defesa do motoboy ser um grande escritório de advocacia do país.

“Se uma simples testemunha movimentou um dos maiores escritórios do Brasil para defender o Ivanildo é porque alguma coisa está errada. Porque o Ivanildo ele não tem condições de pagar esse escritório que assinou essa petição.”

Fonte: CNN Brasil - Poder360