Política

Febraban matém apoio a manifesto e diz que respeita posição de bancos públicos





Em nova nota divulgada a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) reafirmou o apoio ao manifesto "A praça é dos três poderes". O texto tem gerado tensão entre integrantes do mundo econômico e do governo desde o início da semana quando, apesar de não ter sido divulgado oficialmente, teve uma versão vazada. O ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a comentar o assunto afirmando que o documento foi mudado para trazer críticas ao governo. Como forma de desagravo, os bancos públicos - Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil - ameaçaram deixar a federação.

Na nota desta quinta, a federação assume ter tomado a dianteira do processo de coleta de assinaturas do documento que, ressalta, foi redigido por “mais de 200 entidades”. Ainda nela, a Febraban afirma respeitar eventuais posições tomadas pelos bancos públicos “que se posicionaram contrariamente à assinatura do manifesto”. 

Também nesta quinta, o presidente do Banco do Brasil indicou que a instituição voltou atrás e permanecerá membro da Febraban. Por comunicado disse que esta era “uma saída honrosa para os 2 lados”, e que o manifesto foi "fruto de discussões respeitosas entre as partes e da busca constante pelo diálogo existente entre os membros da Febraban". Pedro Guimarães, presidente da Caixa, ainda não se manifestou.

Leia a íntegra da nota divulgada pela Febraban nesta quinta:

"A Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) reafirma o apoio emprestado ao manifesto "A Praça é dos Três Poderes", cuja adesão se deu, desde o início, dentro de um contexto plurifederativo de entidades representativas do setor produtivo e cuja única finalidade é defender a harmonia do ambiente institucional no país.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) assumiu a coordenação do processo de coleta de assinaturas e se responsabilizou pela publicação, conforme e-mail dirigido a mais de 200 entidades no último dia 27 de agosto.

A FEBRABAN considera que o conteúdo do manifesto, aprovado por sua governança própria, foi amplamente divulgado pela mídia do país, cumprindo sua finalidade. A Federação manifesta respeito pela opção do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que se posicionaram contrariamente à assinatura do manifesto.

Diante disso, a FEBRABAN avalia que, no seu âmbito, o assunto está encerrado e com isso não ficará mais vinculada às decisões da FIESP, que, sem consultar as demais entidades, resolveu adiar sem data a publicação do manifesto.

A FEBRABAN confirma seu apoio ao conteúdo do texto que aprovou, já de amplo conhecimento público, cumprindo assim o seu papel ao se juntar aos demais setores produtivos do Brasil num pedido de equilíbrio e serenidade, elementos basilares de uma democracia sólida e vigorosa."

O texto trazia pedidos de paz e diálogo entre os poderes, em uma referência aos recentes ataques entre Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF). A divulgação do manifesto antes dos protestos  previstos para 7 de setembro foi a contragosto de Paulo Skaf, presidente da Fiesp e aliado do governo, e prontamente os bancos públicos ameaçaram deixar suas cadeiras no bloco.

Caixa e Banco do Brasil decidem permanecer na Febraban

O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal não devem romper com a Febraban. A tensão havia sido iniciada depois que o sindicato apoiou o conteúdo do manifesto “A Praça é dos Três Poderes”. O texto pedia o diálogo entre os Poderes, em uma referência indireta e crítica ao atual confronto entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o STF (Supremo Tribunal Federal). Nesta 5ª feira (2.set.2021), a Febraban reiterou o apoio à carta.

Esse comunicado é uma saída honrosa para os 2 lados”, disse o presidente do BB, Fausto de Andrade Ribeiro, para quem o texto foi “fruto de discussões respeitosas entre as partes e da busca constante pelo diálogo existente entre os membros da Febraban”.

Fausto completa: “O comunicado respeita a governança da entidade, quando da aprovação da adesão, no entanto deixa claro a descontinuidade dessa adesão dado que o mesmo, além de ter cumprido sua finalidade, teve interpretações diversas daquela pretendida inicialmente. Em suma, não terá o selo da Febraban em eventual publicação por parte da Fiesp. A decisão respeita os 2 lados dessa questão. Foi [uma decisão] boa e sensata por parte daquela entidade”.

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, não se manifestou.

Em suma, o argumento interno no governo é o de que a carta desta 5ª feira da Febraban é aceitável porque o manifesto “A Praça é dos Três Poderes” nunca foi publicado de fato.

Poder360 apurou, entretanto, que vários ministros atuaram para que a beligerância entre Caixa/BB e Febraban fosse reduzida. No fundo, trata-se de uma vitória política do sindicato dos bancos e uma derrota para os 2 bancos oficiais.

Há uma preocupação grande no governo para que seja reduzida a tensão entre o Planalto e o mercado. Muitos consideram o episódio do manifesto Fiesp/Febraban ruim para o Jair Bolsonaro. O presidente chegou a pensar em divulgar uma nota contra o sindicato dos bancos, mas foi demovido dessa ideia por assessores.

Depois de Lula, Bolsonaro vai ao Nordeste sob novas denúncias de rachadinha

O presidente desembarca nesta sexta-feira (3) na Bahia e em Pernambuco depois do périplo que na semana passada fez pelo Nordeste o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal adversário na disputa eleitoral do ano que vem. E desembarca pressionado por grave reforço na denúncia de que sua família abusou do esquema de rachadinha, o expediente no qual o político fica com parte do salário de seus funcionários.

As suspeitas do uso desses esquemas fustigam a família. O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) responde a investigação pela existência do esquema no seu gabinete quando era deputado estadual no Rio de Janeiro. Por conta dele, seu ex-assessor Fabrício Queiroz chegou a ser preso. Mais recentemente, iniciou-se investigação também no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos).

A nova denúncia foi publicada pelo colunista Guilherme Amado, do site Metrópoles. Segundo o site, Marcelo Luiz Nogueira dos Santos, ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, contou que era obrigado a devolver mensalmente 80% do seu salário. Segundo Marcelo, ele também tinha que devolver integralmente o 13º salário, o que recebia de férias, auxílio-alimentação e até a restituição do imposto de renda.

De acordo com o ex-assessor, ele precisava entregar a quantia em dinheiro vivo à advogada Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro e mãe do filho 04 do presidente, Jair Renan.

 Fonte: Congresso em Foco - Poder360