Política

'Nunca serei preso': Bolsonaro ataca Judiciário e questiona eleições em discurso na Paulista





Após atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) em discurso em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro fez um breve pronunciamento a militantes pró-governo na avenida Paulista nesta terça-feira (07/09) e elevou o tom de críticas ao Judiciário. 

Voltando a questionar as eleições e disse que não pode "participar de uma farsa como essa patrocinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)". 

O presidente voltou a bater na tecla do voto impresso (que foi rejeitado pelo Congresso) e disse que "só Deus" o tira do poder. 

"Só saio preso, morto ou com vitória", afirmou o presidente. "Quero dizer aos canalhas que eu nunca serei preso."

Homens seguram bandeira onde está escrito 'intervenção militar'

EPA

Militantes de direita pedem intervenção militar na av. Paulista

O presidente chegou por volta das 14h em São Paulo, após participar de atos também em Brasília. 

"A paciência do nosso povo já se esgotou! Nós acreditamos e queremos a democracia! A alma da democracia é o voto! E não podemos admitir um sistema eleitoral que não oferece segurança", afirmou. 

"Não é uma pessoa no Tribunal Superior Eleitoral que vai dizer que esse processo é seguro, usando a sua caneta desmonetizar páginas que criticam esse sistema de votação", disse ele, em referência a decisões da Justiça contrárias a sites que espalharam notícias falsas. 

"Não podemos ter eleições em que pairem dúvidas", afirmou. 

O presidente fez críticas ao ministro do STF Alexandre de Moraes, dizendo que não vai mais admitir ou obedecer ordens como as dele. Também fez críticas ao ministro Luis Roberto Barroso, que não foi nomeado, mas citado como "presidente do TSE". 

Nos últimos dias, Bolsonaro tem concentrado seus ataques ao STF ao ministro Alexandre de Moraes, que é relator do caso sobre a divulgação de notícias falsas sobre a eleição - conhecido como "inquérito das fake news". 

Por causa de ataques de Bolsonaro à urna eletrônica e ao sistema eleitoral, Moraes determinou a inclusão do presidente na investigação, a pedido do TSE. Bolsonaro chegou a enviar pedido de impeachment de Moraes ao Senado, onde o pedido foi rejeitado. 

 

Militantes na Paulista 

 

As manifestações de militantes bolsonaristas neste domingo foram organizadas em um momento em que o presidente enfrenta queda de popularidade, aumento da rejeição e inúmeras crises em seu governo - como alto desemprego, inflação, pandemia, e crise hídrica e energética. 

Com pedidos de intervenção militar e ataques ao STF, a avenida Paulista, em São Paulo, concentrou os manifestantes, que vieram em caravanas de diversos locais do país. Outras cidades, como Brasília, também tiveram movimentação bolsonarista, mas em números menores. 

 

Cúpula do Judiciário vê ameaças de Bolsonaro como “declaração de guerra”

Integrantes da cúpula do Poder Judiciário viram na declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que vai descumprir ordens que venham do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), uma “declaração de guerra”.

O presidente também fez ataques ao ministro Luís Roberto Barroso, que, além de integrar o STF é presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e ao ministro Luís Felipe Salomão, corregedor da corte eleitoral e ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Para integrantes de cortes superiores, Bolsonaro centralizou as críticas em Moraes, mas deixou claro que trava uma queda de braço com o Judiciário como um todo. O momento, grave, admitem, exige mais do que nota de repúdio. Pede ação tangível, dizem.

Os ministros do Supremo têm conversado durante todo o dia. Não está decidido se vai haver manifestação do presidente do Supremo, Luiz Fux, após a fala de Bolsonaro.

 

 
Fonte: BBC News Brasil - CNN Brasil