Política

Diretor da Prevent Senior sinaliza que não vai hoje à CPI da Covid





O diretor-executivo da operadora de Saúde Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, sinalizou hoje que não vai comparecer ao Senado Federal para prestar depoimento à CPI da Covid. O posicionamento foi comunicado pelos advogados da testemunha à cúpula do colegiado. Parlamentares se reúnem nesta manhã para decidir o que fazer.

Segundo Humberto Costa (PT-PE), uma das alternativas seria recorrer à Justiça para pleitear uma ordem de condução coercitiva —ou seja, quando o depoente pode ser levado à força ao local do interrogatório. "Não há justificativa para que ele não venha hoje", comentou o senador.

"Nossa expectativa é que ele venha. Este é um dos depoimentos mais importantes da CPI e a minha expectativa é que se ele aqui não comparecer nós venhamos a determinar a sua vinda compulsoriamente sob vara. Ou seja, vamos recorrer ao poder Judiciário para que garanta a obrigatoriedade da presença dele aqui, se de fato for confirmada essa não vinda no dia de hoje."

Caso o executivo, de fato, não compareça à audiência de hoje, os senadores devem aproveitar a reunião para discutir e votar eventuais requerimentos.

Segundo informações do do jornalista Valdo Cruz, da Globo News, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), informou que a justificativa da defesa de Batista Júnior é de que ele não teria sido notificado da convocação a tempo de viajar a Brasília.

Costa contestou a versão de que o depoente teria sido avisado em cima da hora. "Na verdade, tanto é real que eles tinham conhecimento da convocação que eles recorreram ao Supremo para terem o direito de ficarem em silêncio, de não produzirem nenhum tipo de autoincriminação."

Pedro Júnior obteve no STF (Supremo Tribunal Federal) o direito de ficar em silêncio em resposta a perguntas que possam incriminá-lo. O ministro da corte Ricardo Lewandovski, porém, não o dispensou de comparecer à comissão. Ele irá à CPI na condição de testemunha, o que implica assinar termo de compromisso de falar a verdade.

A CPI convocou Batista Júnior para que, entre outros assuntos, ele explique a suposta pressão da empresa pelo uso do chamado "kit covid" em pacientes com coronavírus.

O kit é composto por medicamentos, como cloroquina, azitromicina e ivermectina, ineficazes contra a covid-19. O uso desses remédios foi estimulado de forma indiscriminada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao longo da pandemia, na contramão do que orienta a OMS (Organização Mundial da Saúde).

De acordo com Costa, autor do requerimento de convocação, a CPI recebeu denúncia de que a Prevent Senior teria pressionado profissionais e pacientes a utilizar remédios do "kit covid". A empresa estaria, segundo o petista, promovendo ainda tratamentos experimentais sem o consentimento de pacientes.

"Recebi aqui uma correspondência, que é cópia de um processo que está sendo movido por um grupo de profissionais médicos ligados à rede Prevent Sênior, em que formalizaram uma denúncia contra essa instituição, por conta da política de coerção que foi assumida por essa direção em termos de orientações aos profissionais médicos, para adotarem aquelas orientações do chamado tratamento precoce. Inclusive, aqueles que, em algum momento, se recusaram a implementar essas medidas foram demitidos", disse Costa na CPI em 26 de agosto.

O Ministério Público de São Paulo abriu investigação sobre o caso.

Fonte: UOL