Política

Bolsonaro: Covid só encurtou vidas de vítimas em alguns dias ou algumas semanas





Presidente referia-se a pessoas com comorbidade que morreram após se contaminar com o coronavírus

Em entrevista a alemães de extrema direita, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, no início deste mês, que a Covid-19 apenas encurtou a vida das vítimas “por alguns dias ou algumas semanas”.

“Muitas [vítimas] tinham alguma comorbidade, então a Covid apenas encurtou a vida delas por alguns dias ou algumas semanas”, disse Bolsonaro.

O presidente concedeu a entrevista em 8 de setembro. A conversa foi publicada no canal do Youtube dos entrevistadores antivacina Markus Haintz e Vicky Richter na última segunda-feira (20/9).

Na entrevista, Bolsonaro ainda afirmou que o total de mortes provocadas pelo vírus no país foi “superdimensionado”. “Uma pessoa na UTI por Covid custa R$ 2.000 por dia. Uma pessoa numa UTI com outras doenças custa R$ 1.000. Então, quando uma pessoa mais humilde vai no hospital, ela é levada para a UTI porque os hospitais vão ganhar mais dinheiro, tem uma supernotificação. Isso aconteceu. O número de mortes no Brasil foi superdimensionado”, disse.

Em outro momento da conversa, o chefe do Executivo brasileiro voltou a criticar as medidas sanitárias de enfrentamento da doença. “Eu disse para as pessoas não terem medo, que enfrentassem o vírus”, declarou. O mandatário reiterou o posicionamento contra a vacinação obrigatória, alegando que “a liberdade é mais importante que a vida.”

O presidente também criticou a TV Globo, sob o argumento de que é “perseguido” pela emissora, e defendeu o armamento da população.

Por fim, o mandatário da República citou seu bisavô alemão, Carl Hintze, a quem já descreveu, em outras ocasiões, como “soldado do nazismo”. A informação, no entanto, é contestada por historiadores, que alegam que Hintze vivia em Campinas em 1926 e colaborava com um jornal antirracista.

- Presidente destaca, na ONU, ações do Brasil na transição

Após discursar na Assembleia Geral da Organizações das Nações Unidas (ONU) no início da semana, o presidente Jair Bolsonaro voltou a participar, nesta sexta-feira (24), de um evento multilateral. Em vídeo gravado, o presidente participou do Diálogo de Alto Nível sobre Energia. O evento foi convocado pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, para tratar exclusivamente do tema geração de energia com vistas à redução das emissões de carbono e cumprimento do Acordo de Paris sobre o clima.

Em pronunciamento que durou pouco mais de 5 minutos, Jair Bolsonaro lembrou que a matriz energética da maioria dos países, baseada majoritariamente em fontes fósseis, é a principal responsável pela mudança do clima que vivemos hoje, e destacou o protagonismo do Brasil na geração de energia por meio de fontes renováveis. 

"O Brasil tem, de longe, a matriz energética mais limpa dentre as grandes economias do mundo. Mais de 47% da nossa matriz energética, e mais de 80% da nossa matriz elétrica, são renováveis. Somos exemplos de transição energética, processo que, no Brasil, teve início nos anos 1970".

Em janeiro deste ano, quando a ONU lançou o Diálogo de Alto Nível sobre Energia, o Brasil foi selecionado como país líder no tema da transição energética, um dos eixos centrais da iniciativa. Segundo Bolsonaro, ao longo desse período de interlocução multilateral, o Brasil estabeleceu "intensa interação" com parceiros e participou ativamente dos trabalhos técnicos.

"Na transição energética global, para a qual temos dado contribuição significativa como país, não há receita única. Todas as fontes de energia limpa e todas as tecnologias disponíveis, terão papel importante na transição", enfatizou o presidente.

Bolsonaro ainda destacou ações do Brasil para conter as mudanças climáticas e a emissão de carbono na atmosfera.

"Por meio do pacto em biocombustíveis, assumimos o compromisso de reduzir, voluntariamente, 620 milhões de toneladas de emissões de carbono em 10 anos, considerando apenas o setor de combustíveis de transporte".

- Temer conversou com presidente do STF sobre carta de Bolsonaro à nação

À coluna, ex-presidente contou que Luiz Fux avaliou a declaração divulgada por Jair Bolsonaro como algo "bom para o país"

O ex-presidente Michel Temer (MDB) conversou com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, sobre a “declaração à nação” em tom de pacificação divulgada por Jair Bolsonaro em 9 de setembro.

A conversa ocorreu por telefone, na tarde do dia 9, após Temer se reunir com Bolsonaro no Palácio do Planalto para discutir a nota. Na hora da ligação, o atual presidente da República já havia publicado a declaração.

À coluna, Temer confirmou a conversa. Segundo ele, logo que chegou a Brasília no dia 9, ligou para Fux para informar que se encontraria com Bolsonaro. O ministro da Corte, porém, não atendeu naquele momento.

“Deixe recado e ele me retornou quando eu já estava no aeroporto. Ele disse que estava acompanhando a repercussão da carta e que aquilo era muito bom para o país”, contou o ex-presidente à coluna.

Procurado, Fux ainda não respondeu. Como mostrou a coluna, embora tenha elogiado a carta, o presidente do STF quer esperar um tempo para decidir se topa um novo encontro com Bolsonaro.

- Barroso impõe mais uma derrota a Bolsonaro e a evangélicos

Ministro do STF proíbe missões religiosas em terras indígenas. Decisão atende pedido do PT e da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta quinta-feira, 23, que missões religiosas não podem entrar em terras de povos indígenas isolados. A decisão do ministro atende, de forma parcial, pedido feito pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

“Defiro parcialmente a cautelar para explicitar o impedimento de ingressos de missões religiosas em terras indígenas de povos isolados, com base em seu direito à vida e à saúde, conforme decisão já proferida na ADPF 709”, escreveu o ministro em sua decisão.

O ministro esclareceu que sua decisão vale apenas para missões novas que já não estivessem presentes nos locais. “A urgência manifestada pelos requerentes, em sede cautelar, tem estrita relação com o risco de contágio e, nesse sentido, parece se relacionar mais imediatamente com o ingresso de novas missões religiosas, e não com a sua permanência, uma vez que, se elas já se encontravam em tais áreas, já tiveram contato com indígenas e o dano que poderia ter ocorrido, ao que tudo indica, não se consumou”.

A decisão de Barroso é um forte revés para Bolsonaro. Além de dar razão ao PT, o ministro aplicou a lei para proteger os povos indígenas, contrariando tanto Bolsonaro quanto seu governo, que insiste em medidas que prejudicam e expõem os indígenas ao risco de morte.

Isso também é uma derrota para a bancada evangélica e suas missões, base de apoio do atual governo, que insistem em avançar sobre esses territórios com o intuito de evangelizar os indígenas, como se eles não pudessem ter a tradição religiosa deles.

“Eu sei ser milico, não sei ser político”, diz Mourão

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), disse nesta 6ª feira (24.set.2021) que decidirá seu futuro político em março do ano que vem. Afirmou ser “milico” e que “não sabe ser político”, ao comentar fala do presidente Jair Bolsonaro à revista Veja.

Em entrevista à revista, Bolsonaro declarou que a “porteira” não está fechada para Mourão, em referência a uma possível chapa em 2022. O chefe do Executivo disse, no entanto, afirmou que o vice não tem “vivência política”, mas que seria um bom senador.

“Lógico, eu sei ser milico. Não sei ser político”, disse Mourão nesta manhã, na chegada ao Palácio do Planalto. O vice-presidente é general da reserva do Exército Brasileiro. Ele disse estar “satisfeito” com o comentário de Bolsonaro sobre ter uma vaga no Senado.

Mourão negou ter conversado com o presidente sobre pretensões políticas para o ano que vem, mas disse estar à disposição caso Bolsonaro queira repetir a chapa vitoriosa de 2018. “Tem tempo ainda. Vamos com calma. Se ele[Bolsonaro] precisar de mim, ele sabe que conta comigo. Minha decisão será tomada em março”, declarou.

O vice-presidente também descartou concorrer ao governo do Rio de Janeiro. Afirmou estar velhinho” para assumir a gestão do Estado. É complicado. Eu já sou velhinho, cara. […] Se fosse mais novo e tivesse uma equipe extremamente qualificada para levar junto…”, disse.

[O Rio] tem um histórico, então, não adianta você só dar uma afastada na espuma que está em cima da água, você tem que mergulhar fundo. Não é simples a coisa. Tem que ter alguém que realmente tenha o vigor, a capacidade. Para mim [é tarde]. Ano que vem já vou fazer 69 anos, né? A carcaça pesa”, afirmou.

Fonte: CNN Brasil - Agência Brasil - Metrópoles - VEJA