Política

Estarrecedor, diz Bolsonaro sobre demissão de Alexandre Garcia





O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) comentou nesta 2ª feira (27.set.2021), durante evento na Caixa Federal, a demissão do jornalista Alexandre Garcia da CNN Brasil. Ele foi desligado da emissora por reiterar a defesa do tratamento precoce contra covid-19 com o uso de medicamentos sem eficácia comprovada.

“Assistimos na semana passado algo estarrecedor. Uma grande rede de televisão num quadro conhecido como liberdade de opinião um famoso jornalista foi demitido por sua opinião. Não tem coisa mais absurda do que isso. Para onde estamos caminhando?”, disse Bolsonaro.

CNN Brasil afirmou, em nota, que “reforça seu compromisso com os fatos e a pluralidade de opiniões”, mas afirmou que respeita a ciência. Durante a participação de Alexandre Garcia “Liberdade de Opinião”, dentro do jornal “Novo Dia”, na última 6ª feira (24.set.2021), ele disse que remédios sem eficácia comprovada teriam salvo milhares de vidas.

“Essa questão de eficácia comprovada a gente só vai saber daqui uns 3 anos, agora tudo é experimental. E enquanto tudo é experimental, só o tempo dirá. Não existe teste de laboratório que supere e teste no ser humano. Então o ser humano está sendo testado numa nova doença, num novo tratamento, numa nova vacina, e nós só vamos saber disso daqui uns 3 anos”, afirmou Garcia.

Ao final da participação do jornalista, a âncora do programa, Elisa Veeck, disse que não existe tratamento precoce comprovado cientificamente contra a doença. “A CNN ressalta que não existe um tratamento precoce comprovado cientificamente para prevenir a covid-19. O que a ciência mostra é que a prevenção com uso de máscara e a vacinação são as únicas maneiras de combater a pandemia”, disse a âncora.

- Mil dias de governo: Bolsonaro faz aceno à economia e se esquiva da pandemia

Com agenda em todo país durante a semana, o presidente pretende comemorar o tempo no Executivo. Em evento no Palácio do Planalto, criticou governos anteriores, afirmou que reduziu a corrupção no Brasil e rechaçou medidas para incentivar a vacina contra a covid-19

Preocupado com as próximas eleições, o presidente Jair Bolsonaro fez um aceno à economia, durante as comemorações de mil dias no governo. Omandatário recebeu ministros, parlamentares e autoridades no Palácio do Planalto para um evento de divulgação de seus feitos na política, na manhã desta segunda-feira (27/9). Com a popularidade despencando, o presidente acredita que este é o momento da virada para garantir a reeleição em 2022. A estratégia do Executivo é ressaltar que a economia brasileira se sobressaiu, mesmo diante da pandemia.

O presidente afirmou que não trocará Paulo Guedes e que não vai interferir na política de preços da Petrobras. Em discurso, Bolsonaro também tentou se desvincular de outros problemas do governo como a crise hídrica, a alta da inflação e do preço dos combustíveis. “Se trocar o Paulo Guedes, tem que trocar por alguém com a política diferente da dele. Senão, é ‘trocar seis por meia dúzia’”, disse.

Bolsonaro também tentou se contrapor ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — que hoje se desenha como o principal adversário de Bolsonaro em 2022 — e afirmou que a corrupção diminuiu durante o tempo em que está à frente da gestão do Brasil. O presidente tenta, novamente, alavancar o antipetismo para garantir um lugar nas próximas eleições. “Eu fora de combate, o que sobra? É isso que queremos para a nossa pátria?”, disse.

Jair Bolsonaro ainda criticou o passaporte sanitário adotado por alguns países para evitar a propagação do novo coronavírus e tentou implantar a ideia de que, talvez, um novo governo possa caminhar para o governo socialista. No entanto, o Brasil nunca viveu esse tipo de um regime. “Se a facada fosse decisiva, é só imaginar quem estaria no meu lugar, o seu perfil e seu alinhamento. Onde nós estaríamos agora? O futuro do nosso Brasil é decidido por quem vocês um dia colocam para pilotar esse grande país. Estamos acompanhando esses debate antecipados de 2022”, disse.

“Não pensem que o que aconteceu certos países não pode acontecer com o Brasil. Quem diria nos anos 90 que a nossa riquíssima Venezuela chegasse a essa situação de hoje em dia?”, disse, tentando comparar os governos anteriores com o atual.

Vacina

Jair Bolsonaro tenta se justificar em relação à pandemia de covid-19. O Congresso Nacional analisa que presidente deva fazer uma autocrítica em relação à gestão da crise sanitária no Brasil; reconhecer que houve um atraso na compra de vacina; e uma campanha massiva em relação à importância da imunização e combate às fake news.

No entanto, para o mandatário, sua gestão tem sido eficiente no enfrentamento ao novo coronavírus. “Não estou contra a vacina. Mas nós respeitamos a liberdade. Por mais que me acusam atos antidemocráticos, ninguém, mais do que eu, respeita o direito de liberdade de outros. A vacina não pode ser obrigatória. Ainda há uma grande incógnita, um prato feito para a imprensa dizer que eu sou negacionista”, disse, rechaçando a possibilidade de implementar mais medidas sanitárias de combate à covid-19.

O presidente Jair Bolsonaro se preparou viajar o Brasil nesta semana a fim de comemorar os mil dias de seu governo. O objetivo dele é atrair todas as atenções possíveis para os feitos de sua administração, além de tentar colar a marca de um gestor que faz por meio da entrega de obras, muitas delas iniciadas em governos anteriores. 

 

No entanto, o presidente terá de dividir os holofotes com o Congresso, onde projetos de interesse do Palácio do Planalto fazem muito ruído, e com o Supremo Tribunal Federal (STF), que decidirá se o chefe do Executivo deverá depor, por escrito ou presencialmente, no processo em que é investigado por suposta interferência indevida na Polícia Federal. No próximo sábado (2/10), está marcada mais uma manifestação contra o governo, que deve reunir representantes da direita e da esquerda.

- Mulher e filha de Eduardo Bolsonaro testam positivo para covid

A mulher de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Heloísa, e a filha do casal testaram positivo para covid-19 após o deputado federal ser diagnosticado com a doença. Ele integrou a comitiva do chefe do Executivo que viajou a Nova York, nos Estados Unidos, para participar da Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas).

Em post nas redes sociais, Heloísa Bolsonaro escreveu que ela e a filha de 11 meses estão bem. "No primeiro dia ficamos mal", disse. Heloísa acrescentou que melhorou após tomar ivermectina, azitromicina e hidroxicloroquina —os medicamentos não têm eficácia comprovada contra a covid-19, mas são defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Segundo autoridades de saúde, as medidas mais efetivas são a vacina, o distanciamento social e o uso de álcool em gel. Em nota publicada em julho do ano passado e atualizada em abril, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) afirmou que não há estudos conclusivos que comprovem o uso da ivermectina contra o coronavírus.

Em agosto, a FDA (Agência de Alimentos e Medicamentos) ironizou o uso da ivermectina para o tratamento da covid: "Você não é um cavalo. Você não é uma vaca. Sério, pessoal. Parem com isso". Assim como a Anvisa, a FDA tem o papel de analisar e liberar o uso de medicamentos e vacinas nos Estados Unidos.

É a segunda vez que Heloísa se infecta com a covid. Segundo ela, a filha Geórgia sentiu febre e coriza, mas os sintomas melhoraram.

"Graças a Deus não teve mais febre e está super disposta, se alimentando e brincando", escreveu ela nas redes sociais após ser questionada sobre o estado de saúde da filha. "O tratamento para ela é sintomático. Novalgina para febre, um antialérgico para aliviar a coriza e secreção e bastante lavagem nasal".

Heloísa também disse que ela e Eduardo sentiram muita dor de cabeça, dor no corpo e tiveram coriza, secreção e espirros.

Fonte: Correio Braziliense - Poder360 - UOL