Política

Com Ciro e Haddad, atos pelo Brasil contra Bolsonaro focam inflação e covid





Com faixas atacando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), críticas à condução do combate à pandemia pelo Ministério da Saúde, à alta de preços (principalmente do gás de cozinha) e o reforço de vacinados que foram pela primeira vez às ruas, os atos contra o governo federal e pelo impeachment do presidente da República ocorreram desde a manhã de hoje nas principais capitais.

A maior concentração pela manhã ocorreu no Rio de Janeiro. Em São Paulo, os manifestantes se concentram na região do Masp, na avenida Paulista —o ato acontece à tarde.

Os atos tiveram, até o momento, a presença de três candidatos derrotados à Presidência: Ciro Gomes (PDT) —que foi ao ato no Rio e em São Paulo—, Guilherme Boulos (PSOL) e Fernando Haddad (PT), na capital paulista. O pré-candidato ao governo do Rio, Marcelo Freixo (PSB), também foi ao ato em São Paulo e posou para fotos com o petista.

Haddad afirmou que a luta pela democracia deve estar acima de rusgas entre políticos. "Nós estamos aqui em nome de uma causa suprapartidária. Se formos nos deixar levar por isso, vamos perder uma causa maior, que é a luta pela justiça e pela democracia. E hoje não temos no Brasil nem justiça nem democracia", afirmou.

Membros do PSDB de São Paulo também participaram do ato. "Não é um problema [estar ao lado de militantes de partidos de outras correntes políticas]. Não estamos aqui para defender candidatos do nosso partido. Estamos aqui contra o Bolsonaro", disse Carolini Gonçalves, presidente do núcleo religioso do PSDB em São Paulo.

Leandro Braga, que também faz parte da sigla, entende que o momento é de união entre partidos tradicionalmente rivais na luta contra o bolsonarismo. "Não é uma decisão de um grupo. É uma frente nacional contra esse governo de abusos e ações contra a saúde pública em meio a uma pandemia", argumentou. "Nesse momento, a união é necessária pela sobrevivência da democracia", completou.

Ato no Rio

Milhares de pessoas participaram do ato na capital fluminense. Estiveram presentes FUP (Federação Única dos Petroleiros), CUT (Central Única dos Trabalhadores), SinproRio (Sindicatos dos Professores do Rio) e partidos políticos como PT, PDT, PSOL e PCO. As camisas do Partido dos Trabalhadores dominam o tom do protesto "Fora Bolsonaro", com forte presença do PSOL.

Presente no ato, o presidenciável Ciro Gomes (PDT) defendeu o impeachment de Bolsonaro e uma frente ampla da esquerda.

"Precisamos tirar Arthur Lira da inércia criminosa. Isso só vai acontecer com a luta do nosso povo organizado, deixando de fora as diferenças para protegermos a democracia e a liberdade do nosso povo. É por isso que estou aqui de peito aberto", disse ele no palco montado na Cinelândia, no centro do Rio.

A PM não estimou o número de manifestantes no Rio. A avenida Rio Branco chegou a ter quatro quarteirões ocupados.

Além de receber integrantes de centrais sindicais e partidos políticos, o protesto, que aconteceu na manhã de hoje na Candelária, no centro do Rio, contou com o reforço de pessoas que estão saindo de casa pela primeira vez, após receberam as duas doses da vacina contra a covid-19. É o caso do professor da Fatec, Antonio Carlos Borges Campos, 56, que participa pela primeira vez de um ato contra o presidente durante a pandemia.

"Eu me resguardei até agora e estou vindo ao primeiro protesto. Não é 100% seguro, mas me parece que já está na hora. Esse é o momento de fazer florescer a esperança que parece o fundamental. Nossa faixa é em homenagem a Paulo Freire que a gente tem como um semeador de esperança. A educação é a saída e a entrada".

Vacinado com três doses contra a covid-19, o casal Helena Martins, 86, e Eunicio Cavalcante, 88, também aderem ao ato deste sábado contra o presidente.

"A luta é minha razão de viver. Eu vivo para lutar por um mundo melhor, por uma sociedade mais humana, menos desigual. Agora com a vacina, estamos no fora Bolsonaro", disse o aposentado que trouxe para o ato cadeiras de praia para aguentar o protesto até o final.

No Recife e em Belém, os manifestantes se concentram para os protestos na região centrais dessas capitais. A adesão ainda é baixa.

Belém - MARX VASCONCELOS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - MARX VASCONCELOS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Manifestante segura bandeira brasileira em ato contra Bolsonaro em Belém
Imagem: MARX VASCONCELOS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Em Maceió, os manifestantes pediram "mais Paulo Freire", na manhã de hoje. As pessoas começaram a se concentrar por volta das 10h, na praça do Centenário, no bairro do Farol, e seguem em direção às ruas do centro da capital alagoana.

Integrantes da manifestação em Fortaleza criticaram a alta do preço do gás de cozinha, de alimentos e cobraram o impeachment do presidente. A manifestação começou na praça da Bandeira, na manhã de hoje, e segue pela área central da capital.

Em Florianópolis, a concentração do ato iniciou no começo da tarde de hoje na praça da Alfândega, no centro da cidade. Os manifestantes carregavam bandeiras de partidos políticos e de movimentos sociais. A organização também confeccionou uma grande faixa amarela com a frase "Lula Presidente". Ainda não foram divulgados estimativas de público pela organização ou pela Polícia Militar.

Expectativa para os protestos

Os organizadores da Campanha Nacional Fora Bolsonaro dizem acreditar que será a maior manifestação contra o presidente neste ano. O protesto de caráter nacional está confirmado em 251 cidades brasileiras e em 16 países, segundo informaram fontes ligadas à organização do evento.

Os organizadores reforçam a necessidade de adoção de medidas de segurança contra a pandemia causada pelo coronavírus, com uso de máscara, álcool em gel e distanciamento social.

Fonte: UOL