Cultura

Papa Francisco fala da derrota do diabo no fim do mundo





O papa Francisco descreveu como será a batalha final entre o exército de anjos, comandado pelo arcanjo são Miguel, e o diabo, conforme narrado no livro do Apocalipse.

O Santo Padre disse que São Miguel estará “com a espada, matando o demônio, matando a besta. Assim será o fim do mundo: quando ocorrerá a vitória definitiva de Deus sobre o mal e ele estará guiando o exército de anjos nessa luta final”.

Na homilia pronunciada no sábado, 2 de outubro, na missa que celebrou na Gruta de Lourdes nos Jardins do Vaticano para o Corpo da Gendarmaria do Vaticano o papa se perguntou: "Por que as pessoas brigam?".

Francisco disse que Deus realizou a Criação em harmonia: “Tudo é harmonioso, tudo está em equilíbrio, mas em um equilíbrio não matemático: um equilíbrio humano”.

No entanto, “após esta harmonia, onde o homem encontra a mulher e eles são uma só carne, algo acontece: a serpente seduz. E essa harmonia entre homem e mulher é destruída”.

“Sempre há uma serpente, ou seja, o diabo. O diabo sempre age contra o homem por inveja. A destruição da nossa harmonia é obra do diabo”, enfatizou.

Por inveja, a serpente, o diabo, tenta destruir toda a harmonia que existe nas relações humanas e daí surgem “tantas inimizades, tantas guerras que quebram a harmonia. Isso é obra do diabo”.

“Esta é a ‘missão’ do diabo: destruir a harmonia, destruir a beleza que Deus fez para nós. E é por isso que Jesus veio, para dar sua vida para resolver este problema e para vencer o diabo na cruz”.

O pontífice nos convidou a nos perguntar “quantas vezes temos ansiedades, problemas, perdemos o equilíbrio, perdemos a paz, perdemos a harmonia. Quantas vezes as pessoas gritam umas com as outras, nós gritamos e a paz se perde. As pessoas não ouvem as outras e a paz se perde”.

“Quem sempre faz tudo isso?”, continuou o papa: “O diabo. As guerras são obra do diabo, não tenho medo de dizer isso. Talvez alguém diga: ‘Mas isto, padre, é muito antiquado’. Não, é a verdade, e a verdade não é moderna nem antiquada, é a verdade”.

O papa continuou: “O inimigo da natureza humana: esse é o diabo. Por quê? Por causa da inveja. A Bíblia diz que, com o diabo, a inveja entrou no mundo, destruindo-nos, separando-nos uns dos outros”.

“Para nos defender, Deus nos deu os anjos que nos acompanham. E o chefe dos anjos é São Miguel”, que “combate a última batalha contra o diabo”, como se lê no livro do Apocalipse, disse Francisco. São Miguel é o santo patrono da Gendarameria do Vaticano.

O papa convidou a rezar a São Miguel e a meditar diante da imagem do arcanjo derrotando o demônio: “Não podemos esquecer de rezar a ele. E também a esse exército de anjos que tem um chefe valente, que é São Miguel”.

“Em nossa luta de cada dia: todos os dias devemos lutar. Porque hoje não é fácil viver, a vida cristã não é fácil: sempre há dificuldades”. Por isso, Francisco pediu para rezar a São Miguel, para “que vença sempre o diabo, que é a causa das divisões, o que semeia inveja”.

- O Papa: a educação compromete-nos a acolher o outro como ele é, sem julgar ninguém

“Se no passado, mesmo em nome da religião, se discriminaram as minorias étnicas, culturais, políticas e outras, hoje queremos ser defensores da identidade e dignidade de toda a pessoa e ensinar as novas gerações a acolherem a todos sem discriminações. Por conseguinte, a educação compromete-nos a acolher o outro como ele é, não como eu quero que seja, como é e sem julgar nem condenar ninguém”, disse o Papa este 5 de outubro, no Vaticano, no Encontro Religiões e Educação: Pacto Educacional Global

Raimundo de Lima - Vatican News

“Hoje, no Dia Mundial dos Professores instituído pela UNESCO, queremos como Representantes das Religiões manifestar a nossa proximidade e gratidão a todos os professores e, ao mesmo tempo, a nossa solicitude pela educação.”

Foi o que disse o Papa Francisco no discurso esta terça-feira (05/10) na Sala Clementina, no Vaticano, no Encontro “Religiões e Educação: Pacto Educativo Global”. Pela primeira vez, representantes das religiões se encontraram para partilhar seu compromisso em âmbito educacional.

O Santo Padre lembrou que há dois anos – no dia 12 de setembro de 2019 –, dirigiu um apelo a todos aqueles que intervêm, por variados títulos, no campo da educação para “dialogar sobre o modo como estamos construindo o futuro do planeta e sobre a necessidade de investir os talentos de todos”, porque “toda a mudança precisa duma caminhada educativa para fazer amadurecer uma nova solidariedade universal e uma sociedade mais acolhedora”.

Renovar a paixão por uma educação mais aberta e inclusiva

Francisco explicou que, com esta finalidade, promoveu a iniciativa dum Pacto Educativo Global, “para reavivar o compromisso em prol e com as novas gerações, renovando a paixão por uma educação mais aberta e inclusiva, capaz de escuta paciente, diálogo construtivo e mútua compreensão”, convidando todos a “unir esforços numa ampla aliança educativa para formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma humanidade mais fraterna”.

O Pontífice lembrou que o princípio fundamental “conhece-te a ti mesmo” orientou sempre a educação, mas é necessário não descurar outros princípios essenciais: “conhece o teu irmão”, a fim de educar para o acolhimento do outro; “conhece a criação”, a fim de educar para o cuidado da casa comum; e “conhece o Transcendente”, a fim de educar para o grande mistério da vida.

Religiões sempre tiveram relação estreita com a educação

 

“Temos a peito uma formação integral que se resume no conhecer-se a si mesmo, ao próprio irmão, à criação e ao Transcendente. Não podemos esconder às novas gerações as verdades que dão sentido à vida.”

O Papa frisou ainda que as religiões sempre tiveram uma relação estreita com a educação, acompanhando as atividades religiosas com as educativas, escolares e acadêmicas. “Como no passado - acrescentou -, também hoje queremos, com a sabedoria e a humanidade das nossas tradições religiosas, ser estímulo para uma renovada ação educativa que possa fazer crescer no mundo a fraternidade universal.”

Educar as novas gerações para uma convivência pacífica

“Se no passado as diferenças nos puseram em contraposição, hoje vemos nelas a riqueza de caminhos diversos para chegar a Deus e educar as novas gerações para uma convivência pacífica no respeito mútuo.”

Por conseguinte - observou -, “a educação compromete-nos a jamais usar o nome de Deus para justificar a violência e o ódio contra outras tradições religiosas, a condenar toda a forma de fanatismo e fundamentalismo, e a defender o direito de cada um escolher e agir segundo a própria consciência”.

Ensinar novas gerações a acolher a todos sem discriminações

“Se no passado, mesmo em nome da religião, se discriminaram as minorias étnicas, culturais, políticas e outras, hoje queremos ser defensores da identidade e dignidade de toda a pessoa e ensinar as novas gerações a acolherem a todos sem discriminações.”

Por conseguinte, ”a educação compromete-nos a acolher o outro como ele é, não como eu quero que seja, como é e sem julgar nem condenar ninguém.”

Ensinar às novas gerações a serem voz dos que não têm voz

“Se no passado os direitos das mulheres, dos menores e dos mais frágeis nem sempre foram respeitados, hoje comprometemo-nos a defender com firmeza tais direitos e a ensinar às novas gerações a serem voz dos que não têm voz."

Por conseguinte, "a educação insta-nos a rejeitar e denunciar toda a violação da integridade física e moral de cada um.”

Formar as novas gerações para um estilo de vida mais sóbrio

“Se no passado - continuou ainda o Papa Francisco - toleramos a exploração e o saque da nossa casa comum, hoje, mais conscientes do nosso papel de guardiões da criação que nos foi confiada por Deus, queremos ser voz da natureza que clama pela sua sobrevivência e formar as novas gerações para um estilo de vida mais sóbrio e ecossustentável.”

Por conseguinte, concluiu, “a educação compromete-nos a amar a nossa mãe-terra e a evitar o desperdício de alimentos e recursos, bem como a partilhar mais os bens que Deus nos deu para a vida de todos”.

- Zamagni: na Cop26 um fundo para apoiar a transição verde

Um dia após o encontro no Vaticano "Fé e Ciência". Rumo à Cop 26", o presidente da Pontifícia Academia das Ciências Sociais falou sobre a iniciativa, definindo-a "extraordinária" e que, na esteira da Laudato si', pode fornecer indicações importantes.

Benedetta Capelli/Mariangela Jaguraba - Vatican News

Passar das palavras aos fatos. O Papa Francisco já fez este apelo muitas vezes quando falou das mudanças climáticas e suas consequências para as vidas dos mais vulneráveis. Um apelo que ecoou, na segunda-feira (04/10), no encontro importante no Vaticano que reuniu líderes religiosos, estudiosos e jovens comprometidos com a defesa da criação. "Fé e Ciência. Rumo à Cop 26", produziu um apelo destinado ao presidente da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas a ser realizada, em Glasgow, na Escócia, de 31 de outubro a 12 de novembro.

Um apelo exige um compromisso por parte das nações e dos governos para inverter a rota, porque o tempo está se esgotando e para que não se entre um mundo doente às novas gerações. O professor Stefano Zamagni, economista e presidente da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, tomou a palavra durante a iniciativa.

Professor Zamagni, que balanço o senhor faz deste encontro?

Eu diria que reunir na Sala das Bênçãos representantes de todas as principais religiões mundiais - eram 35 - e cientistas, assim como representantes de associações, especialmente associações juvenis, não é algo que acontece com muita frequência. A iniciativa produziu um documento no qual foi reconhecido que a situação se tornou incontrolável, à beira do abismo, e que era necessário começar a passar do "factum" ao "faciendum". Até agora, muita atenção tem sido dedicada a representar o fenômeno da degradação ambiental em todas as suas diversas manifestações, e isto era necessário, mas agora devemos passar a fazer algo diferente porque o risco de cair numa espiral retórica é bastante alto.

As coisas que precisam ser feitas são possíveis, ao nosso alcance, e são aquelas que todos já conhecem, mas sobre as quais ainda não há acordo unânime, pois a "transição verde", a descarbonização, a redução da temperatura..., coloca problemas que são tecnicamente chamados de "transversais". É inevitável que durante esta transição alguns grupos sociais percam, e muito, e outros ganhem. Então aqueles que perderão, se não forem compensados de alguma forma, formarão coalizões no nível político que bloquearão o processo de início da transição. Apresentei a proposta de criação de um fundo internacional cuja função seria receber contribuições daqueles que se beneficiam da transição verde e depois transferi-las para aqueles que serão prejudicados de alguma forma. Se não tivermos coragem de fazer estas coisas, não haverá nada a fazer porque hoje países como China, Austrália, Índia e África do Sul dizem que, sem ajuda específica, não se considerarão comprometidas nesta luta implacável contra a degradação ambiental.

Outra implicação diz respeito ao aspecto cultural, o que significa que estas coisas devem ser explicadas às crianças, desde a escola primária. O nosso estilo de vida ainda é o mesmo das últimas décadas, quando não falávamos sobre o problema do ambiente. Por isso, não basta pensar apenas no âmbito institucional, mas também devemos chegar a um nível individual. Por fim, a terceira linha de ação diz respeito ao sistema financeiro internacional, porque não podemos continuar com um sistema financeiro que vaza de todos os lados. Pensemos, por exemplo, nos paraísos fiscais, que 35 anos atrás não existiam. Então, eu me pergunto: um ato de vontade política não acaba com essa sujeira?

Professor, o senhor disse que é preciso mudar de rumo, como defende o Papa Francisco, também em relação à educação e ao estilo de vida. No apelo há também uma referência muito forte aos líderes religiosos e seu compromisso com a ação climática. Isso significa que houve falhas no passado?

Eu não diria falhas, mas desatenção, o que significa que não foi dada muita atenção à "dualidade", como é chamada, entre as questões ecológicas e as questões sociais. Pensava-se que as duas questões fossem separadas e assim, no passado, a fim de tomar medidas para resolver a questão social, não foi dada nenhuma atenção à questão ambiental. Vou dar um exemplo banal, mas que aconteceu: se estou num país onde há muito desemprego e chegam empresas multinacionais para perfurar o solo, cavar túneis para procurar matérias-primas e emprega milhares de pessoas para fazer isso. Se sou o patrão tendo a fechar os olhos porque considero o problema social mais grave, enquanto pensaremos em consertar as coisas mais tarde no campo ecológico e ambiental.

Não era um desejo perverso, era que não se entendia que fazendo isso se conseguia o pior de todos os resultados porque se destruía o ambiente e também a dimensão econômica e social, porque se o meio ambiente não aguenta, não há empregos ou fábricas que possam proporcionar emprego decente para todos. Gostaria de sublinhar aqui o grande mérito do Papa Francisco e a consideração que os líderes das várias religiões demonstraram em relação a ele. Todos reconheceram que a Laudato si' de 2015 é um autêntico raio de luz capaz de iluminar uma sala que até então estava escura.

 

Fonte: ACI Digital - Vatican News