Num dia de oscilações, o dólar subiu e a bolsa caiu, descolando-se dos mercados internacionais. A intervenção do Banco Central (BC) no câmbio não conseguiu fazer a moeda norte-americana cair. A bolsa não acompanhou a alta dos índices norte-americanos e fechou em baixa.
O dólar comercial encerrou vendido a R$ 5,516, com pequena alta de 0,13%. A cotação chegou a cair durante a manhã, após o BC leiloar US$ 1 bilhão em contratos de swap cambial, que equivale à venda de dólares no mercado futuro. No entanto, a queda perdeu força e a moeda operou em leve alta durante quase toda a tarde.
A divisa acumula alta de 1,28% em outubro. No ano, a valorização chega a 6,31%.
No mercado de ações, o dia foi parecido. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 113.185 pontos, com recuo de 0,24%. Até o início da tarde, o indicador alternou altas e baixas, mas passou a cair após as 12h. A bolsa brasileira não seguiu os índices de Nova York, que fecharam em alta superior a 1,5%, impulsionados pela divulgação do balanço de empresas norte-americanas.
Dois fatores contribuíram para a instabilidade no mercado financeiro brasileiro. O primeiro são as negociações para uma eventual prorrogação do auxílio emergencial, em meio ao atraso na tramitação da reforma do Imposto de Renda e na proposta de emenda à Constituição (PEC) que parcela os precatórios.
O segundo fator foi a aprovação ontem (13) à noite do projeto de lei que muda a cobrança do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis. Para os analistas de mercado, a medida deverá provocar prejuízos para os estados, dificultando o reequilíbrio das contas públicas nos governos locais.
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- Congressistas pedem que Biden retire o status de aliado preferencial do Brasil
Um grupo de 63 congressistas enviou uma carta ao presidente dos EUA Joe Biden para que ele cancele a oferta para que o Brasil se torne um parceiro global da Otan e retire o status aliado preferencial extra-Otan, concedido no governo Trump. A informação é da BBC.
O número de congressistas representa mais de 1/4 da bancada democrata na Câmara.
“O histórico deplorável de Bolsonaro no cargo exige uma revisão urgente das relações EUA-Brasil, com foco na identificação de ajustes potenciais no relacionamento que poderiam fornecer uma alavanca para incentivar um comportamento menos prejudicial”, disseram os congressistas.
A bancada demonstrou preocupação com “a busca do presidente Jair Bolsonaro por políticas no Brasil que ameaçam o regime democrático, os direitos humanos, a saúde pública e o meio ambiente” e com a possibilidade de o presidente Bolsonaro (sem partido) dar um golpe de Estado.
O fato de que Bolsonaro militarizou a administração do país também é motivo de preocupação para os congressistas, que veem a representativa presença de oficiais militares no governo como fonte de conflito entre instituições governamentais e as forças armadas, como o caso noticiado pelo jornal O Estado de SP, em que o general Walter Braga Netto disse ao presidente da Câmara Arthur Lira que as eleições não ocorreriam sem voto impresso.
O Brasil se tornou um aliado extra-Otan em agosto de 2019 e o status permite a compra de equipamentos militares americanos por preços mais baixos.
Já a condição de parceiro global da Otan veio em troca de políticas contrárias à China e foi proposta pelo conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, em visita ao Brasil em agosto de 2021.
Com a oferta, o governo brasileiro deveria vetar a Huawei no leilão da banda de telefonia 5G, que poderia participar da rede comercial 5G, mas não da rede privativa governamental.
Em entrevista à BBC, o democrata Hank Johnson disse que o cenário é “alarmante” para o Brasil e que os EUA não podem contribuir com isso.
Além disso, Johnson destacou o conforto de seus colegas ao perceberem como o comportamento de Bolsonaro remete ao do ex-presidente Trump.
“Conseguimos defender nossa democracia, com instituições que têm mais de 233 anos de idade. Mas tememos o que pode acontecer com instituições democráticas brasileiras, de pouco mais de 30 anos, sob o mesmo tipo de ataque“, disse.
Esta não é a 1ª vez que o presidente Joe Biden é alertado sobre aliança com o Brasil. Senadores americanos enviaram uma carta ao secretário de Estado Antony Blinken apontando como a linguagem de Bolsonaro é “perigosa para qualquer democracia“.
- Ministro pede que FMI amplie financiamentos a países pobres
O Fundo Monetário Internacional (FMI) precisa ampliar os financiamentos a países pobres e vulneráveis, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes. Em reunião plenária do Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC), em Washington, ele ressaltou a necessidade de novas linhas de financiamentos, com condições acessíveis, a países mais frágeis e ainda não elegíveis aos programas do FMI.
Guedes pediu que as economias avançadas aumentem as contribuições para o Fundo para a Redução da Pobreza e para o Crescimento (PRGT, da sigla em inglês), de modo que possam fornecer empréstimos aos países mais vulneráveis. O ministro também manifestou apoio à criação do Fundo de Resiliência e Sustentabilidade (RST, da sigla em inglês), que financiaria a longo prazo reformas econômicas estruturais em países em desenvolvimento, de baixa renda ou com restrições de mercado.
As principais conclusões da reunião plenária do IMFC foram a necessidade de enfrentar as desigualdades, que aumentaram com a pandemia de covid-19, e de promover a vacinação para conter o avanço da doença. Os membros do comitê comprometeram-se a dar prioridade aos gastos com saúde, à proteção aos mais vulneráveis e ao fornecimento de vacina, produtos de saúde e insumos médicos essenciais aos países em desenvolvimento.
Os países do comitê do FMI concordaram em promover medidas de ajuste de curto prazo para conter o avanço da dívida pública nos países que gastaram mais para combater a pandemia. Segundo os participantes, no entanto, os governos devem pensar em promover, no médio prazo, uma agenda voltada ao crescimento sustentável e à inclusão social.
Em encontro com o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Mathias Cormann, Guedes disse que o Brasil cumpre os requisitos para entrar no grupo, que reúne as economias mais industrializadas do planeta. A reunião ocorreu ontem (13), mas só foi divulgada hoje pelo Ministério da Economia.
No encontro, Guedes disse que o Brasil aderiu a 100 dos 247 instrumentos legais da OCDE e pediu a adesão a 46 instrumentos. Segundo o ministro, o país está dando prioridade para enquadrar-se às normas relacionadas à melhoria do meio ambiente para incrementar a oferta de serviços ambientais.
Para Guedes, a aceitação do Brasil como membro pleno traz investimentos ao país, mas também proporciona ganhos à OCDE, que terá a contribuição de uma grande economia emergente. Caso a adesão seja aprovada, o Brasil seria o único país simultaneamente membro-pleno da OCDE, do G20 (grupo das 20 maiores economias do planeta) e do Brics (grupo que reúne as cinco principais economias emergentes).
- Presidente envia ao Congresso ampliação de acordo Mercosul–Colômbia
O presidente Jair Bolsonaro encaminhou ao Congresso Nacional o protocolo adicional que amplia o acordo entre o Mercosul e a Colômbia. O texto prevê a liberalização do comércio de serviços e precisa ser aprovado pelos parlamentares para entrar em vigor.
A ampliação do acordo foi encaminhada dias antes da visita do presidente colombiano, Iván Duque, ao Brasil, no dia 19. Na semana passada, representantes dos dois países haviam assinado um memorando para aumentar o comércio bilateral.
Entre as previsões do protocolo adicional encaminhado ao Congresso estão o ingresso temporário dos prestadores de serviços nos países signatários, a cooperação para reconhecimento mútuo de profissões e diplomas e o estabelecimento de tribunais ou de procedimentos para regulamentação. O texto ainda prevê listas de compromissos específicos entre os países.
Em 2017, o Mercosul e a Colômbia assinaram um acordo comercial para tentar estabelecer uma área de livre comércio entre os países, estimular investimentos e aumentar a cooperação econômica, energética, científica e tecnológica. O acordo também estabeleceu cotas anuais de importação de produtos automotivos, com margem de preferência de 100% para o que estiver dentro dos limites e de 54% para a Colômbia e de 55% para o Brasil para o que exceder as cotas ou para os produtos não abrangidos por elas.
Em 2018, os países do Mercosul e a Colômbia assinaram o primeiro protocolo para incluir os serviços no acordo econômico. No entanto, o texto passou por uma revisão e um novo protocolo foi assinado em dezembro do ano passado.
Em nota, a Secretaria-Geral da Presidência da República informou que o protocolo aumentará a segurança jurídica e a previsibilidade, melhorando o ambiente de negócios e barateando o comércio de serviços entre o Brasil e a Colômbia. “Deverá, portanto, gerar crescentes oportunidades aos fornecedores brasileiros de serviços, ampliar a atratividade do Brasil para investimentos colombianos e facilitar a importação de serviços colombianos que contribuam para o aumento da produtividade do mercado interno brasileiro e de sua competitividade no exterior”, destacou o comunicado.
- BC: consórcios terão política de relacionamento com clientes
O Banco Central (BC) aprovou novas regras para o relacionamento entre administradoras de consórcio e clientes. Na Resolução aprovada, as administradoras de consórcio serão obrigadas a elaborar e implementar política institucional de relacionamento com clientes e usuários. Essa política deverá estar baseada nos princípios de ética, responsabilidade, transparência e diligência.
Além disso, a nova regulamentação consolida outras regras de transparência já exigidas para esses segmentos. Tendo em conta as novas exigências, a norma entrará em vigor em 1º de outubro de 2022. Segundo o BC, “tempo necessário para que sejam implementadas”.
Com isso, todas as instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central passam a ser sujeitas às mesmas exigências relativas ao relacionamento com clientes e usuários. “Busca-se com isso, aprimorar essa relação, alinhando os interesses das instituições aos de seus clientes”, afirmou o BC.
Fonte: Agência Brasil com informações da Reuters - Correio Braziliense