Política

Novo relatório para Conitec mantém rejeição a remédios do kit covid





O novo relatório com diretrizes para tratamento ambulatorial de covid-19 apresentado ao Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), órgão consultivo do Ministério da Saúde, mantém o entendimento de que não existem medicamentos específicos recomendados para pacientes não hospitalizados, em estágio inicial ou leve da doença — rejeitando, portanto, também aqueles que compõem o chamado "kit covid", como hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina.

O texto foi entregue aos integrantes da Conitec na sexta-feira passada (15) e a reunião para apreciação e aprovação das diretrizes está marcada para esta quinta-feira (21).

A discussão do relatório, que foi elaborado por um painel com mais de duas dezenas de especialistas brasileiros em reuniões semanais desde junho deste ano, a pedido do ministro Marcelo Queiroga, da Saúde, deveria ter ocorrido no plenário da Conitec no dia 7 deste mês, mas foi adiada depois que esta coluna divulgou suas conclusões em primeira mão, suscitando descontentamento no Palácio do Planalto.

O presidente Jair Bolsonaro, conforme atestam suas declarações públicas e detalhes levantados pela CPI da Covid no Senado, sempre foi um defensor desses medicamentos sem eficácia ou sem comprovação contra covid-19.

Segundo o coordenador do painel, o pneumologista Carlos Carvalho, a decisão de retirar o relatório da pauta da reunião da Conitec naquela ocasião foi dele e tinha como objetivo incorporar novos estudos publicados após o fechamento do texto.

O novo relatório contém poucas diferenças em relação ao original. A maior alteração se refere à redação do trecho que trata dos anticorpos monoclonais, um tratamento caro mas que se mostrou promissor em alguns estudos, especialmente para pacientes não vacinados e de alto risco de progressão para estágios graves da doença.

O novo texto, segundo apurou esta coluna, mantém o entendimento de que os anticorpos monoclonais não devem ser indicados para uso de rotina no tratamento de pacientes ambulatoriais com covid-19, especialmente por seu custo elevado. 

Mas sugere à Conitec a reavaliação da incorporação dos anticorpos monoclonais "à luz do cenário atual, contextualizando a evidência com questões relacionadas a custos, viabilidade de implantação, equidade e acesso". 

Se incorporados, os anticorpos monoclonais, que são cópias sintéticas de anticorpos produzidos naturalmente pelo organismo humano, devem ser administrados nos primeiros três dias de sintomas e podem ser considerados para pacientes não vacinados ou de risco alto, como idosos, hipertensos, obesos, etc.

Em relação à hidroxicloroquina, à cloroquina e à azitromicina, não houve mudanças: esses medicamentos não são recomendados pois, segundo o relatório, as "evidências não mostram benefício clínico". Ou seja, já está comprovado que eles não são eficazes contra a covid-19.

A ivermectina, assim como outros seis tratamentos analisados pelo painel de especialistas, tampouco foi recomendada, nesse caso por "evidências ausentes ou insuficientes". 

Se o relatório for aprovado, será um reconhecimento oficial de que ainda não existe "tratamento precoce" para covid-19. Caberá então ao ministro Queiroga submeter essas diretrizes ao sistema público de saúde ou virar as costas para a ciência.

Estudo mostra que vacinados que morreram de covid-19 eram muito idosos

Pessoas vacinadas contra a covid-19 têm pouca probabilidade de morrer da doença, a menos que sejam muito idosas e já estejam seriamente doentes antes de pegá-la, mostrou um estudo da Itália nesta quarta-feira (20).

A pesquisa, do Instituto Nacional de Saúde (ISS), presente em um relatório de rotina sobre mortes por covid-19, revela que a idade média das pessoas que morreram apesar de vacinadas é 85 anos e que elas tinham, em média, cinco doenças preexistentes.

A idade média de pessoas que morreram sem estar vacinadas foi de 78 anos com quatro doenças preexistentes.

Descobriu-se que casos de problemas cardíacos, demência e câncer foram encontrados com maior incidência na amostragem de mortes entre vacinados.

A análise, realizada entre 1º de fevereiro e 15 de outubro deste ano, estudou os registros médicos de 671 óbitos por covid-19 entre não vacinados e 171 entre pessoas totalmente vacinadas.

Houve 38,09 mil mortes pela doença na Itália durante o período analisado.

Desse total, 33,62 mil foram de não vacinados, 2,13 mil de pessoas que só receberam uma dose de vacina ou foram infectadas pouco depois da inoculação, portanto antes do surgimento de anticorpos, e 1,44 mil de pessoas totalmente vacinadas.

No início deste mês, o país atingiu a meta de vacinar totalmente 80% de sua população acima de 12 anos, meta que o governo havia definido para oferecer um grau considerável de proteção do vírus.

Fonte: UOL - Agência Brasil