Política

Com sabatina de Mendonça travada, Bolsonaro muda tom e elogia Alcolumbre





Em meio à indefinição da sabatina do ex-ministro André Mendonça, indicado por Jair Bolsonaro para o STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente da República mudou o tom ao falar sobre o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP). Hoje, durante a inauguração de uma obra na Paraíba, Bolsonaro elogiou Alcolumbre, a quem havia criticado na semana passada.

Depois de dois anos no comando da Casa, Alcolumbre agora preside a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado e resiste desde agosto a marcar a sabatina para apreciar o nome indicado pelo presidente da República ao Supremo. Na última semana, Bolsonaro chegou a dizer que Alcolumbre fazia "uma verdadeira tortura com um homem de família". Em resposta à pressão, o senador afirmou que não aceitaria ser ameaçado.

Hoje, Bolsonaro citou Alcolumbre para atacar o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), um de seus concorrentes ao cargo de presidente do Senado na disputa de 2019.

"Esteve lá na frente do Senado o Davi Alcolumbre, e quem disputou a eleição com ele: Renan. Imagina Renan presidente do Senado, que desgraça que estaria o Brasil dado que ele iria exigir para aprovar qualquer coisa na Casa. Porque ele é o dono da pauta", disse, dizendo que a maioria dos senadores "pessoas de bem", mas que sempre é preciso um "bom comandante".

"Com Davi não tive problemas no Senado, quase tudo aprovamos quase tudo que precisávamos. Agradeço por esses dois anos, caso contrário seria Renan. Apesar de ser nordestino, nunca fez nada nem pelo seu estado de Alagoas, o que dirá pelo Brasil", completou.

Nova estratégia de Bolsonaro

Bolsonaro não citou especificamente o caso de André de Mendonça ao elogiar Alcolumbre, mas a mudança de tom indica uma nova estratégia para destravar a sabatina.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, aliados do presidente Jair Bolsonaro tentam promover uma reunião entre Alcolumbre e o chefe do Planalto para os próximos dias. Além disso, querem um encontro entre o senador e Mendonça, como é praxe após uma indicação ao STF.

O Planalto pressiona Alcolumbre a agendar a sabatina em novembro, após a semana do feriado do dia 2. Senadores pediram uma intervenção do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que até agora tem defendido a sabatina, mas evitado "passar por cima" de Alcolumbre na CCJ.

Ao STF, ex-presidente do Senado negou que a demora para marcar a sabatina do ex-advogado-geral da União seja "anormal", atribuindo o não agendamentoda sessão às "turbulências políticas".

Críticas a Renan

Assim como já tinha feito ontem, Bolsonaro voltou a fazer críticas a Renan por causa do relatório final da CPI da Covid que apontou ao menos nove possíveis crimes do presidente por sua conduta na pandemia.

"Por que sou atacado 24 hora por dia, onde errei? Relatório da CPI comandada por Renan Calheiros?", questionou. Na sequência, quando a plateia de apoiadores começou a gritar coro contra o senador, Bolsonaro continuou. "Não chamem o Renan de vagabundo. Vagabundo é elogio para ele. Não há maracutaia que não esteja o nome do Renan envolvido", disse.

No relatório final, Calheiros afirma que o governo "assentiu com a morte de brasileiras e brasileiros" ao, de acordo com o seu entendimento, promover deliberadamente a disseminação do novo coronavírus. O objetivo seria proporcionar a chamada "imunização de rebanho", quando se atinge uma quantidade suficiente de pessoas imunes ao vírus, interrompendo a transmissão comunitária.

Segundo o documento, Bolsonaro, ministros de Estado, membros do governo federal e integrantes do chamado gabinete paralelo agiram para que a covid-19 se propagasse em meio à população, tendo responsabilidade direta pelas mais de 600 mil mortes registradas no país.

- Sem dizer de onde tirará os recursos, Bolsonaro promete ajuda a 750 mil caminhoneiros autônomos para compensar aumento do diesel

Presidente está em Sertânia (PE). Anúncio é feito num momento em que o mercado reage negativamente à proposta do governo de obter uma licença para descumprir o teto de gastos para cumprir a promessa de pagar R$ 400 para beneficiários do Bolsa Família.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) prometeu nesta quinta-feira (21) em Sertânia (PE) pagar um auxílio a 750 mil caminhoneiros para compensar o aumento do diesel. Ele não disse de onde vai tirar os recursos nem a partir de quando o benefício será pago.

"Os números serão apresentados nos próximos dias... Nós vamos atender aos caminhoneiros autônomos: em torno de 750 mil caminhoneiros receberão uma ajuda para compensar o aumento do diesel”, afirmou o presidente em discurso para apoiadores.

Em setembro, a Petrobras anunciou reajuste no preço do diesel vendido às distribuidoras. Com o reajuste, o preço médio de venda do diesel passou de R$ 2,81 para R$ 3,06 por litro, refletindo reajuste médio de R$ 0,25 por litro. O reajuste entrou em vigor em 29 de setembro. 

Nas bombas, dados da ANP mostram que, na semana passada, o valor médio do litro do diesel foi de R$ 4,97 e máximo, de R$ 6,41

O anúncio é feito num momento em que o mercado reage negativamente à proposta do governo de obter uma licença para descumprir o teto de gastospara cumprir a promessa de pagar R$ 400 para beneficiários do Bolsa Família em ano eleitoral. 

O anúncio do pagamento dos R$ 400 a partir de novembro até o final de 2022 – ano eleitoral – foi feito na quarta-feira (20) pelo ministro da Cidadania, João Roma, que não explicou de onde viria o dinheiro. 

No mesmo dia, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo estuda rever o teto de gastos, que limita o crescimento dos gastos do governo, ou permitir que uma parte do auxílio fique de fora desse teto. 

Bolsonaro chegou a Pernambuco nesta tarde para participar do evento "Jornada das Águas: Inauguração do Ramal do Agreste". Na chegada do comboio presidencial ao local da inauguração, houve aglomeração de apoiadores --a maioria estava sem máscara. O uso do item é obrigatório no estado.

Fonte: UOL - g1