Política

É uma estatal que só me dá dor de cabeça, diz Bolsonaro sobre Petrobras





O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta 4ª feira (27.out.2021) que a Petrobras é uma estatal que “só dá dor de cabeça” e reafirmou que a empresa está no radar de privatizações do governo.

“É uma estatal que, com todo respeito, só me dá dor de cabeça. Nós vamos partir de uma maneira de nós quebrarmos mais monopólio, quem sabe até botar no radar da privatização. É isso que nós queremos”, disse em entrevista à Jovem Pan News, canal de televisão que estreou nesta 4ª feira.

Bolsonaro criticou a petroleira ao dizer que a empresa só gera lucro para os seus acionistas. “É uma empresa que hoje em dia está prestando serviços para acionistas, mais ninguém”, afirmou.

“Você comprar ação de qualquer empresa você pode perder. Na Petrobras, você não perde nunca. Ou seja, essa empresa é nossa ou de alguns privilegiados?”,disse.

O presidente repetiu que o preço dos combustíveis subiu em todo o mundo, mas que no Brasil “subiu menos”. O chefe do Executivo também voltou a criticar governadores por causa do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de combustíveis. Ele defendeu o “congelamento” do imposto.

“Dado a bitributação do ICMS, o volume arrecadado por eles [governadores]quase que dobrou de 2019 para cá. Tem algo errado aí”, afirmou. Bolsonaro afirmou que a cobrança do imposto deveria ser feita por meio de um valor nominal.

Em fevereiro, o governo enviou projeto sobre o assunto para mudar a cobrança do ICMS. Atualmente o ICMS incide sobre o preço do combustível (valor médio ponderado ao consumidor final, reajustado a cada 15 dias) e cada Estado tem competência para definir a alíquota.

- Ciro Gomes defende Petrobras: “Se venderem, eu tomo de volta”

Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à Presidência da República, disse nessa 3ª feira (26.out.2021), que é contra a privatização da Petrobras, pois ela prejudicaria os brasileiros. Segundo Ciro, se a petroleira for vendida pelo governo atual, ele comprará de volta caso assuma o Planalto.

“Se venderem a Petrobras eu tomo de volta com as dívidas indenizações”, declarou o pedetista.

A declaração foi dada em live feita nas suas redes sociais. Ciro citou também a alta nos preços dos combustíveis. Segundo ele, o aumento deve-se à precificação baseada no dólar –que está em alta, e a saída para isso seria cobrar o custo em real.

O ex-ministro classificou a intenção de venda por parte do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de “estratégia maligna” e que deve ser combatida pelos brasileiros. Na visão dele, a privatização serve só para atender interesses internacionais.

“São duas as razões: fazer a Petrobras ser a queridinha dos estrangeiros, para vender, e fazer o povo brasileiro odiar a Petrobras, encerrando o amor e o respeito que nós sempre tivemos por essa grande corporação brasileira. São milhares de trabalhadores brasileiros que recebem em real e que estão do nosso lado”, declarou o pré-candidato ao Executivo federal.

- Guedes chama ministro-astronauta de burro e diz que às vezes se pergunta o que está fazendo no governo

Agoniado, ministro da Economia faz desabafo em reunião fechada e cita incompetência na gestão do dinheiro público

O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nesta terça-feira (27) que não falta dinheiro para o país, mas falta gestão.

Em reunião em sua sala, ele chamou colegas do próprio governo de incompetentes, se referiu a Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) como burro, e disse que "às vezes eu mesmo me pergunto o que estou fazendo aqui."

As frases foram ditas durante encontro com integrantes da comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, que brigam para ter de volta R$ 600 milhões de recursos retirados do ministério da área. No local estavam deputados da base e de oposição.

Nesse contexto, Guedes afirmou que há muita incompetência na gestão do dinheiro público, que ministros não executam os recursos que estão disponíveis e deixam valores parados, sem utilização.

Especificamente sobre a Ciência e Tecnologia, o titular da Economia se referiu a todo tempo a Pontes sem citar seu nome, mas chamando-o de astronauta. Ele deu a entender que o colega de Esplanada vive no ‘espaço’ e não entende nada de gestão.

Guedes criticou a reclamação em questão, sobre o corte nos valores da pasta, dizendo que cerca de 50% da execução orçamentária até agora não foi feita. Ele se queixou das prioridades do ministério, afirmou que sempre defendeu o investimento em ciência, mas que o dinheiro foi parar em ‘foguetes’. Nesse momento, usou a palavra "burro" para classificar o gestor.

O ministro da Economia usou Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) como exemplo da boa utilização dos recursos públicos, afirmando que tudo que entra na pasta, logo sai para investimentos na área.

Além das críticas à Ciência e Tecnologia, Guedes também citou outros dois ministros como exemplos que já foram negativos de gestão.

Um deles foi Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional).

Segundo versão contada pelo titular da Economia e relatada ao Painel, Jair Bolsonaro pediu no início do ano que arrumasse R$ 1 bilhão para a Infraestrutura. Depois de alguns estudos, Guedes declarou que decidiu que teria que tirar da pasta de Marinho.

Guedes atrelou a frustração do colega da Esplanada pelo corte a um problema de saúde que ele teve em seguida. De acordo com essa história, o ministro do Rio Grande do Norte pediu para tirar férias logo após perder os recursos e foi para a Bahia, onde teve um "piripaque" e teve que passar por uma cirurgia cardíaca.

Marinho fez uma cirurgia no coração em julho.

Outro exemplo citado como negativo foi o de Ônyx Lorenzoni (Trabalho).

Um parlamentar presente na reunião mencionou que Lorenzoni se preocupou em gastar dinheiro fazendo campinhos de futebol e campeonatos pelo país. Guedes concordou imediatamente, dizendo que era exatamente essa a questão, falando que havia distribuição de medalhas e de troféu [nos supostos campeonatos organizados], em vez de pensar em outras prioridades.

De acordo com relatos feitos ao Painel, Guedes mencionou que tentaram derrubá-lo recentemente [em meio à crise envolvendo o teto de gastos] e que a todo momento tentam culpá-lo pelos fracassos do governo. Nesse contexto, ele falou que "às vezes eu mesmo me pergunto o que estou fazendo aqui."

O ministro da Economia deixou claro aos presentes, ainda, que não é político, nem nunca foi, e que quem decide para onde vai o dinheiro é a Casa Civil, comandada por Ciro Nogueira (PP-PI).

Ele afirmou que é de Nogueira a ordem de colocar ou tirar recursos das pastas.

Guedes também disse que pode conversar para devolver o dinheiro cortado do Ministério da Ciência, mas especificou que não negociará com o "astronauta", mas apenas com técnicos que entendam do assunto.

Vice-líder do governo na Câmara, o deputado Evair de Melo (PP) diz ao Painel que Guedes não estava irritado, mas agoniado, e que suas falas foram no sentido de incentivar os apoiadores da gestão Bolsonaro.

"O ministro Paulo Guedes precisa ter execução orçamentária. A palavra não é irritado, mas agoniado. O ministro está vendo que chegou novembro e nós precisamos dar agilidade às execuções orçamentárias. É atitude de quem é responsável. O Paulo Guedes vai ser cobrado no final de ano pelo todo. Ele está fazendo o papel dele de botar pilha e cobrar dos ministros as execuções financeiras."

O titular da Economia passou uma apresentação com slides mostrando que a Ciência e Tecnologia só empenhou até o momento 59% do montante que tem.

"Existe orçamento, existe dinheiro, então não é que está irritado. Como capitão do time, ele está gritando para o time ‘vamos lá, vamos lá’", completou Melo.

"A irritação dele é mais um discurso de autoestima, vamos lá, vamos virar 24h, vamos empenhar, vamos definir prioridades. É o capitão motivando o time", falou o vice-líder do governo na Câmara, em defesa de Guedes.

"O Paulo Guedes é isso mesmo: franco, objetivo, pragmático. Eu saí da reunião, como vice-líder do governo, motivado. Para quem nunca trabalhou, nunca foi de empresa privada, nunca teve que bater meta, mostrar resultado, acha que é irritação. Ele estava é pilhado para fazer as coisas"

Sobre Guedes ter chamado ministros de incompententes e o astronauta de burro, afirmou que "isso é como time de futebol. Não tem ninguém ofendendo ninguém, não. Quem te passou isso passou em um tom jocoso e de maldade. Isso é palavra no dia a dia de uma empresa. Nós viemos do setor privado. Se alguém te passou isso, passou para achar coisa contra o governo. Em hipótese alguma".

"Estamos falando do mérito de um assunto. O Ministério de Ciência e Tecnologia precisa, sim, melhorar a execução financeira e orçamentária. É palavra de motivação, não é nenhuma crítica pontual. Não sei quem te passou, mas o tom do Paulo Guedes não foi esse, não. Foi tom de motivação, de ‘vamos lá, tem que ter mais competência, tem que executar, o dinheiro é pouco, é escasso, então o pouco que tem é pra executar’. Em momento algum tem tom pejorativo", acrescentou.

Questionado sobre o termo "burro" usado na reunião, o parlamentar afirmou que "isso é Paulo Guedes, rapaz."

"Quer vencer, quer ganhar, todo mundo grita com todo mundo. Se já jogou futebol, basquete, você sabe. O capitão grita com todo mundo. ‘Vamos lá, perna de pau, tá amarrado das pernas, levanta a cabeça’. Não tem ninguém ofendendo. É uma palavra de estímulo, de gás".

Evair de Melo ainda falou que o próprio Guedes se chamou de burro.

"Ele falou ‘eu era um burro de política pública, de burocracia interna do órgão, era um incompetente. E aí fui estudar e ler’. Foi uma reunião informal para poder dizer da dificuldade que é, muito mais reclamando da lentidão da máquina pública, da burocracia. Não foi nada pessoal. Se alguém te passou em tom jocoso, foi com maldade para criar desavença."

Fonte: Poder360 - Folha