Política

Bolsonaro pede esforço do G20 para combater a pandemia





O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez neste sábado (30.out.2021) seu discurso na 1ª sessão da 16ª Cúpula do G20, grupo de países com as 20 maiores economias do mundo.

Em Roma, na Itália, destacou os números de brasileiros vacinados voluntariamente e pediu esforço concentrado no combate à pandemia de covid-19.

No discurso, o presidente também afirmou que o Brasil adotou uma agenda de preservação do emprego e proteção aos mais pobres. Citou o auxílio emergencial. Ainda na seara econômica, falou em reformas e na atração de investimentos.

Bolsonaro finalizou sua fala afirmando que o foco das 20 potências deve ser a contenção da pandemia de coronavírus. “Para o Brasil, os esforços do G20 deveriam concentrar-se no combate à atual pandemia, que continua a assolar muitos países. Entendemos, portanto, caber ao G20 esforços adicionais pela produção de vacinas, medicamentos e tratamentos nos países em desenvolvimento”.

Eis a íntegra do discurso de Bolsonaro no G20:

“Senhoras e senhores líderes do G20,

É uma grande satisfação para mim participar, presencialmente, deste importante encontro de lideranças em um momento de recuperação econômica mundial. Apesar de termos motivos para comemorar, ainda restam desafios para alcançarmos crescimento econômico mais estável e equitativo. 

O Brasil se comprometeu com um programa extensivo e eficiente de vacinação, em paralelo a uma agenda de auxílio emergencial e preservação do emprego para a proteção dos mais vulneráveis. Estamos igualmente comprometidos com uma agenda de reformas estruturantes, essenciais para uma retomada econômica sustentada. Já conseguimos atrair um volume superior a US$ 110 bilhões em investimentos nos setores de infraestrutura e temos a expectativa de alcançar valores ainda superiores até 2022.  

O histórico acordo concluído pelo G20 e por outros países sobre tributação internacional, no âmbito da OCDE, é também uma contribuição significativa para a sustentabilidade fiscal e econômica.

Os trabalhos do G20 na trilha de finanças renderam resultados importantes para a recuperação da crise econômica, como ilustram a nova alocação de direitos especiais de saque pelo FMI e as medidas para enfrentar desafios relacionados ao meio ambiente e à saúde. 

Gradualmente, nossas economias recuperam-se à medida em que a crise sanitária é superada. Esses dois processos de recuperação caminham lado a lado. Ambos têm mostrado a relevância de promovermos um comércio internacional livre de medidas distorcivas e discriminatórias. Eis por que a integração de nossas economias, por meio de fluxos cada vez maiores de comércio e investimentos, constitui parte das soluções que buscamos com vistas à recuperação e ao desenvolvimento sustentável.

No Brasil, mais da metade da população nacional já está plenamente imunizada de forma voluntária. Mais de 94% da população adulta já recebeu pelo menos uma dose da vacina. Ao todo, aplicamos mais de 260 milhões de doses, das quais mais de 140 milhões foram produzidas em território nacional.  

Para o Brasil, os esforços do G20 deveriam concentrar-se no combate à atual pandemia, que continua a assolar muitos países.

Entendemos, portanto, caber ao G20 esforços adicionais pela produção de vacinas, medicamentos e tratamentos nos países em desenvolvimento. 

Muito obrigado.”

- Bolsonaro diz que Petrobras é “problema” em conversa com Erdogan no G20

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse, em conversa com seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, que a Petrobras “é um problema” e que a estatal “até há pouco tempo era uma empresa de partido político”. Os 2 se falaram durante 2 minutos na cúpula do G20, que reúne os 20 países com as maiores economias do mundo em Roma, na Itália.

Bolsonaro fez essa afirmação ao ouvir de Erdogan que o Brasil tem muitos “recursos petrolíferos”.

Na sequência, Erdogan pergunta quando o Brasil terá suas próximas eleições. Bolsonaro responde: “Daqui a 11 meses”. O turco continua: “Significa que o senhor tem muito a fazer por ocasião das eleições”.

“Tenho, tenho. Estou bem, tenho um apoio popular muito grande, temos uma boa equipe de ministros, não aceitei indicação de ninguém, eu que botei todo mundo, prestigiei as Forças Armadas, 1/3 dos ministros são militares, profissionais. Não é fácil. Fazer as coisas certas é mais difícil”, diz Bolsonaro.

O diálogo foi divulgado em vídeo pelo jornalista Jamil Chade, em sua página no Twitter.

Leia abaixo a conversa completa entre Bolsonaro e Erdogan:

Erdogan: Como está a situação no Brasil?

Bolsonaro: Tudo bem. A economia voltando bem forte, a mídia, como sempre, atacando. Estamos resistindo bem. Não é fácil ser chefe de Estado em qualquer lugar do mundo, não é fácil. 

Erdogan: O Brasil tem muitos recursos petrolíferos.

Bolsonaro: Tem, tem. 

Erdogan: Petrobras.

Bolsonaro: Petrobras é um problema. Mas estamos quebrando monopólios, reação muito grande. Até há pouco tempo era uma empresa de partido político, tiramos esse partido político. 

Erdogan: Quando serão as eleições, presidente?

Bolsonaro: Daqui a 11 meses.

Erdogan: Significa que o senhor tem muito a fazer por ocasião das eleições.

Bolsonaro: Tenho, tenho. Estou bem, tenho um apoio popular muito grande, temos uma boa equipe de ministros, não aceitei indicação de ninguém, eu que botei todo mundo, prestigiei as Forças Armadas, 1/3 dos ministros são militares, profissionais. Não é fácil. Fazer as coisas certas é mais difícil.

- G20: Meio ambiente e covid dominam agenda em encontro de líderes na Itália

Líderes do G20 posam durante uma sessão de fotos de família no início da cúpula do G20 em Roma, Itália, 30 de outubro de 2021

Reuters

Bolsonaro e outros líderes do G20 se reúnem em Roma por dois dias

Mudança climática e covid-19 estão no topo da agenda do encontro dos líderes das principais economias do mundo, que acontece em Roma, na Itália, neste fim de semana (30 e 31/10),

Esta é a primeira vez que os líderes do G20 se encontram pessoalmente desde o início da pandemia. No entanto, Xi Jinping (China) e Vladimir Putin (Rússia) não estarão em Roma para a cúpula. Eles optaram por comparecer por meio de um link de vídeo.

A reunião ocorre em meio a avisos cada vez mais alarmantes para o futuro do planeta, se medidas urgentes não forem tomadas para reduzir as emissões.

Estima-se que o grupo, formado por 19 países e a União Europeia, seja responsável por 80% das emissões mundiais.

O presidente Jair Bolsonaro chegou a Roma nesta sexta-feira (29/10) com três "telhados de vidro" em sua tentativa de recuperar a relevância do país nos principais debates do encontro: políticas ambientais contra mudanças climáticas, estratégias para evitar futuras pandemias e recuperação econômica.

Bolsonaro deve ser homenageado com a cidadania honorária do vilarejo italiano de Anguillara Veneta após o encontro do G20. 

A prefeitura, comandada por políticos considerados de direita e de extrema direita, acabou depredada por um grupo ambientalista como "resposta" à homenagem a Bolsonaro, que conseguiu atrair críticas de diversos grupos de esquerda na Itália por outros motivos, como o desmatamento da Amazônia e as acusações da CPI da Covid contra sua gestão da pandemia, todas refutadas pelo presidente.

 

'Petrobras é um problema'

 

Na antessala da primeira reunião de líderes do G20, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro disse em conversa informal com o colega turco, Recep Erdogan, que a economia do Brasil está voltando forte, mas a "mídia como sempre atacando" - o Brasil é o único país do G20 com estimativas de recessão em 2022, mas a avaliação não é um consenso entre instituições financeiras.

Bolsonaro caminha na rua rodeado de assessores e seguranças

EPA

Bolsonaro em Roma; presidente receberá homenagens na Itália, ao mesmo tempo que é alvo de protestos

Em resposta, o mandatário da Turquia menciona que o Brasil tem grandes recursos petrolíferos e a Petrobras. 

"Petrobras é um problema. Mas estamos quebrando monopólios, com uma reação muito grande. Há pouco tempo era uma empresa de partido político. Mudamos isso", responde Bolsonaro. 

Erdogan pergunta, por fim, sobre a eleição brasileira e, ao ouvir que ela ocorrerá em 11 meses, diz a Bolsonaro que ele ainda tem bastante coisa para fazer. 

"Eu também tenho um apoio popular muito grande. Temos uma boa equipe de ministros. Não aceitei indicação de ninguém. Foi eu que botei todo mundo. Prestigiei as Forças Armadas. Um terço dos ministros (é de) militares profissionais. Não é fácil. Fazer as coisas certas é mais difícil", responde o presidente brasileiro.

Na última semana, a CPI da Covid aprovou relatório que recomenda que o presidente Jair Bolsonaro seja investigado e, eventualmente, responsabilizado em três frentes devido à gestão do seu governo na pandemia de coronavírus: por crimes comuns, por crimes de responsabilidade e por crimes contra a humanidade.

 

Rascunho do comunicado

 

Em fala antes da cúpula de dois dias, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, sugeriu que deixar de agir levaria "nossa civilização" a retroceder, consignado "as gerações futuras a uma vida que é muito menos agradável do que a nossa".

No entanto, ele reconheceu que nem a reunião do G20, nem a próxima cúpula da COP26 em Glasgow, impediriam o aquecimento global. Disse que "o máximo que podemos esperar é desacelerar o aumento".

O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi dá as boas-vindas ao presidente brasileiro Jair Bolsonaro em sua chegada à Cúpula dos Líderes do G20 no Centro de Congressos La Nuvola em Roma, Itália, 30 de outubro de 2021.

EPA

Primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, recebe Bolsonaro em sua chegada à Cúpula dos Líderes do G20 em Roma

De acordo com a agência de notícias Reuters, um rascunho de comunicado do grupo esboça uma promessa do G20 de trabalhar para limitar o aumento das temperaturas a 1,5 ° C - mas nenhum acordo legalmente vinculado deve ser feito.

O rascunho também menciona a promessa de tomar "medidas concretas" para impedir a exploração ilegal de madeira, mineração e comércio de animais selvagens, segundo a Reuters.

Boris Johnson também deve abordar a desigualdade da vacina contra o coronavírus durante a cúpula, dizendo a seus colegas líderes que "o ritmo da recuperação dependerá da rapidez com que conseguiremos superar a covid", sendo a primeira prioridade "a distribuição rápida, equitativa e global das vacinas "

Mais de 6 bilhões de doses da vacina Covid foram administradas em todo o mundo. No entanto, uma carta endereçada ao primeiro-ministro italiano Mario Draghi, que está hospedando o G20, de mais de 160 ex-líderes mundiais e figuras globais observou que apenas 2% das pessoas em países de baixa renda receberam uma injeção.

Enquanto isso, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fará pressão para que os países aumentem a produção de energia, em meio à disparada dos preços, além de discutir um plano para prevenir futuras pandemias. Ele também deve se reunir com Johnson, bem como com o francês Emmanuel Macron e a ex-chanceler da Alemanha, Angela Merkel, para discutir a retomada do acordo nuclear com o Irã.

O grupo também deve endossar uma alíquota de imposto corporativa mínima global de pelo menos 15%, que é apoiada por 140 países ao redor do mundo. O rascunho de comunicado prevê que entre em vigor em 2023.

- Presidente é recebido em Roma pelo primeiro-ministro italiano

(Roma - Itália, 30/10/2021) Presidente da República, Jair Bolsonaro é recebido pelo Primeiro-Ministro 
italiano, Mario Draghi.
Foto: Alan Santos/PR

O presidente Jair Bolsonaro participa, na manhã deste sábado (30), da abertura da 16ª reunião de Cúpula do G20, grupo formado pelas 20 maiores economias do mundo, em Roma, na Itália. Ao chegar ao evento, o presidente brasileiro foi recebido pelo primeiro-ministro italiano, Mario Draghi.

O encontro segue até amanhã (31), com discussões centradas em economia e saúde global, mudanças do clima e desenvolvimento sustentável. Bolsonaro está na capital italiana acompanhado dos ministros das Relações Exteriores, Carlos França, e da Economia, Paulo Guedes. 

Ao final do encontro deverá ser divulgada a Declaração de Roma dos Líderes do G20, com consenso dos governantes em várias áreas. Em eventos paralelos, dois temas também serão tratados: o apoio a pequenas e médias empresas e empresas comandadas por mulheres e o papel do setor privado na luta contra as mudanças do clima.

O Brasil vai defender respostas robustas para a recuperação econômica no pós-pandemia e um comércio internacional com menos barreiras tarifárias, destacando que o comércio e os investimentos internacionais são instrumentos poderosos para a promoção do desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, as reformas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Mundial do Comércio (OMC) também estarão em debates. Outra prioridade do Brasil passa pela inclusão social e a participação das populações menos influentes na prosperidade comum.

Fonte: Poder360 - BBC News Brasil - Agência Brasil