O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-RO), não afasta a possibilidade de levar a Proposta de Emenda à Constituição dos Precatórios, a PEC 23/21, direto para o plenário da Casa, sem passar por comissão. Em entrevista coletiva Pacheco falou sobre o assunto. Outra possibilidade é a PEC passar primeiro pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida pelo senador Davi Alcolumbre (DEM-AP).
“Se aprovado [o texto] na Câmara, nós levarmos diretamente ao plenário é uma possibilidade que existe, mas não podemos desconsiderar a possibilidade de apreciar pela CCJ. E percebo no presidente Davi Alcolumbre essa disposição e esse senso de urgência em relação à PEC dos Precatórios”, disse Pacheco.
O presidente do Senado fez uma defesa em prol do debate sobre o assunto. Para ele, é importante o Congresso debater e chegar a uma conclusão sobre a questão dos precatórios, bem como viabilizar o Auxílio Brasil, que substituiria o Bolsa Família e transferiria uma renda mensal de R$ 400 aos mais carentes. Para ele, é importante chegar a uma solução sobre um auxílio financeiro aos mais pobres sem que isso fure o teto de gastos.
Precatórios são dívidas da União que resultam de sentenças judiciais as quais não cabe mais recurso. A proposta define o valor de despesas anuais com precatórios, corrige seus valores exclusivamente pela taxa Selic e muda a forma de calcular o teto de gastos. Na prática, abre espaço fiscal no Orçamento da União para o pagamento do novo benefício assistencial criado pelo governo, o Auxílio Brasil. Chamada de “PEC do Calote” por parlamentares contrários, a medida autoriza o pagamento parcelado dos precatórios.
Segundo Pacheco, os líderes partidários, mesmo os de oposição, concordam sobre a importância de discutir os problemas dos precatórios e do espaço no Orçamento para o Auxílio Brasil. “Até aqueles que discordam do método estabelecido pela PEC sabem da importância de nós garantirmos um programa social no Brasil. Pode ser que a PEC seja um instrumento, mas essa é uma avaliação que o plenário do Senado fará”.
A PEC foi aprovada na Câmara, em primeiro turno, na madrugada de hoje. O placar, no entanto, foi apertado. Eram necessários 308 votos para aprová-la e 312 deputados votaram nesse sentido. A votação em segundo turno está prevista para ocorrer na terça-feira (9), a partir das 9h.
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- CPI dá 30 dias para Aras levar investigações adiante, diz Randolfe
A CPI da Covid dará prazo de 30 dias, a contar da entrega do relatório final, no último dia 27, para o procurador-geral da República, Augusto Aras, tomar providências em relação às autoridades com pedidos de indiciamento, entre elas, o presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o procurador-geral deverá ser convocado pelo Senado a prestar esclarecimentos se não agir em relação aos pedidos de investigação até o próximo dia 27.
“Se a Procuradoria-Geral da República não tiver despachado encaminhamentos concretos, quero informar que nós vamos convocar o procurador-geral da República para dar explicações no Senado Federal”, disse Randolfe durante o Congresso em Foco Talk. O programa, mediado pelo fundador do Congresso em Foco, Sylvio Costa, também teve a participação da deputada Natália Bonavides (PT-RN).
Segundo Randolfe, a convocação de Aras em caso de omissão pelos próximos 30 dias é uma decisão já tomada pelo Observatório da Pandemia, grupo criado a partir da CPI. “Falo isso com o lastro do depoimento de outros procuradores da República, como Raquel Dodge, que disse que o relatório da CPI é tão substancial que ela, no curso da PGR, não pensaria duas vezes em abrir ação penal.”
No último dia 28, Aras determinou a abertura de uma investigação preliminarpara apurar as denúncias apresentadas pela CPI da Covid contra Bolsonaro, por meio da chamada notícia de fato. Para Randolfe, a medida é insuficiente. “Vamos combinar, investigação preliminar é o trabalho que nós já fizemos. Chega a ser um acinte a um serviço que nós fizemos por seis meses, a olhos vistos da sociedade, transmitido diariamente por todos os canais de televisão, por todos os sites de notícias”, ressaltou o senador. “Entregamos ao PGR 1 terabyte de documentos. Esperava um pouco além de investigação preliminar”, emendou o vice-presidente da CPI.
Advogada, Natália Bonavides disse que o expediente utilizado por Aras representa uma nova forma de engavetar denúncias. Ela lembrou que há um ano entrou com pedido de investigação sobre o uso de órgãos do governo federal na defesa pessoal do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). Apesar da abertura da investigação preliminar, o caso não teve qualquer desdobramento por parte da PGR. “[Investigação preliminar] essa está sendo a nova gaveta”, afirmou a deputada.
Durante o Congresso em Foco Talk, os dois também falaram sobre as perspectivas para as eleições de 2022. Para Natália, não há espaço para uma chamada “terceira via”. A deputada acredita que a polarização entre Lula e Bolsonaro marcará a campanha. Segundo ela, há uma tentativa de candidatos que se apresentam como terceira via de se apresentarem como nomes de centro, quando a maioria é, na verdade, de centro-direita. Randolfe também demonstrou ceticismo em relação ao surgimento de um nome que se contraponha a Lula e a Bolsonaro. Na avaliação dele, seja quais forem os candidatos, uma coisa é certa: “Este país não suporta mais quatro anos de governo Bolsonaro”.
- 'Quero fazer mais e melhor pelo Brasil', diz Deltan após deixar MPF
O ex-procurador do MPF (Ministério Público Federal) Deltan Dallagnol, que pediu exoneração do cargo esta semana, justificou a decisão afirmando que quer "fazer mais pelo país".
"Minha vontade é fazer mais, fazer melhor e fazer diferente diante do desmonte do combate à corrupção que está acontecendo", disse em seu perfil no Twitter.
Creio que agora posso fazer mais pelo país fora do MP, lutando com mais liberdade pelas causas em que acredito. Às vezes é necessário dar um passo de fé na direção dos nossos sonhos.Deltan Dallagnol
Ele ainda atribuiu sua decisão ao que chama de retrocessos no combate à corrupção no Brasil. "A sensação é de que nós fizemos está sendo desfeito, e a impunidade dá uma carta branca para que quem nos rouba continue roubando. Isso precisa parar", disse, em referência ao trabalho da PF e do MPF no âmbito da Operação Lava Jato.
Atualmente, sentenças advindas da operação vêm sendo revertidas, como no caso do ex-presidente Lula, que teve suas condenações anuladas. Além disso, o próprio Deltan é investigado pelo CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) pela criação de uma fundação privada da Lava Jato para gerir R$ 2,5 bilhões da Petrobras.
O ex-procurador ganhou notoriedade nacional ao chefiar a força-tarefa da Operação Lava Jato do Ministério Público Federal.
Dallagnol agora segue os passos de Moro, que também ganhou projeção nacional ao julgar os casos da Lava Jato e deixou a magistratura para ingressar na política.
Fonte: Agência Brasil - Congresso em Foco - UOL