Política

Bolsonaro confirma ida ao PL





O presidente Jair Bolsonaro definiu que será o PL (Partido Liberal) o partido pelo qual irá disputar a reeleição em 2022. A decisão vem depois de o chefe do Executivo passar quase 2 anos sem sigla. Ele saiu do PSL (Partido Social Liberal), no qual se elegeu, em novembro de 2019. Desde então, tentou criar o Aliança pelo Brasil, sua própria legenda, mas não conseguiu número de assinaturas suficiente.

Bolsonaro ligou para Valdemar Costa Neto confirmando que irá à sigla. Aliados foram informados também nesta 2ª. O presidente corre contra o tempo para definir seu futuro.

Hoje ele [Bolsonaro] me informou que falou com o Ciro [Nogueira, do PP], falou com os outros partidos. Ele tem que se entender com todos, nós temos que nos entender para que todos sejam atendidos, porque política é isso. Hoje o PP tem a presidência da Câmara. Amanhã vamos querer essa presidência. Tem a reeleição do Arthur, vamos apoiar e depois de nós vem o PRB [Republicanos]. Todos têm que crescer, todos têm que ter essa vantagem, não pode ficar para trás. Se temos um grupo, temos que estar unidos. Mas ele [Bolsonaro] falou comigo que falou com Ciro hoje, Ciro entendeu, vamos tocar para frente o assunto e vamos ver quando vamos fazer a filiação”, disse Valdemar em mensagem enviada ao Poder360.

- PL votou com o governo em 93% das vezes na Câmara

Há dois anos sem partido, o presidente Jair Bolsonaro definiu seu futuro partidário de olho nas eleições de 2022. Ele confirmou, em entrevista à TV CNN Brasil, que está “99% fechado” com o Partido Liberal. O PL é a segunda legenda mais fiel ao governo na Câmara. De acordo com o Radar do Congressoa bancada votou com o Planalto em 93% das vezes desde o início do mandato. Entre os principais partidos da Casa, apenas o PSL – que ainda concentra a maior parte dos parlamentares eleitos na onda bolsonarista em 2018 – tem fidelidade maior (95%).

O Radar, ferramenta do Congresso em Foco que compila e qualifica as informações do Congresso Nacional, chegou a esse índice após análise das 1.143 votações realizadas na Câmara desde o início da atual legislatura, em fevereiro de 2019. O índice de governismo é calculado com base na coincidência entre os votos de cada deputado e a orientação do governo na mesma deliberação. O acerto de Bolsonaro com o PL foi fechado com o presidente da legenda, o ex-deputado Valdemar da Costa Neto, que cumpriu pena de prisão após ser condenado no mensalão. Essa será a décima sigla de Bolsonaro em 32 anos de trajetória política.

No PL, o deputado que menos segue as orientações do governo é Tiririca (SP), que está em seu terceiro mandato por São Paulo. Ele votou com o governo em 58% das vezes. Desafeto de Bolsonaro, o primeiro vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (AM), votou com o governo em 93% das vezes. Os mais fiéis são Paulo Freire Costa (SP) e José Rocha (BA), que se alinharam ao Planalto em 97% das votações, e Marco Feliciano, o pastor evangélico paulista que registrou 98% de fidelidade.

A bancada do PL na Câmara é composta atualmente por 43 deputados. É a terceira mais numerosa da Casa, atrás apenas do PT (53) e do PSL (54). Vice-líder do partido e um dos líderes da bancada evangélica, o deputado Lincoln Portela (MG) conversou nesta segunda tanto com Valdemar quanto com Bolsonaro. Segundo ele, a filiação deverá ocorrer no dia 22, em referência à data, ao número do partido e ao ano da próxima eleição.

“O PL é um partido conhecido nacionalmente por cumprir com sua palavra. É fiel ao governo. Tem bases consolidadas mais no Sudeste, no Sul e no Centro-Oeste. Ao passo que o PP teria entraves maiores, na minha avaliação, no Nordeste. Mas eu acredito que o vice de Bolsonaro virá do PP”, afirmou o deputado ao Congresso em Foco. Segundo ele, o conservadorismo do PL casa com Bolsonaro. O vice-líder dá como certo que a bancada crescerá na próxima janela de filiação partidária para os deputados, no primeiro trimestre de 2022. “Os bolsonaristas que estão no PSL terão maior facilidade para vir para o partido”, considera.

O Progressistas (PP), que era uma das possibilidades de filiação de Bolsonaro, tem o mesmo alinhamento de 93% na Câmara dos Deputados. Mesmo Arthur Lira (AL), o presidente da Câmara, tem um índice de 89%, o que o inclui em uma das mais próximas linhas de apoio às pautas do presidente.

Em um áudio, Valdemar da Costa Neto indicou que sua legenda levou a melhor na disputa contra o PP, comandado até o meio do ano pelo ex-senador e atual ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Em jogo, indiciou o líder partidário, estaria um apoio de Bolsonaro e do PL à reeleição de Lira à presidência da Câmara em 2023.

As duas legendas são consideradas como parte do “Centrão” – grupo fisiológico de siglas com grande número de parlamentares – que hoje dá sustentação a Bolsonaro. O presidente já integrou as fileiras do PP durante duas oportunidades: entre 1993 e 2003 e entre 2005 e 2016. Esta será sua primeira passagem pelo PL.

Pouco muda no Senado

No Senado – Casa onde há, historicamente, maior consenso nas votações -, o alinhamento do PL com o Planalto é de 87%. Os quatro senadores que representam o partido têm mais de 75% de alinhamento com o governo. O percentual supera a média de fidelidade ao governo na Casa, que é de 83%.

Quem menos votou com o governo entre os senadores do PL foi Carlos Portinho (RJ), que seguiu a orientação do governo em 78% das deliberações. O parlamentar tem um ano de mandato, e ajudou a diminuir o alinhamento conquistado pelo seu antecessor, Arolde de Oliveira (RJ), morto em outubro do ano passado por complicações da covid-19.

A maior fidelidade cabe a Jorginho Melo (SC), vice-líder do governo, que votou com Bolsonaro em 91% das vezes. Uma das votações mais simbólicas, no entanto, não está incluída na lista: Melo, como integrante titular da CPI da Covid, votou contra o relatório final que incrimina o presidente.

 

Após Bolsonaro confirmar o PL, Carlos apaga tuíte de crítica a Costa Neto

A associação de Bolsonaro com o partido de Costa Neto é vista como um golpe à bandeira anticorrupção defendida pelo chefe do Executivo

O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) parece ter reservado a segunda-feira para revisar antigos tuítes que possam comprometer o futuro político do pai, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Poucas horas após a notícia de que o chefe do Executivo decidiu se filiar ao Partido Liberal (PL), o parlamentar apagou uma postagem em que compartilhou uma notícia sobre um esquema de propina que envolvia o presidente da sigla, Valdemar da Costa Neto.

O tuíte foi feito em 28 de abril de 2016, de madrugada, e repetia o nome da reportagem. "Exclusivo: Delator aponta propina de 3,5% para PR e Valdemar Costa Neto nos contratos de Furnas”, diz a publicação.

A postagem foi localizada por usuários do Twitter pouco tempo depois do anúncio da filiação e, quando ele foi apagado, o apelido de Carlos Bolsonaro dado pela oposição — Carluxo — virou um dos assuntos mais comentados da rede social.

“Alguém sabe por que o Carluxo Bozonaro apagou esse tweet? Deve ter sido por engano, com certeza! Avante Bolsolão contra a corrupção!”, disse um usuário. “Bolsonaro vai pro PL, se unirá a um dos maiores corruptos da história do Brasil, Valdemar Costa Neto. Carluxo ate apagou críticas que fazia ao partido e ao Valdemar. Panos não faltarão pra seita bolsonarista”, criticou outro perfil.

Até mesmo o deputado federal Kim Kataguiri, ex-aliado da família Bolsonaro, criticou a ação. “E apagou o tweet por que, Carluxo? Por acaso agora que seu pai vai pro partido do mensaleiro, ele deixou de ser criminoso?”, disse o parlamentar. 

Preso, mas cacique do Centrão 

Preso no esquema do Mensalão, Valdemar Costa Neto é apontado como um dos principais caciques do Centrão, bloco de partidos que comanda grande parte da articulação política do governo.

A associação de Bolsonaro com o partido de Costa Neto é vista como um golpe à bandeira anticorrupção defendida pelo chefe do Executivo, assim como pelos filhos que atuam como parlamentares. Durante a campanha nas eleições de 2018, Jair Bolsonaro prometeu que não se envolveria em esquemas de corrupção como ocorreu “em governos anteriores”, além de afirmar que trabalharia para enrijecer os mecanismos que desvendassem casos do tipo.

No entanto, a agenda anticorrupção não avançou no governo do presidente. Em junho, o Brasil foi o país que mais caiu em um ranking latino-americano que mede a capacidade de cada nação combater a corrupção, o Índice de Capacidade de Combate à Corrupção, elaborado pela entidade americana Américas Society/Council of the Americas (AS/COA).

A entidade justifica a queda pelo “desmantelamento da operação Lava-Jato em fevereiro deste ano” e a nomeação de “pessoas percebidas como menos independentes para o comando da Polícia Federal e do Ministério Público Federal”.

 

- Filiação de Bolsonaro ao PL deve ser no dia 22, diz senador

O senador Wellington Fagundes (PL-MT) afirmou em nota divulgada que a filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL (Partido Liberal) deverá ser realizada no dia 22 de novembro. Segundo o congressista, a discussão sobre a data se deu em reunião com a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.

“Acabo de sair de uma reunião com o presidente Bolsonaro e a ministra Flávia Arruda, e mais cedo estive com o ministro Ciro Nogueira. Está tudo encaminhado para no próximo dia 17 quando teremos uma reunião onde essa provável filiação será alinhada com muita tranquilidade, e o ato de filiação deve acontecer no dia 22, mesmo”, disse.

De acordo com Fagundes, existe um esforço dos membros do PL para receber Bolsonaro. “Sobre essa articulação, destaco aqui o trabalho do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e também do líder do PL no Senado, Carlos Portinho e do líder do partido na Câmara, Wellington Roberto”.

Fagundes sinalizou, ainda, que convidará toda a equipe do presidente da República e seus apoiadores, para se filiarem ao PL.

DE OLHO EM 2022

Bolsonaro definiu que será o PL o partido pelo qual irá disputar a reeleição em 2022. A decisão vem depois de o chefe do Executivo passar quase 2 anos sem sigla. Ele saiu do PSL (Partido Social Liberal), no qual se elegeu, em novembro de 2019. Desde então, tentou criar o Aliança pelo Brasil, sua própria legenda, mas não conseguiu número de assinaturas suficiente.

Bolsonaro ligou para Valdemar Costa Neto nesta 2ª feira (8.nov) confirmando que irá à sigla. Aliados foram informados também nesta 2ª. O presidente corre contra o tempo para definir seu futuro.

Hoje ele [Bolsonaro] me informou que falou com o Ciro [Nogueira, do PP],falou com os outros partidos. Ele tem que se entender com todos, nós temos que nos entender para que todos sejam atendidos, porque política é isso. Hoje o PP tem a presidência da Câmara. Amanhã vamos querer essa presidência. Tem a reeleição do Arthur, vamos apoiar e depois de nós vem o PRB [Republicanos]. Todos têm que crescer, todos têm que ter essa vantagem, não pode ficar para trás. Se temos um grupo, temos que estar unidos. Mas ele [Bolsonaro] falou comigo que falou com Ciro hoje, Ciro entendeu, vamos tocar para frente o assunto e vamos ver quando vamos fazer a filiação”, disse Valdemar em mensagem enviada ao Poder360.

Fonte: Poder360 - Correio Braziliense - Congresso em Foco