Cultura

O Papa: José, homem da presença discreta que continua protegendo a Igreja





Segundo Francisco, "todos podem encontrar em São José, o homem que passa despercebido, o homem da presença diária, discreta e escondida, um intercessor, um apoio e um guia em tempos de dificuldade. Ele nos lembra que todos aqueles que aparentemente estão escondidos ou na “segunda linha” têm um protagonismo inigualável na história da salvação".

Mariangela Jaguraba - Vatican News

"São José na história da Salvação" foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (24/11), realizada na Sala Paulo VI. Antes, porém, o Pontífice saudou, na Basílica de São Pedro, alguns grupos italianos em peregrinação.

Na semana passada, Francisco iniciou o ciclo de catequeses sobre São José e neste encontro semanal com os fiéis continuou este percurso "centrando-nos no seu papel na história da salvação. Jesus é referido nos Evangelhos como «filho de José» e «filho do carpinteiro». Os Evangelistas Mateus e Lucas, ao narrarem a infância de Jesus, dão espaço ao papel de José".

José, apoio e guia em tempos de dificuldade

José vive o seu protagonismo sem nunca querer apoderar-se da cena. Se pensarmos nisto, «as nossas vidas são tecidas e sustentadas por pessoas comuns, habitualmente esquecidas, que não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas. Quantos pais, mães, avôs e avós, professores mostram às nossas crianças, com pequenos gestos do dia a dia, como enfrentar e atravessar uma crise, readaptando hábitos, levantando o olhar e estimulando a oração! Quantas pessoas rezam, se imolam e intercedem pelo bem de todos».

Segundo o Papa, "todos podem encontrar em São José, o homem que passa despercebido, o homem da presença diária, discreta e escondida, um intercessor, um apoio e um guia em tempos de dificuldade. Ele nos lembra que todos aqueles que aparentemente estão escondidos ou na “segunda linha” têm um protagonismo inigualável na história da salvação. O mundo precisa desses homens e dessas mulheres. Homens e mulheres na segunda linha, mas que sustentam o desenvolvimento da nossa vida, de cada um de nós e que com a oração, com o exemplo, com o ensinamento nos sustentam na estrada da vida".

A Igreja é o prolongamento de Cristo na história

No Evangelho de Lucas, José aparece como o guardião de Jesus e de Maria. Por esta razão, ele é também o "Guardião da Igreja, mas, se ele foi o guardião de Jesus e Maria, agora que está no céu, continua sendo o guardião, neste caso da Igreja; porque a Igreja é o prolongamento do Corpo de Cristo na história e ao mesmo tempo, na maternidade da Igreja, espelha-se a maternidade de Maria".

José, continuando protegendo a Igreja, não se esqueçam disso: hoje, José protege a Igreja e continuando a proteger a Igreja, continua protegendo o Menino e sua mãe. Este aspecto do cuidado de José é a grande resposta ao relato do Gênesis. Quando Deus pede a Caim que preste contas da vida de Abel, ele responde: «Sou porventura o guarda do meu irmão?». José, com a sua vida, parece querer nos dizer que somos sempre chamados a sentirmo-nos guardiões dos nossos irmãos, guardiões dos que nos são próximos, daqueles que o Senhor nos confia através das circunstâncias da vida.

Importância dos laços humanos

Segundo o Papa, uma sociedade como a nossa, "esta sociedade líquida, gasosa encontra na história de José uma indicação muito clara da importância dos laços humanos. De fato, o Evangelho nos narra a genealogia de Jesus, não só por uma razão teológica, mas também para recordar a cada um de nós que a nossa vida é constituída por laços que nos precedem e acompanham. O Filho de Deus escolheu o caminho dos vínculos para vir ao mundo, o caminho da história: não veio ao mundo com magia, mas fez o caminho histórico que fazemos todos nós".

Francisco concluiu a catequese, recordando as "pessoas que lutam para encontrar ligações significativas em sua vida", e rezando para que possam "encontrar em São José um aliado, um amigo e um apoio".

São José,

vós que guardastes a ligação com Maria e Jesus,

ajudai-nos a cuidar das relações na nossa vida.

Que ninguém experimente o sentimento de abandono

que vem da solidão.

Que cada um de nós se reconcilie com a própria história,

com aqueles que nos precederam,

e reconheça inclusive nos erros cometidos

um modo pelo qual a Providência abriu o seu caminho,

e o mal não teve a última palavra.

Mostrai-vos amigo para aqueles que mais lutam,

e como apoiastes Maria e Jesus nos momentos difíceis,

assim apoiai também a nós no nosso caminho. Amém.

 

- Papa aos peregrinos na Basílica: vocês testemunharam o estilo da "Igreja em saída"

O Papa Francisco encontrou grupos de italianos em peregrinação aos quais fez uma saudação especial.

Silvonei José - Vatican News

Na primeira parte da Audiência geral desta quarta-feira, na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco encontrou grupos de italianos em peregrinação aos quais fez uma saudação especial.

“Tenho o prazer de dar a vocês as boas-vindas a esta Basílica – disse o Papa - e de estender a cada um de vocês as minhas cordiais saudações.

Francisco saudou por primeiro a Família Vicentina da Itália, que promoveu a peregrinação de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa a todas as regiões italianas, juntamente com as dioceses e paróquias, acrescentando:

“Nestes meses de pandemia, a sua missão levou esperança, fazendo muitos experimentarem a misericórdia de Deus. Penso em particular nas pessoas solitárias, nos doentes nos hospitais, nos que vivem nas prisões, nos centros de acolhimento e na periferia existencial. Obrigado, porque vocês testemunharam o estilo da "Igreja em saída" que chega a todos, a começar pelos excluídos e marginalizados”.

O Papa pediu que eles continuem “por este caminho e abram-se cada vez mais à ação do Espírito Santo, que lhes dá a força para proclamar corajosamente a novidade do Evangelho”.

Em seguida a saudação de Francisco foi para os peregrinos da Associação João Paulo II de Bisceglie:

“Caros amigos, imitem o exemplo deste Santo Pontífice e esforcem-se por compreender e acolher o amor de Deus, fonte e a razão da nossa verdadeira alegria. Em comunhão com os seus Pastores, anunciem Cristo com as suas vidas, na família e em todos os ambientes”.

Por fim a saudação do Papa Francisco aos membros da Associação Italiana de Vítimas da Violência.

“Caros irmãos e irmãs, agradeço vocês pelo seu trabalho de assistência e apoio àqueles que sofreram maus-tratos e vivem em situação de angústia e desconforto. A violência é feia; uma atitude violenta é muito feia. Com a sua importante atividade, vocês contribuem para a construção de uma sociedade mais justa e solidária”.

O Papa concluiu com o desejo que o seu exemplo inspire em todos um compromisso renovado, para que as vítimas da violência possam ser protegidas e o seu sofrimento levado em consideração e sejam escutadas. “Obrigado a todos vocês por esta visita!”

 

-  O Papa: o Advento nos lembra que a vida humana é uma espera contínua

Francisco recordou que no próximo domingo terá início o Tempo do Advento e a Jornada Mundial da Juventude de Lisboa em 2023.

Ao saudar os fiéis de língua portuguesa na Audiência Geral, desta quarta-feira (24/11), o Papa Francisco recordou que no último domingo, foi celebrada a 36ª Jornada Mundial da Juventude Diocesana, "uma nova etapa no caminho que nos levará à Jornada Mundial da Juventude de 2023 em Lisboa".

Nesta peregrinação espiritual, deixemo-nos fascinar pelo coração humilde e disponível de São José para com os outros. E seguindo o seu exemplo cuidemos das relações na nossa vida. Sobre todos desça a benção do Senhor.

Aos fiéis de língua polonesa, o Papa recordou que no próximo domingo terá início o Tempo do Advento, "que por meio de vários símbolos nos prepara para a celebração do mistério da Encarnação do Filho de Deus e nos lembra que a vida humana é uma espera contínua".

Nossa vida se torna bela e feliz quando esperamos por alguém querido e importante. Que este Advento os ajude a transformar a esperança na certeza de que Aquele por quem esperamos nos ama e nunca nos abandona.

Fonte: Vatican News