O presidente Jair Bolsonaro assinou hoje (25) projeto de lei (PL), a ser enviado ao Congresso, com mudanças relacionadas ao uso de garantias para obtenção de crédito no país. Com a medida, anunciada em cerimônia no Palácio do Planalto, será possível, por exemplo, usar o mesmo bem imóvel como garantia em mais de uma operação de crédito.
Para o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, os trabalhadores e empreendedores voltarão a ser os donos de suas finanças e garantias.
“Se pensar em empresa, quantos empresários estão precisando de crédito e não conseguem pegar crédito barato porque não têm garantia? O novo mercado de garantia torna o crédito mais barato para todos os empresários brasileiros, principalmente para os pequenos que são aqueles que não têm acesso ao banco”, disse. “Com o apoio do Congresso, vamos aprovar esse conjunto de medidas que pode ser traduzido em mais crédito, juros mais baratos, mais emprego e mais renda para a sociedade brasileira”, destacou.
O objetivo do governo com o chamado Novo Marco de Garantias é tornar mais simples, eficiente e seguro o uso das garantias de crédito para investidores, além de reduzir custo e juros de financiamentos e aumentar a concorrência no setor. O projeto cria o serviço de gestão especializada de garantias e trata do aprimoramento das regras de garantias, do resgate antecipado de letras financeiras, entre outras medidas.
De acordo com o Ministério da Economia, a operacionalização do serviço ficará a cargo das Instituições Gestoras de Garantias (IGGs) – pessoa jurídica de direito privado cujo funcionamento será autorizado pelo Banco Central (BC) a partir de critérios definidos pelo Comitê Monetário Nacional (CMN).
“Os tomadores de empréstimos passarão a ter a possibilidade de fornecer suas garantias a essas instituições para avaliação e gestão. As IGGs definirão, com base nas garantias, o limite de garantia que o mutuário poderá ter acesso em diversas instituições do sistema financeiro”, explicou a pasta, em comunicado.
Além disso, à medida que o cliente for honrando os seus pagamentos, será aberto espaço para novas operações até o limite estabelecido, sem burocracia adicional. “Com a IGG gerenciando a garantia, os bancos ficam liberados para se concentrar apenas em sua atividade bancária de empréstimo”, destacou.
Segundo a pasta, será vedado às IGGs, no âmbito do contrato de gestão de garantias, a realização de qualquer atividade típica de instituição financeira, inclusive operações de crédito, mas elas serão as responsáveis por executar a dívida em caso de inadimplência do tomador do empréstimo. “O intuito é prever a separação da entidade que recebe a garantia, neste caso a IGG, da entidade que concede o crédito, para se evitar conflito de interesse”, explicou o ministério.
Para o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a instituição da extensão da alienação fiduciária e da hipoteca, de utilização do mesmo imóvel em mais de uma operação, se traduz em prazos mais longos, taxas mais baixas quando comparado a crédito sem garantias e melhora do perfil da dívida do usuário.
A estimativa é que o mercado imobiliário residencial urbano tem hoje cerca de R$ 800 bilhões em garantias em operações de crédito e financiamento.
Além disso, também foram propostas alterações nas regras que disciplinam a alienação fiduciária; a execução extrajudicial dos créditos garantidos por hipoteca; a execução extrajudicial em caso de concurso de credores e a impenhorabilidade dos bens de família.
De acordo com o Ministério da Economia, o PL também deixa claro que os estados e os municípios podem utilizar qualquer instituição financeira para fazer o pagamento de professores e demais profissionais da área de educação, mesmo que os recursos sejam oriundos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
Hoje, a legislação obriga, para fins de controle, que os recursos desse fundo sejam mantidos no Banco do Brasil ou na Caixa Econômica Federal.
“Mas, para fazer o pagamento de salários, os estados e municípios passam a poder contratar qualquer instituição financeira ou de pagamentos, o que é, no entendimento da Secretaria de Política Econômica, positivo para a garantia do ambiente competitivo e de menores custos para a Administração Pública”, explicou a pasta. “Como para se efetuar os pagamentos de sua folha os recursos dos entes acabam sendo contratados por outros bancos, o PL deixa claro que o pagamento por meio dessas instituições também é possível”, completou.
Confira outras notícias:
- Farra dos aumentos: acordo confirma promoção de 607 procuradores da AGU
A promoção em massa de 607 procuradores federais da AGU (Advocacia-Geral da União) foi permitida pela Justiça. No dia 17 de novembro de 2021 foi homologado acordo da União com a Anafe, que representa os advogados públicos federais, que garantiu aumentos e pagamento retroativo da diferença salarial a setembro de 2020, quando o caso foi revelado.
Serão 606 procuradores promovidos ao topo da carreira (salário de R$ 27.303) e 1 à categoria intermediária (remuneração de R$ 24.146). Segundo dados de setembro de 2020, com essa mudança, 92% dos 3.783 procuradores federais estarão no topo da carreira. O pagamento dos 15 meses retroativos será feito em contracheque extra pago em dezembro.
A ação partiu da Anafe. O Poder360 havia revelado o caso em setembro de 2020. À época, a promoção foi suspensa e eles recorreram. Agora, já que a decisão partiu de um acordo entre as partes, não há recurso.
Tanto a associação quanto a AGU defenderam a decisão. Segundo Lademir Rocha, presidente da Anafe, trata-se de uma recomposição legítima das promoções.
“Acho que a repercussão das promoções dos advogados públicos é mais por questões políticas do que jurídicas”, disse. Segundo ele, outros 150.000 servidores teriam sido promovidos no período, mas sem o mesmo destaque.
Já a AGU, que havia suspendido a promoção, disse que chegar a um acordo faz parte da linha de ação estratégica da pasta. “A solução consensual de conflitos e a redução de litígios estão entre os objetivos estratégicos da AGU. Portanto, tratando-se de acordo homologado judicialmente, operou-se a estabilização da decisão“, disse a entidade, em nota.
Nem a Anafe nem a AGU souberam dizer qual o valor total do pagamento retroativo de dezembro nem o impacto no orçamento das promoções.
A União foi representada no processo por 3 advogados federais, categoria representada pela Anafe e outras entidades. Segundo a Anafe e a AGU, Uri da Silva Ribeiro, Diogo Palau Flores dos Santos e Ana Carolina Godinho Camilo, advogados do processo, não são filiados à entidade.
Segundo Lademir Rocha, os procuradores negociaram um deságio de 10% no pagamento retroativo para evitar o acúmulo de precatórios. Ao ser pago em dezembro, diz, não entra na rubrica restos a pagar, evitando a incidência de cobranças e judicialização.
“Se empurra o processo por 1, 2, 5 anos, vira um precatório milionário com juros e moratória”, disse. Para ele, o acordo é justo com os procuradores e com os cofres públicos.
O governo de Jair Bolsonaro está mobilizado no Congresso tentando aprovar a PEC dos Precatórios, que parcelaria a dívida do governo. No ano que vem, a União terá de pagar R$ 89 bilhões em dívidas judiciais.
“Todos os atos relacionados a seus membros e servidores [da AGU] são praticados em estrita observância às disposições legais e regulamentares“, disse a AGU.
- Mercosul lança campanha digital contra o feminicídio
Com o slogan Mercosul livre de Feminicídio, os países que integram o bloco sul-americano lançam nesta quinta-feira (25) uma campanha digital para sensibilizar seus cidadãos a combater o feminicídio. A campanha reforça a importância do anonimato nas denúncias feitas pela vítima ou por pessoas que presenciam atos de violência contra a mulher.
Promovida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, uma vez que o Brasil atualmente exerce e presidência temporária do Mercosul, a campanha será veiculada nos canais digitais de comunicação das pastas da Justiça, do Interior e da Segurança dos países-membros do bloco.
No Brasil, as denúncias podem ser feitas pela Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180). A ligação é gratuita em todo o território nacional e também pode ser acessada em outros países, 24 horas por dia, todos os dias da semana.
Pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva a respeito da percepção da população brasileira sobre feminicídio revelou que 90% dos brasileiros apontam como local de maior risco de assassinato para as mulheres é dentro de casa, por um parceiro ou ex-parceiro.
A pesquisa, que ouviu 1.503 pessoas (1.001 mulheres e 502 homens) com 18 anos de idade ou mais, entre os meses de setembro e outubro, mostrou também que 57% dos brasileiros conhecem alguma mulher que foi vítima de ameaça de morte pelo atual ou por ex- parceiro e que 37% conhecem uma mulher que sofreu tentativa ou foi vítima de feminicídio íntimo.
Os países-membros do Mercado Comum do Sul são o Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai. Por descumprimento de normas do bloco, a Venezuela está suspensa do Mercosul desde 2016. A Bolívia, o Chile, o Peru, a Colômbia, o Equador, a Guiana e o Suriname são países associados ao grupo, criado na década de 1990.
Fonte: Agência Brasil - Poder360