Política

Sou presidente, não tenho como decidir questões da pandemia, diz Bolsonaro





Durante agenda em Resende, presidente evitou falar sobre medidas com o risco da chegada de nova variante da Covid-19

Menos de 24 horas após o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, acatar a recomendação da Anvisa e fechar as fronteiras para seis países devido o risco da chegada da variante Ômicron, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) preferiu não comentar a decisão.

“Não é Anvisa que decide? Pergunta pra Anvisa. Ponto final. Eu não tenho opinião. Eu sou um presidente que não tenho como decidir as questões voltadas à pandemia. Quem decide é o Supremo”, disse Bolsonaro.

Ao ser questionado sobre a realização de festas como Carnaval e Réveillon, Bolsonaro voltou a criticar a posturas de chefes de estados favoráveis aos eventos.

“Eu não vou sair pro carnaval. Pergunte para os governadores. Eduardo Paes já anunciou. Se eu falar o que não ele vai falar o que pra mim? Que não vai cumprir meu decreto. Pergunta pra ele e não pra mim”, disse o presidente.

As declarações do presidente a CNN foram dadas horas antes da agenda do Bolsonaro neste sábado (27), em Resende.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e os ministros Braga Neto e Luiz Ramos participam da Cerimônia dos Aspirantes 2021 na manhã deste sábado na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em Resende.

Pela primeira vez, em 210 anos, foram formadas também “as” Aspirantes a Oficial. Dos 391 cadetes, 368 são homens e 23 mulheres. Por conta da pandemia da Covid-19, a público do evento foi mais restrito.

Anvisa recomenda restrições contra Ômicron

A Anvisa recomendou na sexta-feira medidas de restrição para voos. A decisão vale para viajantes procedentes da África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue devido a casos da nova variante Ômicron.

A linhagem B.1.1.529 do novo coronavírus foi classificada como variante de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A decisão foi tomada após uma reunião de urgência convocada pelo grupo de trabalho sobre a Covid-19 da OMS. No comunicado, a OMS também definiu o nome técnico da nova variante: Ômicron.

Atualmente, a OMS considera como variantes de preocupação cinco linhagens do novo coronavírus: a Alfa (B.1.1.7), do Reino Unido, a Beta (B.1.351), da África do Sul, a Delta (B.1.617.2), da Índia, a Gama (P.1), do Brasil, e a Ômicron (B.1.1.529), de diferentes países, segundo a OMS.

A cepa foi relatada pela primeira vez à OMS pela África do Sul no dia 24 de novembro. Segundo a Instituição, a variante apresenta um grande número de mutações o que é o principal motivo de preocupação.

Até o momento, não há registros da variante no Brasil. Pelo menos 5 países já registraram casos da nova variante: Botsuana, África do Sul, Hong Kong, Israel e Bélgica. Pelo menos 27 países já adotaram medidas de restrição para voos do Sul da África.

 

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- Nova variante da covid-19 gera pânico nos mercados

Bolsas de valores de todo o mundo desabam com surgimento de cepa agressiva do coronavírus. B3 recua 3,39%

A notícia de que uma nova e resistente variante do coronavírus começou a se espalhar pela Europa e pela Ásia assustou o mercado financeiro ontem e causou pânico em bolsas pelo mundo. Em meio à Black Friday, o otimismo que se via nos últimos dias na bolsa brasileira deu lugar à desconfiança, e o índice Ibovespa, que abriu no patamar dos 105 mil pontos, levou um tombo: caiu a 3,39% e chegou aos 102.224 pontos.

Entre investidores, impera o medo de que a ômicron — como é chamada a variante originada na África do Sul — cause novos fechamentos de comércio e fronteiras por tempo indeterminado, como ocorreu com a chegada do vírus ao Brasil, no ano passado, e na segunda onda, no início de 2021. O clima de incerteza atingiu o mercado internacional como um todo. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, fechou em queda de 2,53%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 caiu 4,74%.

Como a histeria foi geral, a moeda norte-americana não se valorizou fortemente com relação ao real. O dólar terminou o dia cotado a R$ 5,59 com alta de 0,55%. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,66. Segundo Rodrigo Moliterno, analista da Veedha Investimentos, o que se viu no mercado foi um clima de "déjà vu" com relação à primeira onda do vírus em 2020: incertezas, instabilidade e desconhecimento foram as palavras do dia.

Ele pontuou que o medo de novas restrições em vários países penalizou, principalmente, ações de empresas aéreas e de turismo. "As notícias que saíram primeiro diziam que era uma cepa muito mais agressiva e tinha uma velocidade de contaminação alta. Essa é a notícia que temos até agora", disse. No cenário doméstico, a queda também foi acentuada para esse setor, que já enfrentava dificuldades com a greve dos aeroviários deflagrada esta semana.

"A gente vinha numa toada de recuperação. Com o avanço da PEC dos Precatórios, criaram-se-se expectativas, e, agora, nos deparamos com essa notícia. Precisamos entender a magnitude da nova cepa, e se as vacinas funcionam contra ela, ela", disse.

Impacto no PIB

Rafael Ribeiro, analista de investimentos da Clear Corretora, vê com preocupação a chegada de uma nova variante mais agressiva ao Brasil. "Levando somente em conta a realidade brasileira, uma nova paralisação da economia reduziria drasticamente a perspectiva de crescimento para os próximos anos, que já não é grande coisa, além de elevar as projeções de inflação", afirmou.

"Em termos de investimento em renda variável, uma nova variante com o potencial risco como essa aumenta muito o nível de aversão ao risco, ainda mais para o Brasil, que já está debilitado de perspectivas econômicas", complementou.

Com tamanha incerteza entre os investidores, não há consenso quanto ao comportamento do mercado nos próximos dias, já faltam informações precisas sobre a eficácia das atuais vacinas contra a omicron. Mas há quem acredite que é precipitado se desesperar agora.

Para Renan Silva, gestor da Bluemetrix Ativos, o momento é outro: já temos vacinas e um maior conhecimento sobre o vírus."Isso não se compara com fevereiro ou março de 2020. Naquele momento, o cenário era diferente, porque não havia perspectiva de vacinas, havia algo mais nebuloso e dúvidas quanto à velocidade da vacina. Agora, há uma solução, que é a vacina, há remédios novos que estão sendo testados, mas o investidor já traumatizado acaba reagindo de forma a evitar a bolsa e buscar ativos mais seguros", avaliou

"Pode ser precipitado sair vendendo ativos de forma atabalhoada e realizando prejuízos. Mesmo a bolsa tendo caído mais de 3%, não há comparação com o que ocorreu em março de 2020 quando o mercado abriu com circuit breakers e pânico estabelecido. O movimento, agora, é diferente", pontuou Silva.

Investidores exaustos

Com o vaivém de notícias sobre variantes do coronavírus, incertezas políticas e fiscais, há analistas que veem uma "exaustão" entre investidores, que sofreram na pandemia e tentam buscar retornos. É o que aponta Renan Silva. "As empresas consideram que a bolsa está muito atrativa, mas a reação depende de fluxos positivos. Então é necessário que as pessoas sintam segurança no ambiente político também", disse.

A incerteza já afetou os planos de empresas que planejavam lançar ações na bolsa. Para Vitória Saddi, sócia da SM Futures, é cedo para falar sobre fuga de capital com base nas notícias da nova variante, e há, ainda, muitas questões que precisam ser respondidas. Mas o medo de novos lockdowns tem tirado o sono dos investidores.

"As pessoas não estão conseguindo confirmar o que aconteceu, ainda não se sabe muito sobre a variante da África do Sul. O maior medo é que as restrições voltem com força total. Lá nos Estados Unidos, a economia vai bem, e voltar com lockdown é sinônimo de uma piora", disse.

"Se realmente essa variante se confirmar como uma ameaça grave, se alguém fechar — alguns países da Europa estão querendo fechar as fronteiras — e voltar o lockdown, acho que acaba tudo. A gente volta a julho de 2020. Mas todos estamos fartos disso, esperamos que as vacinas sejam eficazes contra essa cepa", concluiu.

 

- Bolsonaro participa da formatura de cadetes do Exército na Aman

O presidente Jair Bolsonaro participa neste sábado (27) às 11h, em Resende, sul do estado, na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) da formatura de 391 cadetes do 4º ano da Turma Dona Rosa da Fonseca, onde receberão a Espada de Oficial, durante a tradicional solenidade do Aspirantado. Esta será a primeira vez, em 210 anos, que serão formadas também as Aspirantes a Oficial, num total de 23 mulheres.

Dos 391 cadetes que estão se formando, 368 são do sexo masculino e 23 do feminino. Entre os homens, 135 são de Infantaria; 60 de Cavalaria; 53 de Artilharia; 40 de Engenharia; 31 de Intendência; 28 de Comunicações; 14 de Material Bélico. As mulheres são: 13 da Intendência e 10 do Material Bélico. Eles são oriundos das cinco regiões do Brasil: Sudeste (221); Sul (85); Nordeste (35); Centro-Oeste (21); Norte (22). Destes, sete são pertencentes às Nações Amigas, sendo: um da Guiana, um do Paraguai; dois do Senegal, um do Timor Leste e outros dois do Vietnã.

Solenidade

Na primeira parte da cerimônia, os cadetes entram no pátio para restituição do Espadim, que receberam quando cadetes do 1º ano, em 2018. Em um segundo momento, às11h, será a vez da declaração dos novos aspirantes com a entrega da espada de oficial, símbolo dos princípios e valores, como responsabilidade, competência, o respeito e amor à Pátria.  Será quando o cadete João Pedro Castro Brum Silva Gomes, 1⁰ colocado geral da turma, vai receber a espada das mãos do presidente Jair Bolsonaro.

Sobre a Turma

Dona Rosa da Fonseca é o Patrono da Família Militar. Nascida em 18 de setembro de 1802, na então Cidade de Alagoas, capital da província de mesmo nome, atual município de Marechal Deodoro, casou-se com o Major do Exército Imperial Manoel Mendes da Fonseca, valoroso militar e grande monarquista. Mulher de caráter varonil, sempre o apoiou em suas resoluções e o acompanhou. É reconhecida como exemplo de valores a serem seguidos pela família militar.

Restrições

Devido à pandemia de covid-19, o evento contará, mais uma vez, com a presença restrita de convidados, autoridades civis e militares. Além disso, o tradicional Baile de Gala do Aspirantado não será realizado nos moldes tradicionais. Aos convidados, foi recomendado o uso de máscaras. Para evitar aglomeração, o público será dividido por setores.

 

Fonte: CNN Brasil - Correio Braziliense - Agência Brasil