Política

Cerimônia de filiação de Bolsonaro ao PL acontece nesta terça-feira (30)





Partido Liberal será a nona legenda da vida política do presidente da República

A cerimônia de filiação do presidente da República, Jair Bolsonaro, ao Partido Liberal (PL) acontece, nesta terça-feira (30), às 9h30, no auditório do complexo Brasil 21, em Brasília. O evento será transmitido ao vivo pelo canal do YouTube da legenda.

O PL será o nono partido da vida política de Bolsonaro desde 1988. Após sair do PSL em 2019, partido em que venceu as eleições de 2018, o presidente tentou criar sua própria legenda, o Aliança pelo Brasil, que ainda não avançou.

Confira a linha do tempo:

Foram convidados para a cerimônia todos os 27 dirigentes estaduais e do Distrito Federal do PL, além de deputados e senadores próximos a Bolsonaro. O ex-senador Magno Malta, também estará presente para realizar uma “benção” durante o evento.

A ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, e o ex-governador do DF José Roberto Arruda, ambos filiados ao PL, também devem comparecer.

Ainda é esperada a filiação do senador Flávio Bolsonaro, atualmente no Patriota. Líderes do PL no Rio de Janeiro confirmam a informação ao analista de política da CNN Leandro Resende.

Entraves na filiação de Bolsonaro ao PL

Segundo o partido, a filiação de Bolsonaro acontece “em clima de unidade e congraçamento” após uma reunião com Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, em 23 de novembro, em que encaminharam a solução de contratempos regionais, um dos entraves para a ida do chefe do Executivo.

Dentre elas, estavam acordos para candidaturas a governos estaduais, bem como para direções partidárias em estados do Nordeste. Em conversas reservadas, Bolsonaro avisou que só iria acertar a filiação após o apoio do partido em São Paulo.

A executiva-nacional do PL deu “carta branca” para a entrada do presidente, bem como para a discussão da lista de candidatos. Foram apresentados por Bolsonaro o nome do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, para a disputa do governo estadual e do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Sallespara o Senado em São Paulo. Já o deputado federal Vitor Hugo (PSL) foi sugerido para concorrer ao governo de Goiás.

O desacordo entre Bolsonaro e Valdemar criou um mal-estar na sigla, obrigando a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, e o ex-senador Magno Malta a resolverem os desentendimentos.

Segundo assessores do Palácio do Planalto, Bolsonaro ainda solicitou espaço para seus aliados na executiva nacional do partido, hoje formada em sua maioria por nomes de confiança de Valdemar. Procurada pela CNN à época, o PL não respondeu aos questionamentos sobre o tema.

 

 

- Bolsonaro deixa de pagar agência de alimentos e pode ficar sem voto na FAO

O Brasil está prestes a perder seu direito de voto numa das principais entidades internacionais e de um valor simbólico grande para a história recente do país, a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura).

A crise diplomática ocorre no mesmo momento em que a instituição revela, em seus dados, um salto sem precedentes da fome no Brasil nos últimos 20 anos, enquanto o governo é denunciado por um desmonte das políticas de segurança alimentar.

De acordo com a informação coletada pela instituição, 24% dos brasileiros vivem um estágio de fome moderada, enquanto 8% atravessam uma situação de fome severa. Antes da pandemia, a taxa era de apenas 2,5%.

Dados obtidos pela coluna revelam que, desde que assumiu o cargo de presidente, Jair Bolsonaro passou a ignorar a agência internacional que lida com a fome e que tem sua sede em Roma. A FAO foi comandada pelo brasileiro José Graziano da Silva entre 2012 e meados de 2019. Graziano foi ministro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e considerado como pai do programa Fome Zero.

Mas, desde o início do primeiro ano de mandato de Bolsonaro, o país parou de pagar a instituição de forma integral. Ao completar dois anos sem fazer depósitos completos, o governo perde seu direito ao voto nas decisões da instituição. De acordo com negociadores brasileiros, essa situação está prestes a ocorrer se um pagamento importante não for feito nos próximos 30 dias.

Ao perder o direito de voto, o Brasil fica excluído das decisões da FAO, da estratégia de combate à fome ou de planos sobre meio ambiente e agricultura. Procurado, o Itamaraty não se pronunciou sobre os atrasos.

Num comunicado enviado ao governo brasileiro cobrando a dívida, a FAO detalhou a dimensão do buraco deixado pelo país.

O Brasil deve US$ 9,8 milhões e 5,5 milhões de euros, relativos ao ano de 2021. No orçamento da FAO, parte dos pagamentos é na moeda americana e uma segunda parcela é feira em euro, como forma de amenizar o impacto da variação cambial para o orçamento da instituição.

O Brasil também deve a mesma quantidade para o ano de 2020, tanto em euros como em dólares. Além disso, o país soma dívidas acumuladas de US$ 2,5 milhões e 7,1 milhões de euros, sobre o orçamento de 2019.

Isso tudo sem contar com o valor de 7,9 milhões de dólares e 5,5 milhões de euros que o Brasil precisa pagar em 1 de janeiro, relativo às contribuições para o ano de 2022.

Somando todos os anos relatados no documento da FAO cobrando o governo, a dívida chega a US$ 26 milhões e 23,8 milhões de euros. Juntos, isso equivaleria a R$ 296,5 milhões.

Em outro documento oficial da FAO, obtido pelo UOL, a entidade também constata que a dívida brasileira é a segunda maior entre todos os países que fazem parte da instituição.

Apenas o governo americano conta com um buraco maior. O que a Casa Branca deve chega a mais de US$ 110 milhões. A contribuição anual dos EUA, porém, é muito superior que a brasileira.

A crise de pagamentos do Brasil não se limita à situação na FAO. Na ONU, o governo também sofre para pagar. Mas, tendo sido eleito para o Conselho de Segurança da instituição, o governo terá de encontrar recursos para garantir a transferência de dinheiro para a ONU, antes do final do ano.

O temor em Brasília é de que, diante de tantas dívidas com as diferentes organizações, o governo Bolsonaro acabe escolhendo quais entidades receberiam os recursos de forma prioritária.

 

 

- FAB toca música de ídolo dos nazistas em evento com Bolsonaro

Concerto apresentado, na noite desta segunda-feira (30/11), teve ópera de Richard Wagner, compositor antissemita admirado pelo Terceiro Reich. Presidente Jair Bolsonaro esteve presente na cerimônia. FAB ainda não se manifestou sobre o assunto.

Presente nas comemorações alusivas aos 80 Anos da Força Aérea Brasileira (FAB), o presidente Jair Bolsonaro foi recepcionado com uma ópera do compositor alemão Richard Wagner (1813-1883). O artista ficou conhecido pelo antissemitismo e foi exaltado pelo Terceiro Reich, como símbolo de música nacionalista pelos nazistas. (Veja o vídeo abaixo) 

Wagner morreu antes da ascensão de Adolf Hitler ao poder na Alemanha, mas exerceu forte influência sobre a doutrina nazista. Era um dos principais compositores usado na propaganda nacional-socialista comandada pelo Führer. Não é a primeira vez que o compositor alemão vira referência durante o governo do presidente Jair Bolsonaro. O ex-secretário Nacional de Cultura, Roberto Alvim, tinha Richard entre seus artistas prediletos. 

A ópera tocada no evento foi Os Mestres Cantores de Nuremberg: Prelúdio. Como parte das comemorações alusivas aos 80 Anos da FAB, foi realizado o Concerto de Estreia da Orquestra Sinfônica da Força Aérea Brasileira. Transmitido pelo YouTube, o evento começou às 20h. Além do presidente, outras autoridades estiveram presentes. Jair Bolsonaro não se pronunciou na solenidade.

Em janeiro do ano passado, o secretário nacional da Cultura Roberto Rego Pinheiro, conhecido como Roberto Alvim, foi exonerado após um discurso no qual usou frases semelhantes às usadas por Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Adolf Hitler durante o governo nazista. Alvim também apresentou, ao fundo, uma música de Richard Wagner.

Correio entrou em contato com a FAB, mas até o momento não obteve resposta. O espaço permanece aberto para manifestação do órgão.

Quem foi Richard Wagner

Além do talento para a música, o compositor Richard Wagner (1813-1883) ficou conhecido pelo antissemitismo — uma das razões para ser reverenciado por Hitler. O autor, que pertencia ao grupo conservador dos "nacionalistas alemães", teria publicado nos anos 1850 e 1869 um panfleto denominado "Sobre o Judaísmo na Música", no qual menosprezava a produção artística de judeus contemporâneos a ele, como Giacomo Meyerbeer e Mendelssohn-Bartholdy.

“As composições de Richard Wagner eram sempre tocadas nos comícios do governo nazista. Nos dias de hoje, os historiadores rotulam a idéia do ‘germanismo ariano’ dentro das obras do artista. A corrente wagneriana dos dias atuais está sempre em aproximação com Hitler”, explica ao Correio o historiador pela Universidade de Brasília (UnB) Jonas Carreira.

O historiador Gustavo Glielmo destaca que em Israel, por exemplo, o compositor ainda hoje causa mal-estar. “É de muito mau gosto tocar Richard Wagner em Israel. Por esse mesmo motivo. Muitos músicos de renome já tiveram problemas porque insistiram em tocar Richard Wagner no país”, afirma.

Glielmo ressalta que, apesar de ser exaltado, Wagner não pode ser considerado nazista, pois viveu muito antes do Terceiro Reich. “Richard é muito anterior ao nazismo. Ele morreu no século 19, e o nazismo é do século 20. Os nazistas encontraram alguma inspiração nele, mas ele não contribuiu em nada com o nazismo”, diz. “Richard Wagner era um antissemita declarado. Era um compositor admirado por Hitler, sem dúvida alguma. O músico era entendido pelo nazismo como parte das raízes culturais alemãs”, conclui.

 

Fonte: CNN Brasil - Correio Braziliense - UOL