Saúde

Nova vacina contra a Covid será necessária, só não se sabe quando, diz CEO da BioNTech





Ugur Sahin também disse acreditar que haverá sazonalidade na necessidade de tomar a vacina, assim como já acontece contra o vírus da gripe

Ugur Sahin, CEO da BioNTech – empresa parceira da Pfizer no desenvolvimento de uma das vacinas contra a Covid-19 –, afirmou nesta sexta-feira (3) que já se espera a elaboração de um novo imunizante contra a doença, mas ainda não se sabe quando isso será necessário.

Sahin declarou ainda, em entrevista concedida durante conferência da Reuters, que também cresce a cada dia a probabilidade das pessoas precisarem se vacinar anualmente contra a Covid-19, semelhante ao que ocorre com a vacina contra a gripe.

Sobre a vacina desenvolvida pela BioNTech em parceria com a Pfizer, o CEO declarou que a companhia poderia adaptar “rapidamente” as doses em razão do surgimento da variante Ômicron do coronavírus.

No dia 26 de novembro, a BioNTech se pronunciou dizendo que esperava saber mais sobre a eficácia da vacina contra a nova variante Ômicron em 14 dias, e que uma nova versão da vacina poderia ser entregue em até 100 dias.

Na mesma conferência que o CEO da BioNTech, a cientista-chefe da Organização Mundial de Saúde (OMS), Soumya Swaminathan, disse que a Ômicron é, de fato, muito transmissível, mas que as pessoas não devem entrar em pânico com isso.

“Até que ponto devemos ficar preocupados? Precisamos estar preparados e cautelosos, não entrar em pânico, porque estamos em uma situação diferente de um ano atrás”, disse Swaminathan.

A OMS pediu aos países que aumentem a capacidade de seus sistemas de saúde e vacinem suas populações para combater o aumento de casos de Covid-19 causados ​​pela variante Ômicron, dizendo que as restrições às viagens podem ganhar tempo, mas não são a resposta por si só.

“A Delta é responsável por 99% das infecções ao redor do mundo. Esta variante teria que ser mais transmissível para competir e se tornar dominante em todo o mundo. É possível, mas não há como prever”, disse Swaminathan.

Até a manhã desta sexta-feira (3), 36 países tinham reportado casos da nova variante desde 24 de novembro, quando a África do Sul indicou a presença dos primeiros casos relatados à OMS.

Até o fim da tarde da quinta-feira (3), o Ministério da Saúde havia confirmado cinco casos da variante no Brasil.

 

- Vacinas agem contra covid grave, mesmo com nova variante

 

Cientistas sul-africanos concluíram que as vacinas existentes contra a covid-19 evitam a doença grave com a variante Ômicron do SARS-CoV-2. Avanços preliminares de um estudo indicam que o teste de PCR permite perceber se o contágio é com a nova mutação, sem ter que segmentar o genoma.

 

A Rede de Vigilância do Genoma da África do Sul (NGS-SA) apresentou os estudos sobre a Ômicron à Comissão de Saúde do Parlamento.

 

Apesar de ainda necessitarem de tempo para ajustar os dados, sobre o que já consideram o início da quarta onda da pandemia, garantem que estão concentrados na transmissibilidade e no efeito da imunidade que as vacinas proporcionam.

 

“A genética da Ômicron é completamente diferente da variante Delta ou das variantes anteriores”, afirmou Richard Lessels, especialista em doenças infectocontagiosas.

 

Os cientistas ainda não sabem se o período da incubação se mantém numa média de cinco dias. No entanto, Lessels garante que “as vacinas são a ferramenta que pode evitar a doença grave e a hospitalização”.

 

“Estamos preocupados não tanto com o número de mutações, mas onde elas estão concentradas, porque muitas delas o fazem no pico da proteína e, especificamente, em partes-chave que são importantes para ter acesso às nossas células. Não sabemos se os anticorpos são capazes de lidar com elas”, acrescentou.

 

O especialista destacou que, “embora a maioria dos casos positivos com a nova variante tenha sintomas ligeiros, é muito cedo para dizer o nível de periculosidade da Ômicron, porque foi detectada muito recentemente. Não sabemos se vamos ver casos mais graves”.

 

A variante já está presente em todas as províncias da África do Sul. A dúvida dos especialistas é se ela vai substituir a Delta “que se propagava a níveis muito baixos”. Lessels afirma que o teste PCR é capaz de detectar a nova variante sem a necessidade de sequenciar o genoma.

 

“Se um dos três sinais ou alvos do PCR é negativo e os outros dois positivos, então o teste continua positivo, mas algo diferente é observado. Não é possível detectar o gene Skipe. E foi o que aconteceu no laboratório Lancet, em Gauteng [província no norte da África do Sul], onde descobriram que alguns casos positivos tinham esta marca: o nocaute do gene, o que não acontece com a variante Delta. Por isso, com o PCR podemos acompanhar o rastreamento da Ômicron em tempo real, não é necessário ter a sequência genética completa, o que costuma demorar duas semanas em laboratório”, explicou.

 

O Instituto Nacional de Doenças Infecciosas da África do Sul confirmou, em novembro, que de 249 sequências localizadas, 183 eram da Ômicron. A imunidade pós-covid-19, cuja duração é desconhecida, não oferece proteção contra a nova variante.

 

A província de Gauteng (a mais populosa do país e que inclui as cidades de Pretória e Joanesburgo) continua a ser a que apresenta mais casos positivos diários, seguindo-se KuaZulu-Natal e Cabo Ocidental.

 

Oito dos 15 milhões dos habitantes de Gauteng não foram vacinados, e a taxa de transmissibilidade passou de um para 2,3.

 

“É claro que os jovens não vacinados são uma grande preocupação. Continuamos a enviar a mensagem de que ser vacinado é importante porque as pessoas imunizadas estão apresentando sintomas mais leves”, afirmou David Makhura, primeiro-ministro de Gauteng.

 

A Ômicron foi detectada em mais de 20 países, mas a África do Sul e Botsuana continuam a ser responsáveis por 62% dos novos casos identificados no mundo.

 

Fonte: CNN Brasil - Agência Brasil