Política

Bolsonaro classifica como abuso novo inquérito de Moraes aberto contra ele





Presidente também criticou prisões de Zé Trovão e Roberto Jefferson e disse que "tudo tem limite" ao comentar ações do Supremo

O presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou, durante uma entrevista ao jornal Gazeta do Povo na quarta-feira (8), o novo inquérito aberto contra ele pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), classificando-o de “abuso”.

Bolsonaro afirmou que quem estaria “avançando” sobre ele é ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, e não o contrário, e ainda complementou dizendo que “tudo tem limite”.

“Ele [Moraes] está no quintal de casa, será que vai ter coragem de entrar? Não é o desafio para ele? Quem tá avançando não sou eu, agora, isso interessa todo mundo no Brasil”, afirmou.

A CNN encontrou em contato com Alexandre de Moraes, mas o ministro ainda não se manifestou.

Bolsonaro também criticou a prisão do caminhoneiro e influenciador Zé Trovão e do ex-presidente do PTB Roberto Jefferson, suspeitos de participarem da organização de possíveis atos antidemocráticos e de “milícias digitais”.

“Trovão está preso ainda, Roberto já está preso ainda, isso é uma violência sem tamanho praticada por um ministro do Supremo Tribunal Federal que agora abriu mais um inquérito contra mim em função de uma live que eu fiz há poucos meses. É um abuso”, declarou Bolsonaro.

Na última sexta-feira (3), Bolsonaro tornou-se investigado em mais um inquérito no Supremo que, desta vez, apura possível crime apontado pela CPI da Pandemia relativo às declarações de Bolsonaro que relacionaram a vacina contra Covid-19 com o risco de contrair o vírus HIV e desenvolver Aids.

“Se quiser jogar fora das quatro linhas, eu jogo também. Não pretendo fazer isso, não é ameaça para ninguém, mas que cada uma dessas pessoas façam o juiz da sua consciência”, afirmou.

O presidente mencionou ainda as ações de desmonetização de alguns perfis nas redes sociais.

“É inadmissível o que acontece por parte de um ministro no Supremo Tribunal Federal, isso é inadmissível”, disse, desta vez sem citar Moraes.

Vagas em tribunais superiores

Ainda durante a entrevista, o presidente falou sobre as vagas disponíveis no alto escalão Judiciário, uma delas recentemente aprovada para ser destinada a André Mendonça, ex-ministro do governo.

Segundo Bolsonaro, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em que duas vagas precisam ser preenchidas em 2022, seu papel é escolher “gente com o perfil parecido com a maioria que votou” nele nas eleições.

“A gente vai mudando as coisas agora. Que que eu posso fazer algo além disso, né? Eu sou a barreira final, nós sabemos que, para o sistema, não interessa uma possível reeleição minha”, argumentou.

 

Confira outras notícias:

- Fux elogia Mendonça e diz que ele não levará valores evangélicos à Corte

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, disse que, mesmo com mais 1 ministro evangélico no quadro, a Corte seguirá respeitando a laicidade do Estado. Segundo Fux, o ex-advogado-geral da União e pastor presbiteriano André Mendonça está ciente da posição que ocupará e “não irá introjetar valores evangélicos extremos nas decisões”.

Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) como um ministro “terrivelmente evangélico”, Mendonça teve sua nomeação ao STF aprovada pelo Senado no dia 1º de dezembro, depois de meses na geladeira. A posse está marcada para a próxima 5ª feira (16.dez).

Logo depois da aprovação de Mendonça, Bolsonaro chegou a dizer que, se for reeleito, indicará mais 2 ministros evangélicos para o STF.

Ao Estadão, Fux disse que o aumento do número de evangélicos na Corte não afetará as atividades. “Quando [os ministros] assumem, se tornam juízes da Constituição e terão que zelar pela Constituição. A laicidade do Estado não permite que defendam apenas valores religiosos”, avaliou o presidente do Supremo.

Durante sabatina no Senado, Mendonça falou que a religião não moldaria suas decisões no tribunal: “na vida, a bíblia; no STF, a Constituição”.

Fux também elogiou o futuro ministro: “É muito ponderado, equilibrado, tem preocupação institucional e serenidade, muito importantes para o Supremo”.

O presidente do STF está em Washington, nos EUA. Assinou um acordo de cooperação entre o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e a CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos) na OEA (Organização dos Estados Americanos). O objetivo é monitorar o cumprimento de decisões do sistema judiciário interamericano.

Até o fim da semana, participará de reuniões no PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), em Nova York, e com o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres.

 

- Para 37%, vida piorou com Bolsonaro; 22% veem melhora, diz PoderData

Pesquisa PoderData realizada de 6 a 8 de dezembro de 2021 mostra que 37% dos brasileiros dizem que a vida piorou nos quase 3 anos de governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Outros 22% dizem que a sua vida melhorou no período, e 37% consideram que está igual.

As taxas variaram dentro da margem de erro de 1,8 ponto percentual da pesquisa em relação a janeiro de 2021, quando a pergunta foi feita pela última vez. Em relação a setembro de 2020, quando Bolsonaro tinha pouco mais de 1 ano e meio de gestão, a taxa dos que dizem ter piorado de vida aumentou 9 pontos; de lá para cá, a dos que relatam melhora caiu 15 p.p..

Em setembro de 2020, quando as taxas eram mais favoráveis ao presidente, Bolsonaro passava por um ciclo de alta popularidade. Na época, mais de 60 milhões de brasileiros recebiam as parcelas do auxílio emergencial de R$ 600. Comparativamente, em novembro de 2021, o governo fez pagamentos de, em média, R$ 224 para 14,5 milhões de famílias pelo programa Auxílio Brasil. Na 3ª feira (7.dez), o presidente editou uma Medida Provisória para possibilitar que os pagamentos cheguem a R$ 400.

Também há 1 ano e meio, a taxa de avaliação do trabalho do presidente da República como “bom” ou “ótimo” circulava em torno dos 50% –hoje está em 22%.

O alto percentual de pessoas que dizem não ver melhora nem piora na própria vida durante o governo dá um tom de “copo meio cheio ou meio vazio” aos resultados. A oposição pode alegar que mais da metade da população (74%) diz que a vida está igual ou pior (37%+37%) a antes da posse de Bolsonaro; o governo, por sua vez, pode dizer que, mesmo na pandemia, mais da metade dos brasileiros (59%) relata ter uma vida melhor ou igual (22%+37%) do que 3 anos antes.

Hoje, a percepção negativa sobre a vida sob o governo Bolsonaro está atrelada ao cenário econômico, com a redução do poder de compra dos brasileiros, o aumento da inflação e a disparada de preços de alimentos, combustíveis e gás de cozinha.

A pesquisa foi realizada por meio de ligações para telefones celulares e fixos de 6 a 8 de dezembro de 2021. Foram 3.000 entrevistas em 489 municípios nas 27 unidades da Federação de 6 a 8 de dezembro de 2021.

Para chegar a 3.000 entrevistas que preencham proporcionalmente (conforme aparecem na sociedade) os grupos por sexo, idade, renda, escolaridade e localização geográfica, o PoderData faz dezenas de milhares de telefonemas. Muitas vezes, mais de 100 mil ligações até que sejam encontrados os entrevistados que representem de forma fiel o conjunto da população. A margem de erro é de 1,8 pontos percentuais. Saiba mais sobre a metodologia lendo este texto.

ESTRATIFICAÇÕES

Nos recortes por idade, 44% dos que têm de 45 a 59 anos afirmam que a vida piorou; 40% daqueles com 60 anos ou mais acham que não mudou. Em relação à escolaridade, 43% dos que cursaram até o fundamental dizem que a vida não mudou, e 51% dos que têm ensino superior afirmam que piorou.

Na região Sul, 47% dizem que a vida piorou depois de Bolsonaro. No Centro-Oeste, a taxa dos que relatam melhora é mais alta: 33%.

CRUZAMENTO: AVALIAÇÃO DE BOLSONARO

A percepção sobre a vida tem forte correlação com a avaliação do trabalho do presidente. Entre os que o consideram “ótimo” ou “bom”, a fatia dos que acham que a vida piorou não chega a 1%.

 

Fonte: CNN Brasil - Poder360