Política

Bolsonaro diz que Dallagnol procurou pastor de Michelle para indicação à PGR





O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que ex-coordenador da força-tarefa da operação Lava Jato Deltan Dallagnol agiu para tentar emplacar o procurador Vladimir Aras como procurador-geral da República. Bolsonaro citou trechos da chamada “Vaza Jato”, série de reportagens do The Intercept Brasil, algumas feitas em parceria com outros veículos, com base nos diálogos de integrantes da operação.

A declaração foi feita em live transmitida em seus perfis nas redes sociais.

Segundo a conversa lida pelo presidente, Vladimir Aras procurou Dallagnol para intermediar um encontro com o pastor da 1ª dama, Michelle Bolsonaro. Pelas mensagens trocadas entre os então procuradores, Dallagnol marca uma data para a reunião.

“Qual assunto foi tratado?”, questiona Bolsonaro. “Indicação para a PGR. Em vez de procurar a mim, foi procurar o pastor da 1ª dama. Minha esposa não passou nada para mim na época e não chegou a ela essa informação”.

“Procurando a minha esposa para se dar bem”, declarou. Bolsonaro afirmou que Michelle não “se intromete em nada de política”, por causa dos compromissos com o Programa Pátria Voluntária, iniciativa social do Executivo que ela coordenada. O presidente pareceu esquecer o nome do programa quando se referiu às atividades da 1ª dama:

“Raramente ela “[Michelle] fala alguma coisa de política, até porque ela tem uma vida bastante atribulada na… como é o nomo do programa dela? Pátria Voluntária, atendendo deficientes no Brasil todo”. 

Bolsonaro usou outros trechos das conversas entre procuradores da Lava Jato, que incluem também diálogos com o então juiz Sergio Moro. Hoje pré-candidato à Presidência e crítico do governo, Moro foi ministro da Justiça de Bolsonaro por 1 ano e 4 meses.

“Em um dado momento um procurador fala o seguinte: ‘Descobrimos quem vaza os dados da família Bolsonaro do Coaf para a imprensa. O procurador de baixo fala ‘kkkkkk’, outro ‘kkkkk’, zombando. Onde tinham o dever de zelar pela lei, estavam zombando”. 

Em outro momento, Bolsonaro disse que procuradores da Lava Jato votaram em Fernando Haddad (PT) para presidente nas eleições de 2018.

“Em quem a maioria dos procuradores da Lava Jato votaram? Tá escrito ali, pô. Votaram No Haddad do PT. Eles não estavam combatendo a corrupção do PT? Como a maioria votou num candidato do PT? O Haddad. É direito dele votar em quem entender. Mas isso não é pregar moral de cuecas?”

 

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- Durante posse de Mendonça, Bolsonaro fala em "renovação" no STF

André Mendonça, o ministro "terrivelmente evangélico", teve posse realizada nesta quinta-feira. Em seguida, com família, amigos e autoridades, o ex-AGU comemorou o novo cargo em um culto

O presidente Jair Bolsonaro (PL) teceu elogios a André Mendonça durante culto em homenagem ao recém-empossado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O chefe do Executivo ressaltou a "humildade" dele e disse que a chegada do pastor à Corte é um sinal de renovação.

“Ao indicar o André, não vou dizer que o Supremo vai melhorar ou não, mas vai renovar. Acreditemos no jovem André!”, pediu o chefe do Executivo.

O evento ocorreu no Santuário Nacional, na Asa Sul – região nobre de Brasília. Logo após a cerimônia de posse na Corte, Mendonça seguiu acompanhado da esposa para o culto, que reuniu familiares, amigos e autoridades.

Durante discurso, Mendonça afirmou que a posse significa “alguns passos para um evangélico, e um salto para toda a igreja”. Além disso, o magistrado reiterou o compromisso de que irá servir ao país.

“Se de um lado muitos imaginam que chegar ao Supremo Tribunal Federal seja o ápice da carreira jurídica, tenham a consciência de que é apenas o início de uma grande e desafiadora jornada, uma caminhada que deve ter como foco o serviço ao meu país”, disse o novo ministro. 

Renovação 

Bolsonaro dividiu com o público como conheceu o novo ministro. “Eu disse pra Damares que caso chegasse [à presidência], um dos meus dois ministros seria terrivelmente evangélico. Quis o destino que, por ocasião da transição, aparecesse o André. Eu não o conhecia, fiquei sabendo depois de um tempo que ele era de Miracatu, e eu fui criado numa cidade vizinha a dele”, iniciou.

“Fomos se conhecendo, o compromisso do terrivelmente evangélico veio bem depois. Tinha alguns anos pela frente. E fui conhecendo o André. Você pode ver muitas virtudes numa pessoa. A que eu mais ressaltava nele era sua humildade, uma pessoa com bagagem cultural enorme, mas conversava comigo, que tenho uma formação bem diferente da dele. Sempre me orientando, apesar de ser 20 anos mais novo que eu. Isso vai cativando a gente”, completou o presidente.

Se referindo ao ministro da Corte, Ricardo Lewandowski, presente no evento, Bolsonaro comentou sobre outras indicações que poderá fazer caso seja reeleito. “O Supremo é um poder importante para nós e tem que ser respeitado. E tudo se renova nessa vida. A renovação agora veio com o André. Em 2023, senhor ministro [Lewandowski], vem o senhor, é a sua idade que chega", disse. 

“A renovação, também existe, ministro Lewandowski, não só no Supremo, também no Executivo. No Legislativo, também. Tem que renovar? É natural. Tem que manter? Tem que ser reconhecido o seu trabalho? Que se mantenha. Isso tudo faz o Brasil”, completou o presidente. 

Michelle Bolsonaro também se manifestou e falou em gratidão e correntes de oração. “Devemos orar pela vida das autoridades, porque é isso que a Bíblia ensina. Gostando ou não, nós temos esse dever e essa missão”, disse.

Regras para o público

Com entrada restrita, os convidados tinham que ter nome na lista para entrar no local, que comporta cerca de 4 mil pessoas. Filas se formaram do lado de fora, com centenas de fiéis acompanhados de bíblias. Mesmo com a entrada sendo concedida, as filas não diminuíram, pois seguidamente chegavam caravanas. Os convidados evangélicos desembarcaram de ônibus e vans para ver o culto.

Eles também receberam um adesivo que funciona como ingresso e identificação. Um portão separado foi reservado para autoridades. O esquema de segurança não permitiu que os convidados entrassem com guarda-chuva, álcool em geral e garrafas com água.

A igreja ficou lotada e pelo menos 100 apoiadores e fiéis ficaram do lado de fora. Após alguns minutos do início do culto, as portas da igreja foram fechadas. O culto foi realizado pelo Bispo Primaz Manoel Ferreira, presidente da Convenção Nacional da Assembleia de Deus no Brasil Ministério de Madureira (Conamad).

Fonte: Poder360 - Correio Braziliense