Cultura

O Papa: ser missionários do Evangelho começando dos ambientes em que vivemos





Francisco convidou as crianças da Ação Católica a assumirem o estilo de Deus que é proximidade, compaixão e ternura. "Cada um deve defender sua própria originalidade. O Beato Carlo Acutis, contemporâneo de vocês, repetiu isto muitas vezes", disse o Papa.

Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência, neste sábado (18/12), na Sala Clementina, no Vaticano, os adolescentes da Ação Católica Italiana.

Cada pessoa é única

"Na medida para você" é o tema, deste ano, do caminho de crescimento na fé dos jovens. O Papa gostou deste tema e disse: "É bonito pois cada um de nós é uma pessoa única".

Nós não somos fotocópias, somos todos originais! A coisa ruim é quando queremos imitar os outros e fazer as coisas que as pessoas fazem, que outros fazem, e passamos de originais a fotocópias. Isto é ruim: cada um deve defender sua própria originalidade. O Beato Carlo Acutis, contemporâneo de vocês, repetiu isto muitas vezes e, de fato, é importante que cada um de vocês use com alegria, todos os dias, a "roupa" de sua própria originalidade, de sua própria personalidade.

O Papa disse aos jovens que Jesus os ama assim como eles são e com o aproximar-se do Natal, Francisco lembrou que Jesus veio ao mundo criança e acredita num mundo "na medida de uma criança".

Ele nos fez entender isso ao nascer em Belém e ainda hoje se faz próximo dos adolescentes de cada país e de cada povo, e o faz todos os dias. Este é o estilo de Deus, que se descreve em três palavras: proximidade, compaixão e ternura. Este é o estilo de Deus: não é outro.

Ir ao encontro de Jesus

A seguir, o Papa disse que "é possível ser missionários do Evangelho em todos os lugares, começando dos ambientes em que vivemos: na família, na escola, na paróquia, nos locais esportivos e de diversão. Mas para fazer isso, para assumir o estilo de Jesus, para ser suas testemunhas, é preciso primeiro estar perto dele, abrir espaço para ele. Não tenham medo de dedicar tempo a Ele na oração, de falar com Ele, com Jesus, sobre seus amigos, de pedir-Lhe ajuda nas dificuldades, de conversar com Ele quando estiverem felizes ou tristes".

Segundo Francisco, Jesus fará os jovens "crescerem naquela nobreza que uma pessoa tem quando toma sobre si sua própria medida". Citou o exemplo de Gino Pistoni, um jovem que morreu aos 20 anos, em 1944, durante a II Guerra Mundial, enquanto socorria um soldado inimigo ferido. Ele fazia parte da Ação Católica de Ivrea. Em sua mochila estava a escrita: “Ofereço minha vida pela Ação Católica e pela Itália, Cristo Rei”. À luz dessa vida doada, Francisco disse aos jovens: "Cada um deve se expressar com tudo o que tem", olhando para Jesus. Convidou os jovens a encontrarem Jesus "na missa, especialmente quando fazem gestos de partilha e solidariedade para com os outros, quando estão perto de que está sozinho, sem amigos, em dificuldade, perto de quem sofre", inclusive da idade deles.

O presente a Francisco para os pobres

Os adolescentes da Ação Católica doaram ao Papa alguns sacos de dormir e material de higiene pessoal, para serem oferecidos como um presente àqueles que estão em necessidade. Porque na grande família em que são educados, com a ajuda de assistentes e animadores, eles sentem a beleza de uma mensagem - a do Papa - que vem "mostrando uma nova Igreja, cujas portas estão abertas, bem abertas para o mundo e na qual os fiéis não fiquem parados, mas se entregam a fim mostrar a beleza do Evangelho de Jesus".

 

- A Santa Sé responde às dúvidas dos bispos sobre a celebração da Missa antiga

Uma carta do Prefeito da Congregação para o Culto Divino às Conferências episcopais acompanha a publicação das respostas aos quesitos recebidos das Igrejas locais e que dizem respeito à aplicação do Motu proprio "Traditionis custodes", que entrou em vigor em julho passado.

Onze "dubia", questões que entram no mérito da aplicação do Motu proprio Traditionis custodes com o qual o Papa Francisco, em julho de 2021, promulgou novas normas relativas para o uso dos livros litúrgicos que antecedem a reforma desejada pelo Concílio Vaticano II. E um número igual de respostas corroboradas por notas explicativas. Os "dubia" mais frequentes apresentados pelos bispos e as "responsa" do dicastério, aprovados pelo Papa, que especificam alguns pontos do Motu proprio, foram publicados hoje no site da Congregação para o Culto Divino. Eles são acompanhados por uma carta do Prefeito, o arcebispo Arthur Roche, que ao dirigir-se aos presidentes das Conferências episcopais explica a direção tomada: "Toda norma prescrita tem sempre o único objetivo de salvaguardar o dom da comunhão eclesial caminhando juntos, com convicção de mente e coração, na linha indicada pelo Santo Padre".

As igrejas paroquiais

A primeira pergunta diz respeito à possibilidade de celebrar com o rito pré-conciliar em uma igreja paroquial se não houver possibilidade de encontrar uma igreja, oratório ou capela para o grupo de fiéis que usam o Missal de 1962. O Motu proprio excluía isto, para enfatizar que a Missa com o rito anterior é uma concessão limitada e não faz parte da vida ordinária da comunidade paroquial. A resposta é afirmativa, mas somente se for constatada a impossibilidade de utilizar outra igreja e sem inserir a celebração no horário das Missa paroquiais, evitando também a concomitância com as atividades pastorais da paróquia. Estas indicações, explica a resposta, não pretendem marginalizar os fiéis vinculados ao rito anterior, mas lembrar-lhes "que se trata de uma concessão para o seu bem" e não "uma oportunidade para promover o rito anterior" que já não está em vigor.

Os sacramentos no rito antigo

O segundo "dubium" diz respeito à possibilidade de celebrar não somente a Eucaristia (com o Missale Romanum de 1962, objeto da concessão), mas também os outros sacramentos previstos pelo Rituale Romanum (a última editio typica é de 1952) e pelo Pontificale Romanum precedente à reforma litúrgica. Em primeiro lugar, recordamos que o Rituale Romanum abrange os sacramentos do batismo, penitência, matrimônio, unção dos enfermos e sacramentais, como as exéquias. O Pontificale Romanum, por sua vez, diz respeito aos sacramentos presididos pelo bispo, ou seja, a confirmação e as ordenações. A resposta é negativa: a autoridade da Santa Sé, de fato, considera que, para avançar na direção indicada por Francisco, a possibilidade de utilizar livros litúrgicos revogados não deve ser concedida e que os fiéis devem ser acompanhados "para uma compreensão plena do valor da forma ritual" resultante da reforma litúrgica. No entanto, há algumas distinções importantes. O "responsum" especifica que só será possível utilizar o Ritual anterior em "paróquias pessoais canonicamente erigidas", ou seja, exclusivamente em paróquias já instituídas pelo bispo e dedicadas aos fiéis ligados ao rito antigo. Nem mesmo nessas paróquias, entretanto, será permitido utilizar o Pontificale para a crisma e ordenações. O motivo desta proibição, com relação à crisma, é explicado pelo fato de que a própria fórmula do sacramento da confirmação foi alterada por São Paulo VI e, portanto, não é considerado apropriado utilizar a fórmula abolida, uma vez que ela sofreu mudanças substanciais.

A concelebração

Outra questão diz respeito à possibilidade de continuar usando o antigo Missal para aqueles sacerdotes que não reconhecem a validade e legitimidade da concelebração, recusando-se a concelebrar em particular a Missa crismal com o bispo na Quinta-feira Santa. A resposta é negativa, porém, antes de revogar a concessão, pede-se ao bispo que "estabeleça uma discussão fraterna com o presbítero, para assegurar que esta atitude não exclua a validade e a legitimidade da reforma litúrgica", do Concílio Vaticano II e do Magistério dos Pontífices. O bispo, antes de revogar a concessão, oferecerá ao sacerdote o tempo necessário para um "confronto sincero", convidando-o a viver a concelebração.

As leituras na tradução autorizada

À pergunta se nas Missas do rito antigo é possível usar o texto completo da Bíblia escolhendo de lá as partes indicadas no Missal, a Santa Sé responde que sim. O antigo Missal continha não só o rito, mas também as Leituras do dia, enquanto que depois da reforma o Missal com as rubricas e orações foi separado do Lecionário com os textos da Escritura. Como o Motu Proprio do Papa Francisco prescreve que as Leituras - em latim no Missal antigo - devem ser sempre proclamadas nas línguas de cada país, está autorizado a usar a Bíblia na tradução singularmente aprovada pelas Conferências episcopais para uso litúrgico. Por outro lado, não é autorizada a publicação dos Lecionários nos idiomas locais com o ciclo de Leituras previsto pelo rito antigo.

O "sim" da Santa Sé para autorizar os sacerdotes

Uma quinta pergunta diz respeito à consulta da Santa Sé por parte do bispo antes de responder afirmativamente ao pedido de um sacerdote ordenado depois de 16 de julho de 2021 que pretende celebrar no rito antigo. A resposta explica que em tais casos as concessões devem ser autorizadas pela Santa Sé. O esclarecimento foi necessário porque a versão italiana do Motu proprio do Papa Francisco declarou que o bispo, antes de conceder a autorização, "consultará a Sé Apostólica". No texto latino do documento, que é o oficial de referência, está claramente indicado que antes de qualquer concessão para novos sacerdotes, o bispo deve ser autorizado por Roma. A Congregação para o Culto Divino encoraja todos os formadores dos seminários a acompanhar os futuros diáconos e sacerdotes na compreensão e vivência da riqueza da reforma litúrgica.

Tempo, território e autorizações

À pergunta se o bispo pode conceder permissão para usar o antigo Missal por um período de tempo específico, de modo a reservar a possibilidade de verificação, a Santa Sé responde afirmativamente. A Santa Sé também responde afirmativamente à pergunta se a concessão está ligada apenas ao território de sua diocese. No "responsum" para outro "dubium" é especificado que no caso de ausência ou impossibilidade do sacerdote autorizado, a pessoa que o substitui também deve ter autorização formal para usar o antigo Missal. A autorização também é necessária para diáconos e ministros instituídos que participam da celebração da Missa pré-conciliar.

Não às dúplices celebrações

A décima e décima primeira questões dizem respeito à possibilidade de "binação". No primeiro caso, um pároco ou capelão que já celebrou para seus fiéis no novo rito nos dias de semana não está autorizado a celebrar novamente no rito antigo, seja em grupo ou privadamente. A dupla celebração nos dias de semana só é permitida por razões pastorais, que não estão presentes neste caso, já que os fiéis já tiveram a oportunidade de participar da Eucaristia celebrada de acordo com o Missal resultante da reforma pós-conciliar. Por fim, à pergunta se um sacerdote autorizado a usar o antigo Missal que já celebrou de acordo com este rito para um grupo de fiéis pode celebrar uma segunda Missa com o mesmo rito para outro grupo, a resposta é não. De fato, não há "causa justa" ou "necessidade pastoral", dado que os fiéis têm a possibilidade de participar da Eucaristia na forma ritual atual.

 

- O Papa: olhemos nos olhos as pessoas descartadas que encontramos

 

Por ocasião do Dia Internacional dos Direitos dos Migrantes, Francisco no Twitter nos exorta a nos deixarmos questionar pelo sofrimento dos outros a fim de reagir contra a indiferença.

Eugenio Bonanata/Mariangela Jaguraba – Vatican News

 

"Olhemos nos olhos as pessoas descartadas que encontramos, deixemo-nos provocar pelos rostos das crianças, filhos de migrantes desesperados. Deixemos que o sofrimento deles escave dentro de nós para reagirmos à nossa indiferença."

 

Este é o tuíte do Papa Francisco, neste sábado (18/12), por ocasião do Dia Internacional dos Direitos dos Migrantes. No Angelus de 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição, o Papa havia proferido estas palavras ao falar de sua viagem a Chipre e à Grécia, em particular a Lesbos.

 

Lojudice: o Papa em Chipre e na Grécia exemplo de fé encarnada

 

O arcebispo de Siena, cardeal Paolo Lojudice, em diálogo com a Telepace, nos convida a nos concentrarmos no "magistério dos sinais de Francisco" para apreender seu significado evangélico. Sinais concretos como os produzidos na 35ª viagem apostólica, concluída no dia 6 de dezembro. "A fé cristã", diz o cardeal, "exige viver o Evangelho aplicando-o na realidade, caso contrário é outra coisa. O arcebispo de Siena usa essas palavras para descrever a essência da recente viagem do Papa Francisco. Repercorrendo as imagens-chave dos dias passados ​​nas fronteiras da Europa, o prelado nos convida especialmente a focalizar a obra incansável do Papa de praticar o Evangelho nas situações dolorosas do mundo.

 

"É sempre surpreendente ver o abraço espontâneo do Papa com algumas crianças, uma das quais literalmente se jogou nos seus braços", disse ele. Um dos momentos destinados a ficar gravados nas mentes e nos corações de todos que levam o cardeal Lojudice a falar do "magistério dos gestos do Papa Francisco". "São aquelas cenas a que o sucessor de Pedro nos habituou, baseadas na consistência, isto é, na demonstração prática do anúncio através do próprio corpo. "É a ideia de uma fé cristã que deve ser declinada e traduzida em realidade: uma fé encarnada, que não pode prescindir desta imediação e do existir".

 

Olhares que interpelam

 

Seguindo o exemplo dos outros Papas, Francisco quer ir aos confins da terra para olhar nos olhos as pessoas mais necessitadas e sofredoras. "Isso significa dar aquela concretude que o Evangelho inevitavelmente traz consigo, lembrando-nos que a fé cristã tem a ver com a vida cotidiana e que de nenhuma maneira pode ser destilada ou muito menos ser colocada num arquivo ou num museu". A esperança é de que as escolhas de Francisco possam ter consequências, em particular no que diz respeito às escolhas da Europa em termos de acolhimento de migrantes.

 

Uma mudança de ritmo

 

"Esperamos que estes gestos toquem realmente à consciência de quem tem a tarefa e o dever de intervir em determinadas direções", afirma o arcebispo de Siena, evocando o precioso trabalho subterrâneo das associações de caridade. Ao mesmo tempo, a resistência não deve ser esquecida diante dos constantes apelos do Papa sobre certas questões. "Infelizmente, também nas nossas comunidades há pessoas que menos compreendem o valor e a importância evangélica destes discursos, embora o que o Papa diz essencialmente sobre o acolhimento seja uma exortação a aplicar o Evangelho na realidade." Mas qual é a razão do comportamento de alguns cristãos? “Não escondemos o fato de que além de se distrair com as preocupações relacionadas ao trabalho e à pandemia, existe um pequeno grupo que talvez pense que a fé católica só deve ser defendida e que tudo o que vem do outro representa uma ameaça. No entanto, esta é claramente uma deturpação do pensamento cristão e evangélico”.

 

Fonte: Vatican News