Política

Bolsonaro critica vacinação de crianças e diz que filha não será vacinada





Dados do Ministério da Saúde de dezembro mostram que 2.625 crianças e adolescentes entre zero e 19 anos morreram desde o primeiro caso da covid-19 no Brasil, em março de 2020

Em meio a uma terceira onda de covid-19 no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que desconhece o número de óbitos de crianças pela doença e criticou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por liberar a vacinação do público pediátrico. O chefe do Executivo voltou a dizer, também, que sua filha mais nova, de 11 anos, não será vacinada.

Bolsonaro aproveitou para recomendar aos pais que questionem os verdadeiros interesses dos “tarados por vacinas”. As declarações foram concedidas em entrevista à TV Nova Nordeste nesta quinta-feira (6/1).

“Desconheço (o número de crianças mortas por covid-19), mas com toda certeza existe algum moleque que morreu em função de covid, mas que tinha algum problema de saúde grave ou tinha outra comorbidade”, afirmou o presidente. Dados do Ministério da Saúde de dezembro, mostram, no entanto, que 2.625 crianças e adolescentes entre zero e 19 anos morreram desde o primeiro caso da doença no Brasil, em março de 2020.

Ainda sem apresentar evidências, o presidente também afirmou que há efeitos colaterais nas doses do imunizante da Pfizer. “Você vai vacinar seu filho contra algo que no jovem, por si só, a possibilidade de morrer é quase zero? O que está por trás disso? Qual é o interesse da Anvisa por trás disso? Qual é o interesse das pessoas taradas por vacina? É pela sua vida? Pela sua saúde? Se fosse, estariam preocupados com outras doenças e não estão. Não se deixe levar por propaganda”, questionou.

O chefe do Executivo ainda criticou o órgão regulador e os movimentos pela vacinação. “A Anvisa, lamentavelmente, aprovou a vacina para crianças entre 5 e 11 anos de idade. Eu quero dar a minha opinião e a minha filha de 11 anos não será vacinada. Eu pergunto: você tem conhecimento de uma criança que tenha morrido de covid? Na minha frente tem 10 pessoas e ninguém levantou o braço. É um direito seu vacinar, está autorizada, mas você, pai e mãe, veja possíveis efeitos colaterais. Uma das questões que nós colocamos, que você, pai, tem que saber, a grande empresa Pfizer não se responsabiliza por efeitos colaterais. Vê se é o caso de o seu filho se vacinar ou não, nós compramos a vacina e é voluntária, mas veja os possíveis efeitos colaterais”, destacou.

Estados preparados para vacinar crianças

As falas do presidente acontecem no mesmo dia em que Wellington Dias, presidente do Fórum dos Governadores do Brasil, pede a rápida distribuição das vacinas aos estados para a imunização de crianças. No vídeo publicado nas redes sociais nesta quinta-feira, o governador do Piauí afirma que, assim que chegarem aos 27 estados da Federação, será feita a distribuição imediata das doses.

“Estamos prontos. Ao chegar em cada estado, iniciaremos a vacinação, seguindo a regra que foi anunciada e que segue a ciência. Quero dizer aqui que nosso objetivo continua o mesmo: salvar vidas. Nesse caso, salvar vidas de crianças. E, é claro, vamos seguir cobrando da Anvisa também a aprovação para vacinação abaixo de cinco anos", disse no vídeo.

 

Confira outras notícias 

- Presidente da Espanha agradece a Lula nas redes sociais - Congresso em Foco

O presidente da Espanha, Pedro Sánchez, usou as redes sociais nesta quinta-feira (5) para agradecer o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por sair em defesa da revogação da reforma trabalhista no país. As regras foram validadas em 2012 e serviram de base para a reforma aprovada no Brasil.

O mandatário europeu elogiou Lula por reconhecer o novo modelo de legislação trabalhista que vai garantir os direitos de todos. “Esta é uma conquista coletiva da Espanha, um compromisso do Governo e um exemplo de que, com diálogo e acordos, podemos construir um país mais justo e solidário”, escreveu.

Este es un logro colectivo de España, un compromiso del Gobierno y ejemplo de que, con diálogo y acuerdos, podemos construir un país más justo y solidario.
Gracias, @LulaOficial, por reconocer este nuevo modelo de legislación laboral que garantizará los derechos de todos y todas. https://t.co/nw7oxAQ59K

— Pedro Sánchez (@sanchezcastejon) January 6, 2022

Na Espanha, a mudança foi aprovada em 2012 e serviu como base para a proposta no Brasil. Chamada de “contra reforma” no país europeu, a negociação foi articulada pelo primeiro-ministro Pedro Sánchez, empresas, sindicatos e partidos, como o Partido Socialista Espanhol (Psoe). A reforma foi realizada no Brasil durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), com a promessa da criação de “milhões de empregos” e “aumentar a renda dos trabalhadores”.

A reforma atual, entre outras medidas, estabelece regras para que acordos entre empresários e representantes dos trabalhadores passem a ter força de lei, o chamado “negociado sobre o legislado”.

A proposta, no entanto, ainda deverá passar por análise do parlamento da Espanha.

 

Fonte: Congresso em Foco - Correio Braziliense