Economia

Dólar começa semana em alta com exterior arisco e persistente ruído fiscal doméstico





O dólar começou a semana em alta frente ao real, numa segunda-feira amplamente negativa no mundo para ativos considerados mais arriscados, diante de receios cada vez maiores sobre os potenciais impactos de altas de juros nos Estados Unidos neste ano.

O dólar à vista fechou com valorização de 0,72%, a 5,6723 reais, devolvendo boa parte da queda de 0,85% da sexta-feira.

Ao longo desta segunda, a cotação oscilou entre ligeira baixa de 0,05%, a 5,6292 reais, e ganho de 1,10%, para 5,694 reais.

Na B3, às 17:31 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,66%, a 5,7025 reais.

O dólar subiu no Brasil assim como em outros países emergentes. Contra o rand da África do Sul, por exemplo, a moeda dos EUA avançava 0,7%, enquanto ganhava 1% ante o peso chileno. Uma cesta mais ampla de divisas emergentes perdia 0,11%.

O pregão foi novamente de combalido apetite por risco, o que afeta diretamente moedas do perfil do real, vistas como mais arriscadas e correlacionadas aos preços das commodities, os quais caíram nesta segunda.

Os contratos futuros do minério de ferro de referência na China recuaram 2% nesta segunda-feira. O insumo é um dos mais relevantes na pauta de exportação brasileira.

O rali das taxas dos títulos de dívida do governo norte-americano tomou novo fôlego nesta sessão e ajudou a dar impulso ao dólar globalmente, na medida em que ampliou os retornos de investimentos na renda fixa lastreada na moeda dos EUA.

O mercado discute amplamente chances de mais de três elevações de juros nos Estados Unidos e também redução da carteira de ativos do banco central dos EUA --combinação que enxugaria a quantidade de dólares no sistema financeiro, colaborando para aumento do preço da moeda.

"Mantemos viés positivo para o dólar", disseram profissionais do Citi em nota, citando potenciais reveses aos mercados emergentes decorrentes de aperto monetário nos EUA. Aqui, os porta-vozes destacaram que a eleição presidencial ainda não está "totalmente" no radar e que uma desaceleração mais expressiva do crescimento econômico na margem é um risco para a taxa de câmbio.

O dólar ganhou terreno no Brasil nesta segunda-feira depois de na semana passada já ter valorizado cerca de 1%. Não bastassem temas internacionais, analistas têm afirmado que o real volta a mostrar fragilidade devido ao cenário para as contas públicas, cuja incerteza ganhou novos contornos com a pressão de servidores públicos por aumentos salariais.

"Este é um risco fiscal importante, já que não há espaço para aumento geral de salários neste ano dentro do teto de gastos constitucional: pelos nossos cálculos, um aumento de 10% no salário dos servidores públicos federais custaria cerca de 30 bilhões de reais", disse a XP.

Fonte: UOL