Política

Estados Unidos pode enviar tropas à Europa Oriental em meio a tensões na Rússia





Iniciativa ocorre para tentar deter a Rússia, que concentrou dezenas de milhares de soldados na fronteira com a Ucrânia

O governo Biden está nos estágios finais para identificar as unidades militares específicas que deseja enviar à Europa Oriental.

A iniciativa ocorre em meio a um esforço para deter a Rússia, que concentrou dezenas de milhares de soldados na fronteira com a Ucrânia, de acordo com vários oficiais dos EUA e de defesa.

Nenhuma decisão ainda foi tomada, mas a CNN informou que o presidente Joe Biden discutiu com seus principais oficiais militares, durante um briefing em Camp David no sábado (22), opções para reforçar os níveis de tropas dos EUA no Báltico e no Leste Europeu.

O envio de tropas em potencial ocorre em meio a alertas dos EUA de que uma possível invasão russa da Ucrânia pode ser iminente.

O Departamento de Estado americano reduziu no domingo (23) o pessoal da embaixada dos EUA em Kiev, na Ucrânia, com a saída de funcionários não essenciais e familiares por motivos de “muita cautela”.

Uma opção que o governo Biden está considerando é mover entre mil e 5 mil soldados, tanto para reforçar os aliados do Leste Europeu e do Báltico quanto para estarem disponíveis para ajudar a retirar os cidadãos americanos, se necessário, de acordo com um funcionário da alta cúpula da defesa.

O objetivo de enviar reforços militares para a Europa Oriental seria fornecer dissuasão e tranquilizar os aliados. Não houve nenhuma sugestão de que as tropas americanas fossem enviadas para a Ucrânia ou participassem de quaisquer funções de combate.

Os EUA enviaram dois carregamentos de armas para a Ucrânia na semana passada como parte de uma assistência de segurança recentemente direcionada para ajudar a reforçar as forças armadas do país.

Os países da Otan também estão enviando navios e caças adicionais para a Europa Oriental e colocando forças de prontidão, disse o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, em comunicado nesta segunda-feira (24).

“A Otan continuará a tomar todas as medidas necessárias para proteger e defender todos os aliados, inclusive reforçando a parte oriental da Aliança”, disse Stoltenberg.

A última avaliação de inteligência do Ministério da Defesa ucraniano descobriu que a Rússia já enviou mais de 127 mil soldados à região, enquanto autoridades dos EUA disseram que pode haver uma invasão a qualquer momento.

As autoridades americanas ainda não sabem o que o presidente russo, Vladimir Putin, planeja fazer, ou se decidiu, de fato, invadir a Ucrânia. Alguns membros do governo estadunidense dizem que há evidências de que a Rússia está planejando tentar tomar Kiev e derrubar o governo, como a CNN noticiou anteriormente.

O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido disse em um comunicado, no sábado, que tem informações de que o governo russo planeja “instalar um líder pró-Rússia em Kiev, enquanto considera se deve invadir e ocupar a Ucrânia”.

Moscou nega que esteja planejando uma invasão, acusando os EUA e a Otan de aumentar as tensões por seu apoio à Ucrânia. O Kremlin descartou na segunda-feira (24) os relatos sobre os planos de instalar um líder pró-Rússia na Ucrânia e classificou os boatos como “histeria”.

“As tensões estão aumentando devido a ações concretas tomadas pelos EUA e pela Otan”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

“Quero dizer, a histeria informacional, que estamos testemunhando, é generosamente enquadrada por uma enorme quantidade de informações falsas, apenas mentiras e falsificações”, acrescentou.

Autoridades do Departamento de Estado dos EUA disseram a repórteres no domingo (23) que a decisão de reduzir o pessoal da embaixada não se deveu a nenhuma mudança nos níveis de ameaça aos americanos no país.

As autoridades disseram que a medida ocorreu em parte porque a assistência do Departamento de Estado seria “severamente impactada” se houver uma ação militar russa na Ucrânia.

Além da redução de pessoal dos EUA em sua embaixada em Kiev, o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido também anunciou na segunda-feira que alguns funcionários e dependentes da embaixada britânica estavam sendo retirados em resposta às crescentes ameaças da Rússia.

Os EUA continuam a se envolver diplomaticamente com a Rússia, mas as negociações recentes não conseguiram trazer nenhum avanço.

A Rússia disse que os EUA e a Otan devem se comprometer a nunca admitir a Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte, e retirar as implantações militares dos países do Leste Europeu, incluindo a Romênia e a Bulgária.

Os EUA têm dito repetidamente que essas demandas são inacessíveis, embora o secretário de Estado, Antony Blinken, tenha declarado na semana passada que os EUA responderiam por escrito às demandas de Moscou após sua reunião com o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov.

 

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A Alemanha está pronta para ajudar a Ucrânia financeira e economicamente, disse a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, nesta segunda-feira (24) em Bruxelas, enquanto a pressão internacional sobre Berlim aumenta para entregar armas a Kiev.

“Estamos ao lado da Ucrânia, no que diz respeito ao apoio financeiro e econômico”, disse Baerbock a repórteres antes de uma reunião com seus colegas da União Europeia.

Respondendo a uma pergunta sobre se cortar a Rússia do sistema global de mensagens SWIFT deveria ser uma opção para sanções, Baerbock repetiu sua posição de que o “pau mais duro” pode nem sempre ser a arma mais inteligente a ser usada no final do dia.

Entenda as tensões

As tensões entre a Ucrânia e a Rússia estão em seu ponto mais alto dos últimos anos, com uma tropa russa a postos próxima à fronteira entre as duas nações, levantando temores de que Moscou possa iniciar uma invasão nas próximas semanas ou meses.

A Rússia tem cerca de 100 mil soldados na fronteira com a Ucrânia desde os últimos meses, enquanto as autoridades ucranianas já alertaram para um ataque russo. O presidente Vladimir Putin, da Rússia, nega a intenção de atacar.

A Ucrânia foi invadida pela Rússia na década passada, quando Putin apoiou grupos separatistas na região da Crimeia, que foi anexada pela potência euroasiática depois da incursão.

 

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Medida é mais um sinal de que o Ocidente se prepara para uma medida agressiva vinda da Rússia contra a Ucrânia 

A aliança militar Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) afirmou nesta segunda-feira (24) que estava colocando forças em prontidão e reforçando o leste europeu com mais navios e jatos de guerra, em resposta ao acúmulo de tropas russas nas fronteiras com a Ucrânia.

A medida é mais um sinal de que o Ocidente se prepara para uma medida agressiva vinda da Rússia contra a Ucrânia, embora Moscou negue ter planos para invadir o país vizinho.

“Saúdo os aliados contribuindo com forças adicionais à Otan”, disse o secretário-geral da aliança militar ocidental, Jens Stoltenberg, em comunicado. “A Otan continuará a tomar todas as medidas necessárias para proteger e defender todos os aliados, incluindo reforçar a parte leste da aliança.”

Reino Unido afirmou que estava retirando alguns funcionários e dependentes de sua embaixada na Ucrânia em resposta à “ameaça crescente da Rússia”, um dia depois de os Estados Unidos anunciarem que estavam ordenando que membros das famílias de diplomatas fossem embora do país.

“A ação militar da Rússia pode chegar a qualquer momento”, afirmou a embaixada dos Estados Unidos em um comunicado. Autoridades “não estarão em posição de retirar cidadãos norte-americanos nessa contingência, então os cidadãos dos EUA que atualmente estiverem na Ucrânia têm que se planejar de acordo”, acrescentou.

Diplomatas norte-americanos na embaixada em Kiev estão sendo liberados para irem embora voluntariamente.

As tensões em torno da Ucrânia contribuíram para o aumento no preço do petróleo. A mais recente negociação entre Rússia e EUA, na sexta-feira (21), não conseguiu produzir um avanço ao impasse.

A Rússia exige que a Otan retire a promessa de que a Ucrânia pode se juntar à aliança um dia, e que ela retire tropas e armas de ex-países comunistas no leste europeu que entraram na Otan após a Guerra Fria.

Washington afirma que essas demandas não são negociáveis, mas está pronto para discutir outras ideias em torno de controle de armas, implantação de mísseis e medidas que construam confiança.

Os Estados Unidos e a União Europeia advertiram a Rússia a não invadir a Ucrânia. A Dinamarca disse que a UE estava pronta para impor sanções econômicas “nunca antes vistas”, e ministros das Relações Exteriores da UE se reunindo em Bruxelas disseram que enviariam um alerta unificado a Moscou.

Estima-se que 100.000 tropas russas estejam posicionadas ao alcance da fronteira com a Ucrânia. A Rússia está esperando a resposta por escrito às suas demandas esta semana.

O Reino Unido disse neste fim de semana ter informação de que o governo russo estava considerando um ex-parlamentar ucraniano como potencial candidato para chefiar uma liderança marionete pró-Rússia em Kiev.

Fonte: CNN Brasil