O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta terça-feira (8/2) que o congelamento do salário dos servidores foi a "menos traumática" das medidas aventadas pelo governo. A declaração ocorreu durante visita a Salgueiro, em Pernambuco, onde participou da cerimônia de inauguração do Núcleo de Controle Operacional da Transposição do Rio São Francisco. Na ocasião, em uma tentativa de aproximação e de quebrar resistências, Bolsonaro chamou a região de "meu Nordeste".
"Tivemos dificuldades. Naquele momento, a proposta que veio do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia era cortar 25% do salário de todo mundo para poder enfrentar a pandemia. A outra proposta do nosso lado, porque algo amargo tinha que acontecer para atingir os nossos objetivos, foi congelar o salário por um ano e meio. Fizemos o menos traumático. Fizemos o que foi possível fazer", apontou.
Apesar de ter destinado cerca de R$ 1,7 bilhão ao reajuste dos servidores na semana passada, Bolsonaro não formalizou quais categorias serão contempladas. No último dia 29, o presidente chegou a dizer que não teria como conceder o aumento a todo o funcionalismo ou terminaria dando “1% para todos”.
Bolsonaro ainda mentiu alegando que a ele não coube medidas para contornar a pandemia porque o Supremo as concedeu apenas a governadores e prefeitos. Em janeiro do ano passado, após o presidente dar declarações semelhantes, a Corte rebateu o presidente e destacou que a decisão tomada sobre a competência da União, estados e municípios na adoção de medidas sanitárias não impedia que o governo federal atuasse no combate à pandemia.
Em nota, a mais alta Corte de Justiça do país afirmou na data que decidiu "que União, estados, Distrito Federal e municípios têm competência concorrente na área da saúde pública para realizar ações de mitigação dos impactos do novo coronavírus".
O Supremo destacou que esse entendimento foi reafirmado pelos ministros em diversas ações e julgamentos realizados. O tribunal destacou ainda que, "conforme as decisões, é responsabilidade de todos os entes da Federação adotarem medidas em benefício da população brasileira no que se refere à pandemia".
"Enfrentamos a pandemia. A mim não coube ou não couberam as medidas contar a covid. Esse poder foi delegado a estados e municípios por parte do Supremo. Nós atendemos a população com material de recursos de saúde, em hospitais de campanha bem como atender governadores e prefeitos com expectativa de perda de Receita", completou Bolsonaro em Pernambuco.
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) minimizou nesta 3ª feira (8.fev.2022) críticas que recebeu por chamar assessores de “pau de arara” durante uma live nas redes sociais. Em Salgueiro (PE), o chefe do Executivo afirmou que, entre amigos, costuma utilizar os termos “cabra-da-peste, pau de arar, arataca e cabeçudo”.
“Eu sempre me referi com os amigos, né, cabra-da-peste, pau de arara. Eu me chamo de alemão também, sem problema nenhum. Arataca, cabeçudo, pô, é isso aí, valeu”, disse entrevista ao Blog do Magno.
Na 5ª feira (3.fev), Bolsonaro perguntou a assessores, durante transmissão ao vivo, sua, de qual estado e cidade de origem de Padre Cícero. Sem receber uma resposta imediata e impaciente com a demora, o presidente os chamou de “pau de arara”. A expressão pode ser considerada preconceituosa. “Cheio de pau de arara aqui e não sabem em que cidade fica Padre Cícero, pô?”, disse.
O presidente realiza nesta 3ª feira e amanhã pequena turnê pelo Nordeste para entregas de obras da transposição do Rio São Francisco. Ele participou nesta manhã da inauguração do Núcleo de Controle Operacional da transposição.
“É uma obra que mais do que economizar recurso dos impostos de vocês vai efetivamente levar aquilo que está na Bíblia. Água é vida. Algo que o ser humano não pode abrir mão”, disse no evento.
O projeto de transposição foi iniciado em 2007, no 2º mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Desde 2020, o presidente viaja ao Nordeste para inaugurar de forma fracionada e em tom de pré-campanha trechos da transposição.
Na cerimônia de inauguração em Salgueiro, Bolsonaro ouviu cobrança do vice-prefeito de Salgueiro, Edilton Carvalho, que pediu ajuda do governo federal para retomar o fornecimento de água para o município. “Presidente, também tem uma queixa a fazer: nossa cidade tem 18 dias sem ter água e não se resolve o problema”, disse.
Na sua fala no evento, o presidente não falou sobre o pedido. Em seus discursos, os ministros Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Gilson Machado (Turismo) culparam o governo estadual pela falta d’água na cidade.
Segundo Marinho, o presidente não pode intervir na atuação da Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento). “Nós temos um convênio de 17 milhões em recursos na conta do governo Estado desde o ano passado para que as pequenas adutoras ao longo do canal possam ser feitas. Esse dinheiro não foi gasto um centavo”, disse.
O Nordeste é tradicionalmente reduto eleitoral petista. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em primeiro nas pesquisas de intenção de voto para o comando do Planalto. Pesquisa PoderData realizada entre 31 de janeiro e 1º de ferreiro indicou que o petista tem 41% das intenções de voto contra 30% de Bolsonaro.
Em um eventual 2º turno entre Bolsonaro e Lula, o ex-presidente também sai na frente e tem 54% das intenções de voto, contra 37% do atual presidente. De todas as regiões, Lula tem maiores intenções de voto no Nordeste: 51% da população nordestina afirmaram que votariam no petista. Bolsonaro se sai melhor no Norte, com 40% das intenções de voto dos eleitores nortistas.
A pesquisa também indicou que 60% da população do Nordeste avalia o governo de Bolsonaro como “ruim” ou “péssimo”. Outros 22% dos nordestinos consideram o governo como “ótimo” e “bom”. Para 14%, a gestão do presidente é “regular” e 5% não souberam responder.
Na avaliação geral, com eleitores de todas as regiões, o trabalho do presidente Jair Bolsonaro é considerado “ruim” ou “péssimo” por 53% do eleitorado brasileiro. A taxa está acima de 50% desde junho de 2021. A parcela da população que avalia o chefe do Executivo como “ótimo” ou “bom” foi 27%.
Fonte: Correio Braziliense - Poder360