Política

Bolsonaro fala em ditadura e anuncia que nos próximos dias algo vai nos salvar





As declarações ocorreram durante conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada nesta quinta-feira (10/2)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira (10/2) que o Brasil vive o que chamou de uma "ditadura da caneta", em referência ao Judiciário. Em tom enigmático, sem detalhar, disse ainda que "nos próximos dias vai acontecer algo que vai nos salvar". As declarações ocorreram durante conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.

"Qual a diferença de uma ditadura feita pelas armas, como a gente vê, por exemplo, em Cuba, Venezuela, em outros países, de uma ditadura que vem pelas canetas. Qual é a diferença? Nenhuma. Vocês sabem o que está acontecendo no Brasil. Eu acredito em Deus, mas nos próximos dias vai acontecer algo que vai nos salvar no Brasil. Tenho certeza disso", disse o presidente.

O comentário do chefe do Executivo foi feito após um apoiador se oferecer para fazer uma oração para que Bolsonaro se curasse de sua obstrução intestinal, motivo que o levou a ficar internado no hospital no começo do ano. Não houve necessidade de cirurgia.

 

- Bolsonaro diz que não regulamentará mídia

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta 5ª feira (10.fev.2022) que a mídia continuará livre caso ele seja reeleito. Em conversa com apoiadores, ele criticou o que classificou como um ataque a liberdade.

O presidente falava sobre as ações do governo no Nordeste com seus apoiadores na saída do Palácio do Alvorada. Bolsonaro fez uma turnê pela região e visitas de obras da transposição do Rio São Francisco.

Bolsonaro afirmava que os gastos com carro-pipa para a região são maiores do que os gasto com bombeamento de água. Segundo ele, os carros-pipa eram usados como forma de ganhar voto.

Igual pregavam muito, agora o pessoal com celular, com a mídia livre – que vai continuar livre, não vai ser um canalha ou outro que vai querer, e vocês sabem a quem estou me referindo, que vai querer cercear a liberdade nossa – com esse tipo de informação que eles têm, essa prisão vai deixar de existir”, disse Bolsonaro.

A fala de Bolsonaro ocorre depois de uma fala do ex-presidente Lula (PT) na 4ª feira (9.fev) durante uma entrevista à Rádio Clube, de Pernambuco. Segundo ele, é preciso “estabelecer determinadas regras de civilidade nos meios de comunicação”. Negou, porém, que a ideia seja uma censura.

“Não falem de censura para mim, eu quero a liberdade de imprensa. Liberdade em que a imprensa fale o quiser, mas que também seja respeitado o direito de resposta”, disse Lula.

A fala do petista foi criticada pelo governador de São Paulo João Doria, pré-candidato à Presidência pelo PSDB. Doria também falou em “afronta à liberdade” ao criticar Lula.

“DITADURA DA CANETA”

Bolsonaro também afirmou que “algo” irá acontecer nos próximos dias que “vai salvar” as pessoas no Brasil.

“Qual é a diferença de uma ditadura feita pelas armas, como a gente vê, por exemplo, em Cuba, Venezuela, de uma ditadura que vem pelas canetas. Qual é a diferença? Nenhuma”, disse Bolsonaro. “Vocês sabem o que está acontecendo no Brasil. Eu acredito em Deus e nos próximos dias vai acontecer algo que vai nos salvar no Brasil.”

Durante evento no Rio Grande do Norte, na 4ª feira (10.fev.2022) fez referências a decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) sem mencionar o Judiciário. Falou sobre o assunto ao dizer que não ameaça “ninguém”.

“Não têm do que nos acusar, a não ser ‘grosso, fala palavrão, insensível, não é democrata’. Eu não prendi nenhum deputado, eu não desmonetizei página de ninguém, eu não ameaço ninguém, mesmo os que me ofendem, os que me atacam.”

REAJUSTE DE PROFESSORES 

Outro tema comentado por Bolsonaro com seus apoiadores foi o reajuste dos professores. Em 4 de fevereiro, Bolsonaro oficializou o reajuste de 33,23% apara professores da rede pública de educação básica.

Pelas contas da CNM (Confederação Nacional dos Municípios), o reajuste anunciado pelo governo federal, de 33,24%, terá impacto de R$ 30,46 bilhões nos cofres dos municípios.

A entidade recomendou a correção do piso pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) medido nos 12 meses anteriores ao reajuste –a mesma métrica usada na correção do salário mínimo geral. O INPC fechou 2021 em 10,16%.

Nós fizemos o que a lei mandava fazer. A lei é 33%”, disse Bolsonaro. “Olha, a lei é de 2008, a relatora foi uma deputada do PT, hoje ela é governadora e está contra a lei dela”, falou, em referência à governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT).

Na época deputada, Fátima Bezerra fez parte das discussões na Comissão de Educação, mas não era relatora. Segundo os registros da Câmara, o relator da matéria no plenário foi o então deputado Eduardo Cunha.

Fonte: Correio Braziliense - Poder360