Política

Bolsonaro fala em dificuldades para Globo renovar concessão





O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que a TV Globo pode “enfrentar dificuldades” para conseguir a renovação da outorga de serviços de radiodifusão, que vence em 5 de outubro, quando completa o prazo de 15 anos. A declaração foi dada em entrevista ao ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (Pros), na Rádio Tupi.

Mesmo com a declaração, Bolsonaro não tem poder de decisão sobre essa e outras concessões. Segundo a lei, o presidente só indica uma posição por meio de decreto, mas a palavra final é do Congresso.

“A renovação da concessão da Globo é logo após o 1º turno das eleições deste ano. E, da minha parte, para todo mundo, você tem que estar em dia. (…) Não vamos perseguir ninguém, nós apenas faremos cumprir a legislação para essas renovações de concessões. Temos informações de que eles vão ter dificuldades”, afirmou Bolsonaro.

O chefe do Executivo fez crítica à emissora e se disse “perseguido” pelo jornalismo do canal. “Eu fui muito mais perseguido que você, Garotinho”, afirmou o presidente ao radialista da Tupi, agora seu aliado político. “Com todo respeito, eu sou um herói nacional. Sempre disseram que ninguém resiste a 2 meses de Globo. Eu estou resistindo”.

Vale lembrar que Bolsonaro disse na 5ª feira (10.fev.2022) que a mídia continuará livre caso seja reeleito. Em conversa com apoiadores, ele criticou o que classificou como um ataque a liberdade.

“Igual pregavam muito, agora o pessoal com celular, com a mídia livre –que vai continuar livre, não vai ser um canalha ou outro que vai querer, e vocês sabem a quem estou me referindo, que vai querer cercear a liberdade nossa– com esse tipo de informação que eles têm, essa prisão vai deixar de existir”, disse Bolsonaro.

A fala ocorre depois de uma entrevista do ex-presidente Lula (PT) na 4ª feira (9.fev.2022) à Rádio Clube, de Pernambuco. Segundo ele, é preciso “estabelecer determinadas regras de civilidade nos meios de comunicação”. Negou, porém, que a ideia seja uma censura.

“Não falem de censura para mim, eu quero a liberdade de imprensa. Liberdade em que a imprensa fale o quiser, mas que também seja respeitado o direito de resposta”, disse Lula.

As concessões para exploração dos canais abertos de televisão duram 15 anos. A detentora da outorga pede a renovação ao Ministério das Comunicações, que encaminha parecer ao Palácio do Planalto. A Presidência envia sua posição ao Congresso, que tem a palavra final sobre a renovação ou não.

 

Confira outras notícias 

- Escolha por marqueteiro inexperiente preocupa aliados de Bolsonaro

Outros presidenciáveis optaram por profissionais com presidentes eleitos no currículo

O pleito de 2022, além da corrida pelas filiações, federações e articulações, também desperta o interesse por profissionais do marketing político. Os chamados “marqueteiros” no jargão popular. Entretanto, os aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) não estão muito contentes, já que o mandatário preferiu Duda Lima, sem experiência em campanhas nacionais.

O profissional comandou a campanha do deputado federal Celso Russomano (Republicanos) à prefeitura de São Paulo, em 2016. Naquele ano, Russomanno chegou a liderar as pesquisas de intenção de voto, mas terminou em terceiro. O eleito à Prefeitura foi o tucano e atual governador João Doria.

Agora com tempo de TV, aliados alertam o presidente e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) que a campanha precisa ser profissional e com um marqueteiro que entenda como fazer um bom horário político (ele terá mais de cinco minutos diários). Vale destacar que agora Bolsonaro integra um partido mais robusto, o PL, e não um ex-nanico, sua antiga legenda, o PSL - que ganhou corpo com sua eleição.

Por exemplo, a escolha é avessa a do presidenciável Ciro Gomes (PDT), que optou pelo experiente João Santana, que comandou diretamente dez campanhas presidenciais. Duhalde (Argentina, em 1999), Lula (em 2006), Maurício Funes (El Salvador, em 2009), Dilma (em 2010), Danilo Medina (República Dominicana, em 2012), Hugo Chávez (Venezuela, em 2012), Jose Eduardo (Angola, em 2012), Jose Domingos Árias (Panamá, em 2014), Dilma (em 2014) e Danilo Medina (República Dominicana, em 2016) – oito vitórias em sete países.

O ex-presidente Lula (PT) também escolheu um marqueteiro com currículo vasto, Augusto Fonseca - ele trabalhou nas campanhas de Fernando Henrique Cardoso (em 1994) e ao lado de Duda Mendonça na campanha de Lula (em 2002). Também esteve nas campanhas de Aécio Neves (em 2014) e de Ciro Gomes (em 2018).

O ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro (Podemos) escolheu o marqueteiro argentino Pablo Nobel. Ele não tem experiência em eleições brasileiras, o que pode prejudicar o ex-juiz que também é inexperiente em campanhas eleitorais. Nobel participou das campanhas de Alberto Fernández (em 2018) e de Mauricio Macri ( em 2015).

 

- Governo cancela viagem de Mario Frias para a Rússia

O governo federal cancelou a viagem do secretário especial de Cultura, Mario Frias, e de assessores da pasta para Rússia, Hungria e Polônia. O grupo integraria a comitiva do presidente Jair Bolsonaro (PL), que embarca em missão oficial para Rússia e Hungria na 2ª feira (14.fev.2022). A informação foi dada pelo jornal O Globo e confirmada pelo Poder360.

O cancelamento foi 1 dia depois de o Ministério Público pedir ao TCU (Tribunal de Contas da União) a apuração dos gastos da viagem oficial de Frias a Nova York em dezembro do ano passado. Foi acompanhado do secretário especial adjunto da Cultura, Hélio Ferraz. Gastaram R$ 81.958,12.

A Secretaria Especial de Cultura, vinculada ao Ministério do Turismo, disse que a participação dos membros da pasta foi cancelada “devido à orientação da presidência”. A visita de Bolsonaro à Rússia está mantida, segundo o presidente, “por respeito à soberania” dos países.

“Devido à orientação da presidência, que solicitou a redução da comitiva de todos os ministérios que iriam para as agendas na Rússia e Hungria, não havia mais sentido manter a viagem para agenda apenas na Polônia, sendo cancelada a viagem para remarcar em outra data”, afirmou em nota a Secretaria de Cultura.

Fonte: Poder360 - Correio Braziliense