Política

Putin: Rússia manterá abastecimento de gás para mercados mundiais





Garantia é dada em carta enviada a conferência sobre energia

A Rússia continuará a fornecer gás natural ininterruptamente aos mercados mundiais, disse nesta terça-feira (22) o presidente russo, Vladimir Putin, em carta enviada a uma conferência sobre energia em Doha, no Catar.

A observação foi feita no momento em que os Estados Unidos e seus aliados europeus se preparavam para anunciar novas sanções contra a Rússia, depois que Putin reconheceu duas regiões separatistas no leste da Ucrânia.

Chanceler

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, questionou hoje se a Ucrânia tem direito à soberania, argumentando que o governo de Kiev não representa as partes constituintes do país, informou a agência de notícias Interfax

"Se falamos do princípio de soberania e integridade territorial, um dos documentos-chave é a Declaração sobre Princípios de Direito Internacional relativos às Relações Amistosas entre os Povos", disse Lavrov.

Ele acusou a Ucrânia de estar em desacordo com isso desde 2014, quando um presidente apoiado por Moscou foi derrubado em Kiev e substituído por um líder pró-ocidental, levando a Rússia a anexar a península ucraniana da Crimeia e a apoiar insurgência no leste ucraniano.

"Acho que ninguém pode afirmar que o regime ucraniano, desde o golpe de Estado de 2014, representa todas as pessoas que vivem no território", acrescentou Lavrov, de acordo com a agência.

O chanceler minimizou a ameaça de sanções contra o país, dizendo que o Ocidente as imporia independentemente dos eventos e descrevendo como previsível a resposta ao reconhecimento pela Rússia de duas regiões separatistas da Ucrânia.

"Nossos colegas europeus, americanos e britânicos não vão parar e não vão se acalmar até que tenham esgotado todas as suas possibilidades para a chamada 'punição da Rússia'. Eles já estão nos ameaçando com todo tipo de sanções ou, como dizem agora, 'a mãe de todas as sanções'", disse Lavrov.

"Bem, estamos acostumados a isso. Sabemos que as sanções serão impostas de qualquer forma, em qualquer caso. Com ou sem razão", acrescentou.

 

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Questionado sobre uso de forças russas, Putin diz que “cumprirá obrigações se necessário”

Congresso da Rússia aprovou uso de tropas no exterior

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, voltou a falar sobre a crise na Ucrânia. Em coletiva de imprensa nesta terça-feira (22), Putin afirmou que os acordos de Minsk não existem mais e que vão fornecer às regiões separatistas “ajuda apropriada”, inclusive com assistência militar, se necessário.

Quando perguntado sobre o uso de tropas em Donbas (região no Leste da Ucrânia onde estão os separatistas pró-Rússia), Putin afirmou que pretendem “cumprir com nossos compromissos e obrigações”. Ainda assim, o presidente disse que as forças não devem ir imediatamente para o local e que uma ação pode “depender da situação”.

Junto a isso, a Câmara Alta do Parlamento russo autorizou o uso de forças armadas russas no exterior, um pedido que o próprio presidente havia feito mais cedo.

Durante a coletiva, Putin desencorajou a Ucrânia a se juntar à Otan e, mais uma vez, acusou o país do Leste Europeu de planejar adquirir armas nucleares, o que classificou como uma ameaça. Ele, então, disse que deve haver uma desmilitarização da Ucrânia.

Quanto aos acordos de paz de Minsk, o presidente disse que eles foram “mortos” pelas autoridades ucranianas e que não há “nada para cumprir”. 

Isso acontece um dia após o reconhecimento da independência de duas regiões separatistas da Ucrânia, as autoproclamadas Repúblicas de Donetsk e Luhansk (veja o mapa abaixo). Mais tarde no mesmo dia, Putin disse que seriam enviadas tropas para as regiões.

Na coletiva desta terça, o presidente russo afirmou que foram reconhecidas as “áreas expandidas” das regiões separatistas.

Entenda o conflito

Após meses de escalada militar e intemperança na fronteira com a Ucrânia, a Rússia está aumentando a pressão sobre seu ex-vizinho soviético, ameaçando desestabilizar a Europa e envolver os Estados Unidos.

A Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas portas do país. A mobilização provocou alertas de oficiais de inteligência dos EUA de que uma invasão russa pode ser iminente.

Nas últimas semanas, os esforços diplomáticos para acalmar as tensões não chegaram a uma conclusão. Foi reconhecida pelo presidente russo Vladimir Putin, na segunda-feira (21), a independência de Donetsk e Luhansk, duas áreas separatistas ucranianas.

A escalada no conflito de anos entre a Rússia e a Ucrânia desencadeou a maior crise de segurança no continente desde a Guerra Fria, levantando o espectro de um confronto perigoso entre as potências ocidentais e Moscou.

 

- União Europeia anuncia sanções a indivíduos, empresas e bancos russos

Anúncio foi feito em coletiva de imprensa nesta terça-feira, um dia após Putin reconhecer a indepedência de áreas separatistas na Ucrânia

A União Europeia concordou com uma série de sanções contra a Rússia e as regiões separatistas após o presidente Vladimir Putin reconhecer a independência de duas regiões separatistas na Ucrânia.

O chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell, disse que esse é um momento particularmente perigoso para a Europa. Jean-Yves Le Drian, ministro da Europa e assuntos estrangeiros da França, complementou dizendo que a aprovação das sanções foi feita de forma unânime.

“Miramos bancos que financiam os tomadores de decisão da Rússia e operações naqueles territórios”, disse Borrell, acrescentando que 27 indivíduos e entidades que “prejudicam a integridade territorial da Ucrânia” serão alvo de sanções.

O pacote contém propostas contra “aqueles que estavam envolvidos na decisão ilegal”; “bancos que estão financiando militares russos e outras operações nesses territórios” e “visar a capacidade do Estado e do governo russos de acessar os mercados e serviços financeiros e de capitais da UE”.

Além disso, outras proposições aprovadas visam “limitar o financiamento de políticas escaladoras e agressivas”; “e direcionar o comércio das duas regiões separatistas para e da UE, para garantir que os responsáveis ​​sintam claramente as consequências econômicas de suas ações ilegais e agressivas”.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen, disse, em coletiva de imprensa após o anúncio, que novas sanções serão adotadas contra a Rússia se necessário.

Outro bloco que também anunciou que aplicará sanções é o G7. Pelo Twitter, a ministra das Relações Exteriores da Rússia, Liz Truss, disse que os ministros “concordaram em um forte pacote coordenado de sanções” e que continuarão apoiando a integridade territorial da Ucrânia.

Anteriormente, a Alemanha já havia anunciado que vai suspender a certificação do gasoduto Nord Stream 2, o que deve impactar financeiramente a Rússia, visto que o país é responsável por 1/3 do gás consumido na Europa.

Fonte: Agência Brasil - CNN Brasil