Economia

Dólar fecha a R$ 5,05, menor valor em quase 8 meses; bolsa opera em alta





Ucrânia segue no radar dos investidores, mas ainda não supera os fatores de alta da moeda brasileira

O dólar fechou em queda de 1,08%, nesta terça-feira (22), cotado a R$ 5,051, no menor valor desde 1º de julho de 2021 (R$ 5,044).

A moeda norte-americana recuou enquanto o real era beneficiado pelos juros elevados do Brasil e por um fluxo voltado a mercados ligados a commodities(favorecendo a balança comercial). Ao mesmo tempo, a situação na Ucrânia segue no radar dos investidores, mas ainda não supera os fatores de alta da moeda brasileira.

O fortalecimento do real em 2022 tem feito com que altas em preços de produtos como o petróleo sejam aliviada no Brasil, o que “tem segurado em parte as pressões inflacionárias vindas de fora”, diz André Perfeito, economista-chefe da Necton.

Já o Ibovespa, por volta das 17h, horário de Brasília, subia 1,15%, aos 113.015 pontos, favorecido por um fluxo de investimento estrangeiro que beneficia pelas ações ligadas a commodities. O índice trabalhava em meio a uma expectativa de alta de preços devido à escalada na tensão entre Rússia e Ucrânia, além de setores como bancos e varejo.

Entre as ações que compõem o Ibovespa, as principais quedas eram do Banco Inter (BIDI11), após divulgação de balanço trimestral, e da Americanas (AMER3), mantendo um recuo da véspera enquanto seus sites de compras permanecem fora do ar.

Na véspera (21), o dólar teve queda de 0,70%, cotado a R$ 5,105, no menor valor desde 29 de julho de 2021. Já o Ibovespa caiu 1,02%, aos 111.725,30 pontos.

Ucrânia

Em discurso realizado na Casa Branca nesta terça-feira (22), o presidente dos Estados UnidosJoe Biden, anunciou um pacote de sanções contra a Rússia. As determinações incluem o corte de financiamento de dois bancos russos e restrições a membros de famílias de elite russas.

Biden também anunciou que autorizou movimentos adicionais de forças e equipamentos militares dos EUA na Europa para “fortalecer” os aliados bálticos na Estônia, Letônia e Lituânia, após o presidente russo Vladimir Putin ordenar tropas em duas regiões separatistas da Ucrânia.

A medida é uma reação ao movimento do presidente russo, Vladimir Putin, que na segunda-feira (21) considerou grupos separatistas no leste da Ucrânia como independentes e determinou o envio de tropas para as regiões.

Com isso,a Rússia tomou a decisão, também nesta terça-feira, de retirar sua equipe diplomática da Ucrânia, segundo informações do Ministério das Relações Exteriores.

“Nossa primeira prioridade é cuidar dos diplomatas russos e funcionários da Embaixada e Consulados Gerais. Para proteger suas vidas e segurança, a liderança russa decidiu evacuar funcionários das missões russas na Ucrânia, que serão implementadas em um futuro muito próximo”, disse em comunicado.

O potencial de novas escaladas envolvendo a Rússia e a Ucrânia, como uma invasão do país, aumenta a aversão a riscos dos investidores e leva à busca pelo dólar. Para André Perfeito, economista-chefe da Necton, “o aumento da tensão pode favorecer o real via commodities mais elevadas”.

Exterior

A situação ainda não superou os benefícios para o real de um ciclo de migração de investimentos para mercados ligados a commodities e vistos como baratos, com o Brasil beneficiado também pelos juros altos, que limita os efeitos das apostas em uma política de alta de juros agressiva pelo Federal Reserve.

O ciclo está ligado, em partes, a expectativas de mais medidas pró-crescimento na China que estão aumentando as esperanças de uma recuperação na demanda por metais, o que leva a altas nos preços. Por outro lado, intervenções do governo chinês no mercado têm gerado quedas recentes, em um sobe e desce na cotação.

No caso do petróleo, analistas do Goldman Sachs afirmam que os preços do tipo Brent devem superar os US$ 100 por barril neste ano. Segundo eles, o mercado de petróleo continua em um “déficit surpreendentemente grande” já que o efeito da variante Ômicron do coronavírus na demanda pela commodity é, até agora, menor do que o que era esperado. Além disso, as tensões na Ucrânia fazem os preços subirem, já acima dos US$ 90.

Outro fator que pesa nesse movimento é a expectativa de alta de juros nos Estados Unidos já no mês de março, de 0,25 ou 0,5 ponto percentual, reforçada por dados de inflação levemente acima do esperado. Com isso, investidores estrangeiros têm saído do mercado de ações norte-americano.

Com a inflação americana batendo recorde em quatro décadas, o Fed vem dando indicações mais duras aos mercados, mas a ata da última reunião do banco não deixou claro o tamanho e ritmo do aperto que o banco central americano fará, indicando que as decisões ocorrerão a cada reunião pelo contexto econômico.

Qualquer alta de juros no país pode afetar os investimentos no Brasil, já que torna os títulos do Tesouro norte-americano ainda mais atrativos para os investidores, pressionando negativamente o real.

Brasil

A revisão para cima do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do boletim Focus e a fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que a tendência de inflação é crescente colaboram para expectativa de alta de juros.

No radar dos investidores também está a chamada PEC dos Combustíveis, que permitiria a suspensão de impostos para esses produtos. Representando um possível descontrole de gastos, o tema tem potencial para afetar negativamente o real e o Ibovespa.

Duas PECs já foram protocoladas, uma no Senado e outra na Câmara, com cálculos de perda de arrecadação indo de R$ 18 bilhões até R$ 100 bilhões dependendo do conteúdo, mas o foco no momento são dois projetos de lei sobre o tema que podem ser votados nesta semana.

Um dos PLs determina um valor fixo de cobrança do ICMS para combustíveis, com o tributo estadual deixando de variar seguindo flutuações de preço do produto, e expande o chamado vale-gás para famílias brasileiras.

Já o outro criaria um fundo de estabilização do preço do petróleo e derivados (diesel, gasolina e GLP), com uma nova política de preços internos de venda para distribuidores.

 

Confira outras notícias 

- Quase 2 milhões de trabalhadores podem ser incluídos no PIS/Pasep

Cerca de 1,9 milhão de trabalhadores podem ser incluídos no cadastro do Programa de Integração Social (PIS) e no Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) para passarem a receber o abono salarial. A Dataprev, empresa estatal de tecnologia, está revisando possíveis inconsistências na Relação Anual de Informações Sociais (Rais) até 15 de março.

De acordo com o Ministério do Trabalho e Previdência, responsável pelo pagamento do abono salarial, a análise tem como objetivo evitar pedidos adicionais de revisão e garantir o direito dos trabalhadores.

Segundo a pasta, o montante de 1,9 milhão de trabalhadores equivale a apenas 3,5% dos 55 milhões de cadastros verificados pela Dataprev neste ano. Neste ano, o abono salarial referente ao trabalho em 2020 está sendo pago em fevereiro e março. Nos anos anteriores, o pagamento ocorria ao longo de 12 meses.

De acordo com o Ministério do Trabalho e Previdência, os trabalhadores que tiverem a revisão do cadastro aprovada serão avisados a partir de 16 de março por meio do aplicativo Carteira de Trabalho Digital e pela plataforma Serviços do Trabalho no Portal Gov.br.

Além dos registros na Rais, este é o primeiro ano em que os registros no e-Social (plataforma eletrônica de registro dos dados de trabalhadores) estão sendo usados no processamento dos dados do abono salarial.

Até agora, a Dataprev concluiu o processamento de 96,5% dos cadastros, que resultaram em 22,7 milhões de trabalhadores elegíveis para receberem o abono salarial, 30,4 milhões inelegíveis e 1,9 milhão com a necessidade de processamento adicional.

Quem tem direito

Tem direito ao benefício o trabalhador inscrito no PIS/Pasep há, pelo menos, cinco anos e que tenha trabalhado formalmente por, no mínimo, 30 dias no ano-base considerado para a apuração, com remuneração mensal média de até dois salários mínimos.

Também é necessário que os dados tenham sido informados corretamente pelo empregador na Relação Anual de Informações Sociais (Rais).

Valor

O valor do abono é proporcional ao período em que o empregado trabalhou com carteira assinada em 2020. Cada mês trabalhado equivale a um benefício de R$ 101, com períodos iguais ou superiores a 15 dias contados como mês cheio. Quem trabalhou 12 meses com carteira assinada receberá o salário mínimo cheio, de R$ 1.212.

 

- Tesouro Direto registra R$ 3,5 bilhões em vendas em janeiro

As vendas de títulos do Tesouro Direto registradas em janeiro foram maiores do que os resgates em mais de R$ 1 bilhão. De acordo com dados divulgados hoje (22) pelo Tesouro Nacional, as vendas registradas foram de R$ 3,5 bilhões, enquanto os resgates ficaram em R$ 2,47 bilhões.

No mês, foram contabilizadas 552.466 operações de investimento em títulos. Do total resgatado, R$ 1,556 bilhão é referente a recompras, enquanto R$ 920,7 milhões são relativos a vencimentos. Ao todo, 1.827.392 pessoas estão com saldo em aplicações no Tesouro Direto. O número representa um aumento de 13,2 mil na comparação com o mês anterior.

Os títulos mais procurados pelos investidores foram os indexados à taxa básica de juros (Selic), com um total de 50,5% das participações nas vendas. Já os títulos vinculados à inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), como o Tesouro IPCA+ e Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais, registraram uma participação de 35,7% do total. Os prefixados totalizaram 13,8% das participações.

Nas recompras (resgates antecipados), predominaram os títulos indexados à taxa Selic, que somaram R$ 856,45 milhões (55,03%). Os títulos remunerados por índices de preços totalizaram R$ 427,27 milhões (27,45%), os prefixados, R$ 272,69 milhões (17,52%).

Segundo os dados divulgados pelo Tesouro, no que se refere ao prazo de emissão, 12,9% das vendas no Tesouro Direto no mês corresponderam a títulos com vencimentos acima de 10 anos. As vendas de títulos com prazo entre 5 e 10 anos representaram 27,2%. Já as com prazo entre 1 e 5 anos representam 59,8% do total.

Estoque

O estoque total do Tesouro Direto ficou em R$ 80,91 bilhões, valor que representa aumento de 2,2% na comparação com dezembro de 2021, quando foram registrados R$ 79,19 bilhões. Na comparação com janeiro do ano passado, quando o estoque total estava em R$ 62,51 bilhões, o resultado representa um aumento de 29,4%.

Os títulos remunerados por índices de preços respondem pelo maior volume no estoque, alcançando 55,6%. Na sequência, aparecem os títulos indexados à taxa Selic, com participação de 27,2%, e os títulos prefixados, com 17,2%.

Em relação à composição do estoque por prazo, 3,5% dos títulos vencem em até 1 ano. A maior parte, 62,0%, é composta por títulos com vencimento entre 1 e 5 anos. Os títulos com prazo entre 5 e 10 anos correspondem a 11,3%, e aqueles com vencimento acima de 10 anos, a 23,2%.

As aplicações de até R$ 1 mil representaram 62,38% das operações de investimento no mês, enquanto o valor médio por operação ficou em R$ 6.342,02. Com relação à rentabilidade acumulada em doze meses, o destaque ficou com o título Tesouro IPCA+ 2026, que obteve alta de 1,18%.

 

- Boletim Regional mostra acomodação da economia no quarto trimestre

A atividade econômica brasileira registrou acomodação no quarto trimestre de 2021, mas com “divergência de resultados” entre os setores. De acordo com o Boletim Regional, divulgado hoje (22) pelo Banco Central, o setor de comércio registrou nova retração no trimestre, em função da queda na renda real das famílias. 

O setor de serviços manteve trajetória positiva, enquanto a produção industrial registrou estabilidade. O levantamento indica que a agricultura apresenta perspectiva positiva para 2022, apesar das condições climáticas adversas na Região Sul.

O Boletim Regional é uma publicação trimestral do Banco Central, que apresenta as condições da economia nas cinco regiões do país, enfatizando a evolução de indicadores que repercutem as decisões de política monetária – produção, vendas, emprego, preços, comércio exterior, entre outros.

Tendo por base o Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR), o levantamento avalia que as economias regionais apresentaram “desempenho heterogêneo no quarto trimestre”, em uma comparação entre o período outubro a dezembro de 2021 com julho a setembro do mesmo ano. A Região Norte foi a que apresentou a maior queda (-1%), enquanto a maior alta ficou com o Centro-Oeste (0,9%). Nordeste e Sul tiveram crescimento (0,3%) e Sudeste apresentou queda (-0,4%).

Somente a Região Norte conseguiu recuperar os níveis pré-pandêmicos, no que se refere à massa de rendimento do trabalho. “Os recortes setoriais e por posição na ocupação evidenciam expansão generalizada no Norte, contrastando com Sudeste e Nordeste, onde trabalhadores formais e informais tiveram desempenhos piores”, diz o levantamento ao informar que a recuperação ainda se situa “em patamares deprimidos”.

Região Norte

No caso da Região Norte, o recuo da atividade no quarto trimestre se deve ao arrefecimento da economia durante a segunda metade do ano. “Em 2021, o crescimento refletiu expansões das economias do Pará e do Amazonas, impulsionadas pela recuperação dos setores de comércio e serviços ao longo do ano”, diz o levantamento.

O boletim, no entanto, lembra que o Norte foi a região cuja atividade menos recuara em 2020, com agricultura e comércio assinalando contribuições “menos intensas do que no ano anterior”. Na indústria, a estabilidade foi apresentada com “reversão nos desempenhos por segmento”: a extrativa passou de alta em 2020 para baixa em 2021, e a de transformação passou de baixa em 2020 para alta em 2021.

A alta no setor de serviços foi observada principalmente nas atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços complementares. De acordo com o levantamento, a economia da região sofreu os efeitos do agravamento da pandemia e redução do Auxílio Emergencial no primeiro trimestre, situação parcialmente revertida nos dois trimestres seguintes. “No último trimestre do ano, a economia voltou a retrair, repercutindo fracos resultados da indústria (extrativa), comércio e serviços”, complementa o boletim.

Região Nordeste

O Nordeste manteve, no último trimestre de 2021, ritmo de crescimento semelhante ao observado no trimestre anterior, “com expansão na indústria de transformação e retração dos serviços e comércio”. Foi observado que, no caso do mercado de trabalho, o crescimento regional registrado em 2021 foi “insuficiente para retorno da atividade ao nível pré-pandemia”. Ainda assim, o BC avalia que esse mercado “segue evoluindo favoravelmente”, apesar de a ociosidade permanecer “elevada e os rendimentos deprimidos”.

A evolução favorável da construção contribuiu para a atividade regional, com geração de 41 mil postos de trabalho no ano. “Por outro lado, comércio e indústria – exceto produção e distribuição de eletricidade, gás e água – registraram arrefecimento ao longo de 2021”.

O levantamento indica que o Nordeste também foi impactado pela interrupção e posterior retomada do auxílio emergencial às famílias no primeiro semestre. “No primeiro trimestre, o desempenho positivo da agricultura e da construção compensaram o efeito contracionista da interrupção do auxílio emergencial, enquanto no segundo a expressiva queda da produção industrial foi o principal determinante da variação negativa do IBCR”, detalha o boletim.

Região Centro-Oeste

A Região Centro-Oeste avançou no último trimestre, revertendo queda observada em 2020. Segundo o BC, o resultado apresentou “contribuições positivas” da indústria de transformação, da agricultura e de serviços, em especial os prestados às empresas, e da construção, que registrou recuperação, na comparação com os dois anos anteriores, ampliando o emprego em 30 mil vagas no ano.

O crescimento registrado no setor de serviços possibilitou, em algumas áreas, retorno aos níveis observados no período anterior à pandemia. Isso, no entanto, não ocorreu em áreas específicas deste setor, como é o caso de alojamento e alimentação; educação e saúde privadas, e serviços domésticos, onde a recuperação foi apenas parcial.

“A expansão anual no Centro-Oeste decorreu da evolução favorável dos setores secundário e terciário, que mais que compensaram o recuo no setor primário (impactado pelos resultados das lavouras de milho, algodão e cana-de-açúcar), que detém participação significativa na economia regional”, diz o levantamento. A conjuntura favorável ao agronegócio e às exportações é, em particular, decorrente dos elevados preços de commodities produzidas na região, “com transbordamento para outras atividades, como construção, transportes e outros serviços”. O levantamento detalha que a produção de alimentos responde por cerca de 50% do Valor da Transformação Industrial (VTI) da região

No caso da indústria de transformação, sobressaiu o crescimento na fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos.

Sudeste

A atividade econômica do Sudeste apresentou queda (-0,4%, no IBCR) no quarto trimestre. De acordo com o BC, o baixo dinamismo da indústria e do comércio têm dificultado a recuperação da economia da região. “O crescimento em 2021 [no Sudeste] foi suficiente para recompor as perdas observadas em 2020, exceção feita ao estado do Rio de Janeiro. A atividade regional, em grande medida, resultou da combinação dos desempenhos da indústria (especialmente os segmentos da transformação e da construção) e de serviços”, diz o levantamento.

O BC acrescenta que no setor de transformação, onde foi registrado “expressivo recuo” em 2020, a fabricação de veículos aumentou "significativamente" em 2021. “Essa mesma trajetória, embora em intensidade menor, repetiu-se em outras atividades, como nos segmentos metalmecânico, vestuário e têxtil e minerais não metálicos”.

A construção, que já havia iniciado recomposição no segundo semestre de 2020, continuou em recuperação, com aumento de 122 mil vagas de emprego, principalmente no segmento de construção de edifícios e serviços especializados em São Paulo e Minas Gerais.

O setor agrícola acabou por restringir a expansão econômica da região, prejudicado pelas quebras nas safras de cana-de-açúcar, café e milho.

“No último trimestre do ano, a economia da região perdeu dinamismo, em função dos resultados negativos da indústria e do comércio. Enquanto o varejo repercutiu retração na massa de rendimento, a indústria ainda apresentou dificuldades na cadeia de suprimentos, e sofreu os impactos da elevação dos custos de produção”, conclui o estudo.

Região Sul

Já a Região Sul apresentou “acomodação” do processo de recuperação no quarto trimestre. “As atividades registraram resultados mistos, destacando o avanço da produção industrial e da agricultura, enquanto comércio e serviços, sobretudo os prestados às empresas, arrefeceram na margem. No ano, o crescimento foi condicionado pelo avanço nos três setores, favorecidos pela base deprimida”, resume o BC.

Segundo o levantamento, após a queda da atividade em 2020, a produção agrícola registrou crescimento, com recuperação de safras no Rio Grande do Sul, após quebras no ano anterior, sobretudo na soja.

O BC acrescenta que a retomada da produção industrial teve “papel importante” na atividade regional. “Com exceção de alimentos e de produtos do fumo, as demais atividades apresentaram expansão, com destaque para máquinas e equipamentos, inclusive agrícolas”.

A construção seguiu aquecida, em especial graças ao mercado imobiliário, que ampliou em 37 mil o número de vagas de empregos formais na região. O setor de serviços registrou alta, apesar de algumas atividades apresentarem expansão insuficiente para compensar as perdas registradas em 2020. É o caso das áreas de alojamento e alimentação, educação e saúde privadas e serviços domésticos.

“No último trimestre, destacou-se o crescimento da produção industrial, sobretudo de outros produtos químicos, onde se insere a fabricação de fertilizantes e defensivos agrícolas”, destaca o boletim.

Crédito e inadimplência

O balanço apresenta também a evolução regional do crédito registrada no quarto trimestre de 2021. De acordo com o levantamento, o saldo de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) cresceu 5,3% no último trimestre de 2021, mantendo o ritmo de expansão do trimestre anterior.

O aumento no segmento empresarial ficou em 4,2%. Já as operações com pessoas físicas registrou alta de 6,1%. “Houve desaceleração na variação trimestral em todas as regiões, exceto Sudeste, onde o saldo de crédito ficou em 2,5%”.

A expansão no conjunto das regiões foi influenciada pelos aumentos nos financiamentos rurais (R$ 31,8 bilhões) e imobiliários (R$ 27,6 bilhões). O crédito rural às famílias sobressaiu no Norte, Centro-Oeste e Sul. As maiores contribuições ocorreram em Goiás (R$4,7 bilhões), Paraná (R$3,5 bilhões) e Mato Grosso (R$3,3 bilhões). No Sudeste e Nordeste despontaram as operações de cartão de crédito à vista e financiamentos imobiliários.

A inadimplência apresentou estabilidade no quarto trimestre, em relação ao terceiro. O resultado se deve à elevação de taxas cobradas de pessoas físicas e à redução das referentes a pessoas jurídicas.

Balanças comerciais regionais

A combinação de preços de commodities em alta, continuidade do real em nível depreciado e firme demanda da China resultou na elevação do saldo comercial brasileiro, sobressaindo, regionalmente, os resultados de Sudeste e Norte. As maiores exportações tiveram como base os “desempenhos consideráveis” das vendas de minério de ferro (Sudeste e Norte), soja em grão (Centro-Oeste e Sul) e óleos brutos de petróleo (Sudeste).

“Por outro lado, destaca-se a diminuição nos saldos comerciais de Centro-Oeste, Sul e Nordeste, condicionada pelo aumento mais acentuado das importações que na média do país, sob impacto tanto de preços quanto de volume, notadamente de bens intermediários”, complementa o boletim.

Fonte: CNN Brasil - Agência Brasil