Política

Está claro que Putin não vai parar, diz Ucrânia na ONU





O chanceler ucraniano Dmytro Kuleba afirmou nesta 4ª feira (23.nov.2022) que a tensão entre a Rússia e a Ucrânia deve preocupar a todos os integrantes da ONU (Organização das Nações Unidas). Segundo ele, está claro que o presidente russo Vladimir Putin não irá parar sozinho, ou no território ucraniano.

“Seus governos e os seus povos irão encarar consequências dolorosas com o nosso governo e o nosso povo”, disse Kuleba durante a Assembleia Geral da ONU. “É por isso que precisamos utilizar essa última chance de ação e parar a Rússia onde ela está. Está claro que o presidente Putin não vai parar sozinho.”

Putin afirmou nesta 4ª feira (23.fev), em pronunciamento à Rússia, que osinteresses e a segurança do povo russo “são uma prioridade inegociável.”

Kuleba afirmou que essa é a pior crise de segurança na Europa desde o fim da 2ª Guerra Mundial e tem o potencial para ser uma catástrofe para além da Ucrânia. O chanceler ucraniano disse que a situação é um ataque direto para todos os Estados integrantes da ONU e à paz.

“O início de uma grande guerra na Ucrânia será o fim da ordem  mundial como conhecemos”, disse Kuleba. “Se a Rússia não receber respostas rápidas e severas agora, isso será uma completa falência do sistema internacional de segurança e das instituições cuja tarefa é manter a segurança internacional.”

O ministro completou: “A Rússia não vai parar na Ucrânia”.

Kuleba discursou logo depois do secretário-geral da ONU, António Guterres. O secretário da ONU defendeu que as tentativas para uma solução pacífica não podem ser abandonadas.

O chanceler afirmou que a Ucrânia acredita na diplomacia e que tenta diminuir a tensão. Mas pediu ajuda da ONU, com “ações concretas e resolutas”.

O ministro ucraniano também criticou o discurso de Putin na 2ª feira (21.fev). Segundo ele, a Rússia ameaça a própria existência da Ucrânia, um dos países fundadores da ONU.

“Essa crise foi aumentada por um lado unilateralmente, pela Federação Russa. As acusações da Rússia contra a Ucrânia são absurdas. A Ucrânia nunca ameaçou ou atacou alguém”, afirmou Kuleba.

O chanceler negou ainda que esteja agindo militarmente contra a Rússia ou na região do leste de seu país. Mas afirmou que a nação tem direito a auto-defesa e está pronta para “todos os cenários” possíveis.

“A Ucrânia nunca planejou e não planeja esse tipo de ação. A Ucrânia nunca planejou e não planeja qualquer tipo de ofensiva militar em Donbass, nem qualquer provocação ou atos de sabotagem.”

Kuleba lembrou ainda do Memorando de Budapeste e o compromisso dos países de respeitarem o território ucraniano.

O Memorando de Budapeste de 1994 e afirma que a Rússia, o Reino Unido, a Irlanda do Norte e os Estados Unidos fizeram um compromisso de “respeitar a independência, a soberania e as fronteiras existentes da Ucrânia”. Eis a íntegra do acordo internacional (666 KB).

Segundo o chanceler, a Ucrânia não tem intenções de ter armas nucleares, mas espera reciprocidade. “O mundo deve à Ucrânia sua segurança.”

 

- EUA sobre Rússia: “Não voltaremos à era da União Soviética”

Embaixadora do país norte-americana afirmou na ONU que ações russas representam um risco para todos os países

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU (Organização das Nações Unidas), Linda Thomas-Greenfield criticou o presidente russo Vladimir Putin durante a Assembleia Geral da entidade nesta 4ª feira (23.fev.2022). Thomas-Greenfield afirmou que as ações da Rússia são um risco para todos os países e para a própria ONU, declaração similar à do governo ucraniano.

“O presidente Putin nos deu uma indicação clara de suas intenções na 2ª feira, quando ele pediu para viajar no tempo por mais de 100 anos, para uma era de impérios. Ele indicou que a Rússia pode recolonizar seus vizinhos e que ele irá usar a força para fazer da ONU uma farsa”, disse.

“Isso é 2022, nós não iremos retornar para uma era de impérios, colônias ou para a URSS ou a União Soviética. Nós seguimos em frente”, afirmou a representante dos Estados Unidos.

Thomas-Greenfield criticou ainda o que chamou de “falsa realidade” que estaria sendo criada pela Rússia. Ela discursou depois do embaixador da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya. O representante russo afirmou que a Ucrânia está em guerra com o próprio povo desde 2014.

A embaixadora dos EUA afirmou que o conflito realizado por milícias separatistas no leste europeu e que já matou mais de 14.000 pessoas é de responsabilidade da Rússia. Esses conflitos ocorrem desde 2014 – e a Rússia os atribui ao governo ucraniano.

Thomas-Greenfield falou também sobre os possíveis impactos econômicos da tensão da Ucrânia. A embaixadora citou o fato do país ser um grande fornecedor de trigo para outros países, incluindo aqueles em desenvolvimento.

“O maremoto de sofrimento que essa guerra vai causar é inimaginável”, disse a embaixadora. “Infelizmente, apesar dessas terríveis consequências com o potencial de mudar o mundo, a Rússia parece determinada a prosseguir.”

E completou: “Ainda que todos nós queremos que a Rússia recue e escolha o caminho da paz, essa não é nossa escolha. Essa guerra é uma escolha de Putin. Se ele quiser avançar ainda mais, a Rússia – e apenas a Rússia – vai suportar a total responsabilidade do que virá.”

Thomas-Greenfield citou as últimas ações do presidente Joe Biden. O chefe de Estado norte-americano anunciou medidas contra instituições financeiras russas. Nesta 4ª feira (23.fev), a Rússia declarou que “responderá com força” às sanções.

 

Ucrânia pede “garantias de segurança” à Rússia, diz Zelensky

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu à Rússia e aos países do Ocidente “garantias de segurança claras e concretas, imediatamente”. Declaração foi dada aos jornalistas nesta 4ª feira (23.fev.2022) depois de reunião com os presidentes da Polônia, Andrzej Duda, e da Lituânia, Gitanas Nausėda.

“É muito importante que haja o apoio de outros parceiros. E, devido ao fato de que hoje temos 150.000 soldados russos na fronteira, acredito que a Rússia deveria estar entre os países que oferecem garantias claras de segurança”, disse.

Zelensky afirmou ainda que convidou “repetidamente” o presidente russo Vladimir Putin para uma reunião a fim de buscar soluções à crise. “Isso é uma questão de diálogo, não uma questão de condições, etc”, disse.

De acordo com o líder ucraniano, o exército da Ucrânia está pronto para qualquer cenário. No entanto, detalhes sobre as forças militares não serão divulgados. “Somente eu e nosso exército saberemos os passos de nosso Exército em relação à defesa de nosso Estado”, afirmou.

Nesta 4ª feira (23.fev), a Ucrânia começou a recrutar soldados da reserva de 18 a 60 anos, segundo comunicado das Forças Armadas do país. Zelensky já tinha assinado um decreto para mobilizar parte das tropas reservistas por um “período especial”. O governo ucraniano também declarou estado de emergência por 30 dias.

AVANÇO DE TROPAS RUSSAS

De acordo com o primeiro-ministro da Letônia, Arturs Krišjānis Kariņš, mais forças militares da Rússia estão sendo direcionadas às províncias de Donetsk e Luhansk, na região de Donbass (leste da Ucrânia). As informações são da CNN.

“De acordo com as informações à minha disposição, Putin está movendo forças e tanques adicionais para os territórios ocupados de Donbass. […] Em qualquer definição, isso é uma travessia de um território soberano para um país vizinho”, disse.

Depois de reconhecer a independência das regiões de Donetsk e Luhansk, Vladimir Putin ordenou o envio de tropas russas aos territórios para “assegurar a paz”.

 

- EUA e aliados anunciam mais sanções contra a Rússia

Os Estados Unidos e seus aliados divulgaram mais sanções contra a Rússia nesta quarta-feira (23) por causa do reconhecimento por Moscou de duas áreas separatistas no Leste da Ucrânia. Ao mesmo tempo, deixaram claro que estão mantendo medidas mais duras na reserva no caso de uma invasão em grande escala pelos russos.

As sanções da União Europeia que entram em vigor nesta quarta-feira adicionarão a uma lista todos os membros da câmara baixa do Parlamento russo que votaram pelo reconhecimento das regiões separatistas da Ucrânia, congelando seus bens e proibindo viagens.

O Reino Unido seguiu os Estados Unidos ao anunciar novas restrições que proíbem a Rússia de emitir novos títulos em seus mercados.

As medidas seguem as ações anunciadas na terça-feira (22), incluindo o congelamento da aprovação de um novo gasoduto russo pela Alemanha e a imposição de novas sanções dos EUA aos bancos russos.

Nenhuma das medidas anunciadas até agora visa diretamente o presidente russo, Vladimir Putin, ou espera-se que tenham graves consequências de médio prazo para Moscou, que tem mais de US$ 630 bilhões em reservas internacionais.

Os preços do petróleo caíram em relação às máximas de sete anos de terça-feira, uma vez que ficou claro que a primeira onda de sanções provavelmente não afetaria o fornecimento da commodity.

Países ocidentais temem que a Rússia planeje uma invasão total da Ucrânia depois que Putin anunciou na segunda-feira (21) que estava reconhecendo duas pequenas regiões controladas desde 2014 por separatistas vistos pelo Ocidente como representantes de Moscou. Putin também assinou um decreto permitindo que forças russas fossem enviadas para lá.

Washington descreveu as ações da Rússia como o início de uma "invasão", mas como o ataque militar em massa que eles previram não se materializou, tiveram que calibrar sua resposta.

"Haverá sanções ainda mais duras a oligarcas-chave, a organizações-chave na Rússia, limitando o acesso da Rússia aos mercados financeiros, se houver uma invasão em grande escala da Ucrânia", disse a secretária de Relações Exteriores britânica, Liz Truss.

Ela anunciou planos para impedir a Rússia de emitir novas dívidas externas em Londres, uma medida tomada anos atrás pelos Estados Unidos. Moscou disse que responderia emitindo qualquer nova dívida localmente em rublos, por enquanto.

Alguns líderes ocidentais enfrentaram críticas em seus países pela resposta até agora. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, foi ridicularizado no Parlamento quando anunciou a lista de três bilionários que já estavam sob sanções dos EUA há anos e cinco bancos obscuros. Os líderes dizem que as sanções mais sérias precisam ser mantidas de reserva para impedir um ataque maior.

Estado de emergência

Putin tem cerca de 190 mil soldados perto das fronteiras da Ucrânia, segundo estimativas dos EUA.

Sinais mais ameaçadores apontavam para uma possível guerra: Moscou anunciou que começou a retirar seus diplomatas de Kiev, enquanto a Ucrânia declarou estado de emergência de 30 dias e anunciou o recrutamento de homens em idade de combate.

O Exército ucraniano disse que um soldado foi morto e seis ficaram feridos no aumento de bombardeios por separatistas pró-Rússia usando artilharia pesada, morteiros e sistemas de foguetes Grad nas duas áreas separatistas nas últimas 24 horas.

Novas imagens de satélite mostraram novas tropas e equipamentos no Oeste da Rússia e mais de 100 veículos em um pequeno aeródromo no Sul de Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, segundo a empresa norte-americana Maxar.

 

Fonte: Poder360 - Agência Brasil