Política

Bolsonaro diz que não tem o que conversar com presidente da Ucrânia





Após cobranças, o chefe do Executivo se negou a falar com Volodymyr Zelensky sobre o conflito com a Rússia

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, durante entrevista à rádio Jovem Pan que não tem o que conversar com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. A declaração foi feita após o encarregado da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, dizer que o chefe do Executivo brasileiro está "mal informado" sobre a guerra e sugerir que Bolsonaro dialogasse com o presidente ucraniano.

Tkach informou, durante coletiva de imprensa realizada nesta segunda, que os presidentes do Brasil e da Ucrânia ainda não conversaram sobre o conflito iniciado pela Rússia. “Eu penso que o presidente do Brasil está mal informado. Talvez seria interessante ele conversar com o presidente ucraniano para ter outra posição e ter uma visão mais objetiva. Nesse momento em que estamos é bem delicado. Estamos decidindo o futuro da Europa e do mundo”, afirmou o encarregado ucraniano, que garantiu, ainda, que uma posição nesse momento se trata de “apoio aos valores democráticos”.

Em resposta, Bolsonaro assegurou que não pretende dialogar com Volodymyr. “Alguns querem que eu converse com Zelensky, o presidente da Ucrânia, eu, no momento, não tenho o que conversar com ele. Eu lamento, se depender de mim, não teremos guerra no mundo”, enfatizou.

Em cima do muro

Bolsonaro vem adotando uma posição de neutralidade sobre o confronto no leste europeu. De acordo com o presidente, romper com a Rússia poderia acarretar em fome e miséria, “e não queremos trazer mais sofrimentos”, por isso ele não iria “tomar partido” e ajudaria a “buscar soluções”.

“No meu entender, nós não vamos tomar partido. Vamos continuar pela neutralidade, e ajudar na medida do possível, na busca por soluções. Eu vou esperar o relatório para ver como vai ser minha posição. Isso [uma posição mais crítica] pode trazer sérios prejuízos para a agricultura no Brasil”, disse Bolsonaro durante coletiva de imprensa realizada no Guarujá, litoral paulista, no domingo (27/2).

Dias antes do líder russo Vladimir Putin anunciar o início das operações militares na Ucrânia, Bolsonaro realizou uma visita à Rússia e disse ser solidário a Putin. Além disso, o presidente brasileiro reprovou as sanções que a Rússia vem sofrendo.

Entre as declarações polêmicas que Bolsonaro vem dando desde o início do conflito, está a de que ele defendeu o direito de Putin em ocupar as regiões separatista na Ucrânia. O presidente garantiu ainda que é um 'exagero falar em massacre'. "Eu entendo que não há interesse por parte do líder russo de praticar um massacre. Ele está se empenhando em duas regiões do Sul da Ucrânia que, em referendo, mais de 90% da população quis se tornar independente, se aproximando da Rússia. Uma decisão minha pode trazer sérios prejuízos para o Brasil", reiterou.

 

- “Quem ganha a guerra é quem tem mais canhão”, diz Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou  que as sanções econômicas contra a Rússia “dificilmente” devem prosperar. O chefe do Executivo também afirmou que ganha a guerra “quem tem mais canhão”. Segundo ele, o conflito “chegará ao fim rapidamente”.

“O mundo todo é interdependente. Então, acredito que essas sanções econômicas dificilmente prosperem. Acredito. Posso estar equivocado no tocante a isso”, disse em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan.

Segundo Bolsonaro, as sanções são limitadas aos interesses de cada país, que não querem se prejudicar. “Vários países querem uma sanção desde que aquilo que ele importa da Rússia não entre nesse pacote […] As sanções econômicas vão até onde? Nenhum país quer que as sanções atinjam a si próprio e o Brasil não é diferente disso. Estamos trabalhando de modo que o Brasil não seja prejudicado nessa questão”, declarou.

O presidente repetiu que manterá uma “posição de equilíbrio” e que não dará “palpite” em relação ao conflito. Declarou que “a diferença é muito grande entre uma tropa e outra”  por isso o conflito deve “se resolver rapidamente”.

“Quem tem razão? No final das contas, quem tem mais argumentos e quem ganha a guerra? É quem tem mais canhão, pô. Então, sabemos que tem gente morrendo, obviamente, a gente não quer mortes, e a gente espera que mais rapidamente cesse as ações militares e se chegue a um acordo para o bem de toda a humanidade”, disse

O chefe do Executivo também afirmou que não tem interesse em conversar com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. “Alguns querem que eu converse com Zelensky, o presidente da Ucrânia. Eu, no momento, não tenho o que conversar com ele”, disse.

Ele também repetiu que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, apoiou o Brasil na defesa pela soberania da Amazônia. “A gente vai construindo relacionamentos que a gente pretende que sejam duradouros”, declarou.

O presidente afirmou no domingo (27.fev) que o Brasil vai “continuar pela neutralidade” e não irá “tomar partido”. Segundo ele, a posição do país é de “equilíbrio” e “tem que ser de grande cautela”.

5º dia

A Rússia e a Ucrânia terminaram a 1ª rodada de negociações sem um acordo. As delegações russas e ucranianas encontraram-se nesta 2ª feira (28.fev) na fronteira de Belarus. No 5º dia de guerra, a capital Kiev e Kharkiv estão novamente na mira dos rivais, segundo o serviço ucraniano de comunicações especiais.

Em Chernihiv, mais de 150 km a noroeste de Kiev, um míssil atingiu um prédio residencial no centro da cidade. Os 2 andares inferiores do edifício pegaram fogo, de acordo com o serviço estatal de comunicações especiais.

Pelo menos 18 localidades já registraram confronto entre os 2 países. De acordo com a chefe dos direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), Michelle Bachelet, a guerra na Ucrânia já matou 102 civis, incluindo 7 crianças, e deixou 302 civis feridos.

Durante reunião emergencial da Assembleia Geral da ONU nesta 2ª feira, o Brasil condenou mais uma vez o ataque da Rússia contra a Ucrânia e pediu um cessar-fogo, mas também criticou as sanções tomadas contra a economia russa que possam “afetar a economia global”.

 

- Nunca preguei solidariedade a nenhum país, sempre preguei o equilíbrio, diz Bolsonaro

Chefe do Executivo brasileiro declarou que não tem o que falar no momento com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou em entrevista à Jovem Pan News que nunca pregou solidariedade a nenhum país, mas sim o equilíbrio, em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia.

“O Brasil é grande, mas nós temos que entender que temos limitações. Quem tem razão? Quem ganha a guerra? Quem tem mais canhão. Infelizmente tem gente morrendo, a gente espera que o mais rapidamente cesse e que se chegue a um acordo. Eu nunca preguei solidariedade a nenhum país, sempre preguei o equilíbrio”, proclamou Bolsonaro.

Sobre uma nova resolução contra a Rússia que deve ser votada em breve na Organização das Nações Unidas (ONU), o chefe do Executivo alegou que não sabe qual será a posição do Brasil, mas que não quer alinhamento com nenhum lado.

“Estão estudando uma nova resolução, será votada na terça ou na quarta. Qual será a posição do Brasil? Eu não sei, eu não vou estar alinhado com um lado e nem com outro, vamos ver onde vai isso aí. Nenhum país quer que as sanções atinjam a si próprios e o Brasil não é diferente disso.”

Na reunião da última sexta-feira (25), o Brasil e outros dez países votaram a favor de uma resolução que condena a invasão do território ucraniano e pede a retirada de tropas. A Rússia foi contra e vetou a medida. No último domingo (27), o país também foi a favor de uma reunião emergencial da Assembleia-Geral para tratar sobre o tema.

Ratificando a questão dos fertilizantes, Bolsonaro questionou: “sem os fertilizantes, como fica o problema da fome no Brasil? A inflação dos alimentos? A segurança alimentar? Tem que estudar isso aí, eu não vou dar palpite nesta questão”. O país importa mais de 80% dos fertilizantes utilizados na produção agrícola, e tem parceria comercial com os russos, um dos maiores produtores do insumo no mundo.

Em viagem à Rússia, em 16 de fevereiro, Bolsonaro discursou ao lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin. No encontro, disse que prega a paz e respeita “quem age desta maneira” e que era solidário ao país.

Os Estados Unidos criticaram o discurso de Bolsonaro na Rússia, afirmando que “o momento em que o presidente do Brasil se solidarizou com a Rússia, quando as forças russas se preparam para lançar ataques a cidades ucranianas, não poderia ter sido pior”, informou à CNN um porta-voz do Departamento de Estado.

Bolsonaro sustentou, em 24 de fevereiro, que seria sua a decisão sobre o posicionamento do Brasil frente à guerra na Ucrânia. “Quem fala pelo país é o presidente e o presidente se chama Jair Messias Bolsonaro. Quem tem dúvida disso basta procurar o Artigo 84 [da Constituição Federal]. Quem está falando isso está falando sobre o que não lhe compete”, referiu Bolsonaro em transmissão pelas redes sociais.

A fala aconteceu após o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) declarar que os países do Ocidente devem usar a força em apoio aos ucranianos. “Tem que haver o uso da força. Realmente um apoio à Ucrânia maior do que o que está sendo colocado. Essa é a minha visão”, indicou Mourão.

“Não tenho o que falar com o presidente da Ucrânia no momento”

A respeito de uma eventual conversa com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, Bolsonaro declarou que não tem o que falar no momento e que “lamenta” por isso.

“Alguns querem que eu converse com o presidente da Ucrânia, eu não tenho o que falar com ele no momento, eu lamento”, anunciou.

“Por nós não teria guerra em nenhum lugar do mundo, mas não é assim. Queremos paz, tranquilidade, respeito, autonomia. Eu falei na Rússia também, que alguns países queriam que a autonomia da Amazônia não seria mais nossa e quem ficou do nosso lado foi o Putin.”

Fonte: Correio Braziliense - Poder360 - CNN Brasil