Política

Em assembleia da ONU, Brasil se declara contra a guerra na Ucrânia





Durante a última reunião de emergência da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU),  o embaixador Ronaldo Costa Filho afirmou que o Brasil se posiciona contra o uso da força da Rússia contra a Ucrânia como ferramenta de solução de litígio.  O diplomata também manifestou preocupação sobre a velocidade com que o conflito está escalando.

“Nos últimos anos, temos visto uma deterioração progressiva da situação de segurança e do balanço de poder na Europa Oriental. (…) Estamos sob uma rápida escalada de tensões que pode colocar toda a humanidade em risco. Mas ainda temos tempo para parar isso”, declarou o representante brasileiro, afirmando também que o conflito de interesses entre Rússia e Ucrânia “não justifica o uso da força contra o território de um estado membro”.

Na mesma reunião, a China manifestou neutralidade na questão durante a Assembleia-Geral da ONU. Em seu discurso, o embaixador Zhang Jun afirmou que seu país defenderá a busca por uma solução pacífica para o conflito na região, e alertou para o dano deixado pela guerra fria para a diplomacia mundial. “A Ucrânia deveria servir como uma ponte de comunicações entre leste e oeste, e não como um entreposto de confronto entre potências”, declarou.

 

- ONU pede que países ajudem vítimas da guerra na Ucrânia

Para socorrer famílias que fogem dos ataques russos na Ucrânia, as Nações Unidas lançam nesta terça-feira (1) dois apelos humanitários coordenados. Segundo o secretário-geral, Antônio Guterres, um dos apelos tem como meta angariar fundos para ajudar a população que continua na Ucrânia e o outro busca o atendimento das necessidades dos que procuram refúgio em nações da região.  

Guterres lembrou que a ONU já repassou US$ 20 milhões do seu Fundo Central de Resposta a Emergências para a ampliação dos trabalhos humanitários. Segundo explicou, a comunidade internacional precisa se mobilizar para apoiar e financiar os apelos. Ele lembrou que o número de pessoas afetadas pela guerra continuará subindo. Os recursos servirão para que as agências humanitárias consigam “tratar todas as necessidades dos deslocados pela crise”.

Hospitais atacados

Catherine Russell, diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), disse que a agência está recebendo relatos de “hospitais, escolas e instalações de água e saneamento” sob fogo na Ucrânia, com explosivos sendo lançados em áreas povoadas. 

Segundo ela, há crianças entre os mortos e feridos, sendo que as sobreviventes estão traumatizadas pela onda de violência. Russell reforçou o apelo internacional para o fim de todas as operações militares na Ucrânia.

 

- ONU pede US$ 1,7 bilhão em ajuda emergencial por guerra na Ucrânia

 

Ainda segundo a organização, estima-se que 12 milhões de pessoas dentro da Ucrânia precisarão de ajuda

 

A ONU informou nesta terça-feira (1/3) que vai pedir ajuda emergencial à Ucrânia para arrecadar US$ 1,7 bilhão em fundos para ajudar as vítimas da invasão russa.

 

Ainda segundo a organização, estima-se que 12 milhões de pessoas dentro da Ucrânia precisarão de ajuda e cerca de quatro milhões de pessoas deslocadas podem requerer ajuda em países vizinhos nos próximos meses. "Esta é a hora mais sombria para o povo da Ucrânia", disse Martin Griffiths, chefe de Assuntos Humanitários da ONU, em comunicado.

 

"Precisamos aumentar nossa resposta para proteger a vida e a dignidade dos ucranianos comuns", indicou o funcionário. "Temos que responder com compaixão e solidariedade".

 

Este chamado para arrecadar fundos inclui uma atribuição de 1.1 bilhão de dólares para ajudar seis milhões de pessoas na Ucrânia durante um primeiro período de três meses.

 

Este pacote visa distribuir dinheiro para as pessoas mais vulneráveis, alimentos, água e apoio ao sistema de saúde e educação, bem como assistência para construir abrigos e reparar casas danificadas.

 

"Há famílias com crianças pequenas abrigadas em porões e estações de metrô ou correndo para salvar suas vidas ao som aterrorizante de explosões e sirenes de alarme. O número de vítimas está aumentando rapidamente", alertou.

 

"A luz vencerá a escuridão", diz presidente

 

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, falou na manhã desta terça-feira (1/3) ao Parlamento Europeu, agradecendo o apoio da União Europeia, reafirmando o sofrimento da Ucrânia e pedindo a adesão urgente de seu país à comunidade europeia.

 

Emocionado, Zelensky disse que a Ucrânia está lutando pelos seus direitos e liberdade, liberdade, “mas também queremos ser membros igualitários da Europa."

 

"Acredito que estamos mostrando que a UE será mais forte conosco. Sem vocês, ficaremos sós. No mínimo, mostramos que somos tão bons como vocês. Provem que são, de fato, europeus e, assim, a vida vencerá a morte e a luz vencerá a escuridão. Glória à Ucrânia", disse Zelensky.

 

Sexto dia de guerra

 

O sexto dia de conflito entre a Rússia e a Ucrânia registra ainda mais tensão. Não só porque os bombardeios não cessaram na segunda-feira (28/2), como era esperado com a negociação decorrendo na fronteira da Bielorrússia, como porque, na madrugada, o satélite norte-americano Maxar mostrava uma coluna de mais de 60 quilômetros de tropas e aparato militar da Rússia a caminho da capital ucraniana. Kiev amanheceu debaixo de neve, ao som de sirenes.

 

De acordo com a empresa dos Estados Unidos, a coluna militar “estende-se dos arredores do aeroporto de Antonov, a cerca de 25 quilômetros do centro de Kiev, no sul, até os arredores de Prybirsk, no Norte”.

 

O Parlamento da Ucrânia informam que tropas da Bielorrússia se uniram aos militares russos e já estão em territórios do norte do país invadido. Na madrugada, um míssil atingiu um prédio governamental em Khirkiv, segunda maior do país.

 

- UE deve apoiar investigação sobre crimes de guerra

 A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, disse, hoje (1º), que a União Europeia deve dar total apoio para que o Tribunal Penal Internacional investigue possíveis crimes de guerra cometidos pela Rússia na invasão militar da Ucrânia.

“Vamos apoiar a jurisdição do Tribunal de Haia para investigar crimes de guerra na Ucrânia e para responsabilizar o presidente russo, Vladimir Putin e o presidente bielorusso, Alexander Lukashenko”, disse Roberta ao abrir, há poucas horas, a sessão plenária extraordinária que o Parlamento Europeu convocou para discutir “a agressão russa contra a Ucrânia”.

No domingo (27), o governo ucraniano ajuizou um processo contra a Rússia junto ao Tribunal Penal Internacional, pedindo que a Corte ordene que as tropas russas parem imediatamente o ataque militar. Embora nem a Ucrânia, nem a Rússia integrem formalmente o tribunal, o procurador Karim Khan informou, ontem (28), que a Corte decidiu apurar a situação e as acusações ucranianas de que o Kremlin é responsável por crimes de guerra e contra a humanidade que a Rússia vem cometendo há anos.

“Estamos diante de uma ameaça existencial à Europa que conhecemos”, afirmou a presidente do parlamento, referindo-se especificamente ao ataque militar deflagrado na última quinta-feira (24). Em um pronunciamento bastante aplaudido pelos presentes, Roberta defendeu o ingresso da Ucrânia na União Europeia.

“Reconhecemos a perspectiva europeia da Ucrânia e, conforme estabelece nossa resolução e como já disse ao presidente [ucraniano Volodymyr Zelensky], levaremos em conta a solicitação ucraniana de ingresso na União Europeia. Trabalharemos neste sentido porque temos que enfrentar o futuro em conjunto”, declarou Roberta antes de defender o que classificou como “quatro princípios importantes para o futuro da União Europeia”.

“Primeiramente, a Europa não pode continuar dependendo do gás vendido pela Rússia. Temos que duplicar nossos esforços para diversificar nossas fontes energéticas para garantimos uma sólida segurança energética e não deixarmos a Europa nas mãos de autocratas”, disse a presidente do Parlamento Europeu antes de propor outras restrições além das já aplicadas contra integrantes do governo russo e milionários que apoiam a Putin e seus principais assessores.

“Além de disponibilizar armas à Ucrânia, já aplicamos um conjunto de sanções sem precedentes, maciças. Declaramos que a aviação russa e os jatos privados dos oligarcas russos já não são bem-vindos nos países europeus. Fizemos com que a Rússia fosse excluída do sistema Swift. Banimos os instrumentos de propaganda do Kremlin e os cidadãos, organizações, empresas e o mundo dos esportes assumiram uma posição clara e firme, salientando que não manterão relações ou tolerarão um agressor”, destacou Roberta, propondo que a Europa vá “ainda mais longe”.

“Os oligarcas de Putin, aqueles que o financiam, não devem continuar utilizando seu poder econômico para se esconder em nossas cidades ou clubes esportivos atrás de uma falsa respeitabilidade. Seus iates não devem poder entrar em mais nenhum porto da Europa e não podemos continuar vendendo passaportes [e a cidadania] a amigos de Putin”, pontuou Roberta.

“Em terceiro lugar, nossos investimentos em Defesa devem estar à altura de nossa retórica.A Europa tem que avançar para uma verdadeira união em termos de segurança e defesa. Na semana passada mostramos que isto é possível, desejável e, sobretudo, necessário.”

“Em quatro lugar, temos que lutar contra as campanhas de desinformação do Kremlin. Insto as [empresas responsáveis pelas] redes sociais e os conglomerados de telecomunicações para que compreendam sua responsabilidade e que não existe neutralidade quando estamos em uma guerra”, concluiu a presidente do Parlamento Europeu.

 

Fonte: Congresso em Foco - Agência Brasil