Política

Líderes de direita discutem a paz em segunda reunião entre Rússia e Ucrânia





Nem socialistas ou qualquer esquerda a assumir protagonismos nas ações de luta ou cessar-fogo.

A segunda reunião de paz começou com um sinal dos tempos: na mesa da guerra da Ucrânia não tem comunistas a comandar nenhum lado. Nem socialistas ou qualquer esquerda a assumir protagonismos nas ações de luta ou cessar-fogo.

Dois líderes de direita. Um veterano, forte e com memória do passado; outro moderno, oportunista no uso de canais de propaganda para substituir a pequenez bélica. Variações do mesmo tema: a hegemonia da direita. Na Europa e no mundo.

No cenário que envolve a crise o quadro não muda. Não há comunistas entre os líderes das 27 nações da União Europeia. Menos de um terço deles é de socialistas ou de aliança com esquerda. Briga da direita da Europa, só dela. Com divergências.

A dialética teimosa pagou passagem de primeira no conflito, atrasa decisões da UE. Enquanto alemães, austríacos e holandeses babam de russofobia, a ultra direita húngara quer aliviar a histeria. Se a direita representa o capital, a ultra representa o mesmo capital, com oxigênio para pacientes especiais. Queda de braço diferente: a esquerda só assiste e os comunistas não ganham ingresso.

Vitória da atual direita ucraniana quer a direitista UE e seu patrocinador EUA. Só que a redução do poder do governo da direita russa, se drástica, pode agravar lá o processo interno. E dessa fonte nem a UE sabe o que poderia sair de bom ou ruim. Esquerda frágil, direita forte ou muito forte, nada disso depende da reunião de paz.

 

- Lavrov diz que Rússia continuará guerra “até o fim”

O Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavro, disse nesta 5ª feira (3.mar.2022) que operação militar na Ucrânia continuará “até o fim”. A Ucrânia está sob ataque russo desde 24 de fevereiro.

Durante conversa com jornalistas, Lavrov afirmou que acredita que o ocidente esteja preparando um ataque contra a Rússia. “Não podemos permitir que haja um ataque direto contra a Rússia a partir da Ucrânia”, disse.

O ministro descartou a possibilidade de um conflito nuclear. Ele disse que a narrativa é reforçada pela Otan e os Estados Unidos para incentivar a russofobia.

Lavrov acredita que a solução para o conflito será encontrada em breve. Para esta 5ª, é esperada mais uma rodada de negociações entre as delegações russa e ucraniana em Belarus. Segundo ele, a Otan tenta manter sua supremacia, mas a Rússia não deve recuar nos seus interesses.

O ministro lamentou as mortes no conflito na Ucrânia, mas disse que durante os conflitos em Donbass mais vidas foram perdidas. Segundo ele, os verdadeiros “assassinos” estão lutando ao lado de Kiev.

 

- Rússia planejava assassinar Zelensky, diz grupo Anonymous

O grupo hacker Anonymous disse na 4ª feira (2.mar.2022) que a Rússia elaborou um plano para assassinar o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Segundo o grupo, os ucranianos foram alertados sobre o plano.

Informação vazada do FSB [sigla para Serviço Federal de Segurança] russo alertou a Ucrânia para o plano de assassinato contra o presidente Volodymyr Zelensky”, lê-se em publicação feita no Twitter. “Agora, podemos esperar uma luta interna pelo poder dentro do Kremlin para derrubar o regime de [Vladimir] Putin.”

O Anonymous disse ainda ter derrubado o site da Agência Espacial Russa pela 2ª vez.

 

- Rússia acusa Ucrânia de usar comunidade pacífica como escudo vivo

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, deu hoje (3) uma longa declaração à imprensa em que acusa a Ucrânia de ser um instrumento da política ocidental e de ameaçar diretamente a Rússia. Ela disse que o exército ucraniano é neonazista e se esconde atrás de um falso nacionalismo.

"A Ucrânia recebia armamentos do ocidente em grandes volumes, se transformando num bloco militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que ameaça diretamente a Rússia. Tudo isso acontecia diante da ausência de garantias de segurança do nosso país", disse Zakharova, que afirmou ter documentos por escrito que comprovam que países do ocidente se negaram a dialogar com a Rússia.

"O regime de Kiev (capital do país) transformou a Ucrânia, o povo ucraniano, em um instrumento da política do ocidente, da Otan e de todos que governam esse bloco. Não há nenhum dúvida de que no poder estão os bandidos. Os bandidos que agora recebem armas do ocidente, que usam os civis, que se escondem nas casas ao preço da vida dos seus cidadãos, cidadãos de outros países também e da sociedade civil em geral", afirmou a porta-voz russa.

Ela disse ainda que o exército ucraniano usa vários símbolos nazistas, usando princípios nacionalistas, se escondendo atrás das costas das mulheres e das crianças, manipulando a consciência pública, com ajuda colossal dos serviços especiais dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e dos países da Otan.

"Os neonazistas, o exército ucraniano, usa uma comunidade pacífica como um escudo vivo. Isso é um fato. Eu falo da CNN, BBC e outros (veículos de comunicação). Vocês podem não mostrar isso, mas as pessoas distinguirão, vão saber diferenciar as fake news da verdade. Eles (as forças armadas da Ucrânia) não organizam saídas das cidades, eles fazem toque de recolher. Isso é uma tática usada pelos terroristas. O aumento do nível de criminalidade foi provocado especialmente pelo governo ucraniano. Armas sem qualquer controle foram distribuídas para qualquer pessoa, foram liberados criminosos das prisões que também estão recebendo armas, formando bandos e atacando as pessoas. Eles matam os seus, violam os seus. O país está cheio de ondas de assassinatos e violência", disse Zakharova.

 

-  União Europeia tomará mais medidas contra Rússia se conflito piorar

A União Europeia (UE) tomará medidas adicionais contra a Rússia se a situação no terreno na Ucrânia se deteriorar, disse nesta quinta-feira (3) a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

O bloco também está se preparando para o caso de retaliação russa, incluindo a diversificação do fornecimento de energia do bloco.

"Nosso objetivo é cortar a capacidade do Kremlin de travar uma guerra contra seus vizinhos", disse Von der Leyen após reunião com o presidente romeno, Klaus Iohannis.

"Precisamos nos tornar independentes do gás, petróleo e carvão russos. Nossa determinação de avançar neste caso é mais forte do que nunca", acrescentou.

 

- Presidente finlandês pede calma à população sobre ingresso na Otan

Às vésperas de se reunir, em Washington (EUA), com o presidente Joe Biden, o presidente da Finlândia, Sauli Niinistö, pediu “calma” aos finlandeses. Em um comunicado divulgado hoje (3), Niinistö adverte que “o ambiente de segurança está passando por mudanças rápidas e extremas” e que, “em meio a uma crise aguda, é importante manter a cabeça fria e avaliar com cuidado o impacto de possíveis futuras mudanças” para a segurança nacional.

Embora não contenha qualquer menção à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a mensagem presidencial foi interpretada como uma manifestação de cautela frente a um debate que vem ganhando corpo nos últimos tempos no país: a hipótese da Finlândia abrir mão de seu status de país neutro - ou seja, que não faz parte de alianças militares - e candidatar-se a ingressar na Otan.

“Nosso ambiente de segurança está passando por mudanças rápidas e extremas. Compreendo perfeitamente a preocupação dos finlandeses e a necessidade de reagir à situação. No entanto, em meio a uma crise aguda, é particularmente importante manter a cabeça fria e avaliar com cuidado o impacto de mudanças passadas e possíveis futuras em nossa segurança – sem hesitar, mas com cuidado”, comentou Niinistö ao informar que, ontem (2), se reuniu com o presidente e o vice-presidente do Parlamento finlandês, o comandante das forças de defesa militar nacionais e líderes de partidos políticos para discutir os efeitos da guerra na Ucrânia para a segurança e a política externa finlandesa.

Uma pesquisa encomendada pela empresa pública de comunicação Yle apontou que 53% dos finlandeses apoiam a entrada da Finlândia na Otan, enquanto 28% desaprovam a proposta e 19% se revelam inseguros quanto ao caminho que o país deve seguir. A pesquisa teve início no dia 23 de fevereiro, um dia antes das tropas russas invadirem a Ucrânia.

Entre as justificativas que apresentou para atacar a Ucrânia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, chegou a citar manifestações ucranianas de apoio ao ingresso do país na Otan. E um dia após declarar guerra, o Kremlin ameaçou a Suécia e, principalmente, a Finlândia caso os dois países decidam ingressar na Otan.

“Consideramos o compromisso do governo finlandês com uma política militar de não alinhamento como um fator importante para garantir a segurança e a estabilidade no norte da Europa. A adesão da Finlândia à Otan teria sérias repercussões militares e políticas”, afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova – declaração que o ministério reproduziu logo em seguida, nas redes sociais.

Embora neutros, Finlândia e Suécia condenam a agressão militar russa contra a Ucrânia e, rompendo tradições, decidiram fornecer armas para as forças de resistência ucranianas.

Reunião

Em um segundo comunicado divulgado nesta quinta-feira (3), o gabinete da presidência da Finlândia informa que, durante sua “visita de trabalho” aos Estados Unidos, Niinistö se reunirá com o presidente norte-americano, Joe Biden, na Casa Branca, para discutir o ataque russo à Ucrânia e os efeitos da guerra para a segurança europeia.

De acordo com o gabinete, os dois mandatários também tratarão da cooperação entre os dois países em outras áreas. Niinistö também tem agendados encontros com “diversos atores políticos”, ainda que a previsão é de que ele permaneça por apenas um dia em território estadunidense.

Fonte: Correio Braziliense - Agência Brasil