Política

Ucrânia e Rússia concordam em criar corredores humanitários





A Rússia e a Ucrânia terminaram a 2ª rodada de negociações e concordaram com a criação de corredores humanitários para a retirada de civis da região. Também serão entregues alimentos e medicamentos em zonas de combate. Os 2 países, no entanto, não chegaram a um acordo sobre o cessar-fogo do conflito.

As delegações se encontraram nesta 5ª feira (3.mar.2022) por volta das 11h (horário de Brasília) em Belarus. A reunião se deu 3 dias depois das duas nações não chegarem a um acordo durante a 1ª rodada de conversas. Os presidentes de Rússia e Ucrânia não participaram do encontro.

Segundo o conselheiro chefe do gabinete do presidente ucraniano, Mykhailo Podolyak, a 2ª rodada não alcançou “os resultados que a Ucrânia precisa”. Uma 3ª conversa deve ser marcada nos próximos dias. Ainda ainda sem uma previsão de data.

O representante russo, Vladimir Medinsky, também confirmou a criação dos corredores e disse que será realizado um cessar-fogo temporário durante a retirada dos civis. Segundo ele, os acertos tratam-se de progressos “sustanciais”. Afirmou ainda que há sinais de entendimento entre os países em outros pontos, mas não entrou em detalhes sobre quais seriam.

ATAQUES À UCRÂNIA

Esta 5ª feira (3.mar) marca o 8º dia de conflito iniciado contra a Ucrânia no dia 24 de fevereiro. As forças da Rússia pressionam e estariam próximas de tomar a capital ucraniana, Kiev.

Na 4ª feira (2. mar), o prefeito de Kherson, Igor Kolykhayev, confirmou que a cidade portuária ao sul da Ucrânia foi tomada pelos russos. Kherson fica no Mar Negro, perto da Península Crimeia, e tem 290 mil habitantes.

Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), mais de 1 milhão de pessoas já deixaram a Ucrânia desde a invasão russa. O número corresponde a mais de 2% de toda a população ucraniana, que era de 44 milhões em 2020, de acordo com o Banco Mundial.

Uma série de sanções internacionais que miram a economia da Rússia foram impostas desde o início da guerra. A reação da comunidade internacional foi desencadeada principalmente depois que Vladimir Putin colocou as suas forças nucleares em estado de alerta. O gesto foi encarado como uma ameaça de uso de armas atômicas.

Nesta 5ª feira (3.mar), o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que a operação militar na Ucrânia continuará “até o fim. Afirmou ainda que acredita que o ocidente esteja preparando um ataque contra a Rússia. “Não podemos permitir que haja um ataque direto contra a Rússia a partir da Ucrânia”, disse.

Descartou, no entanto, a possibilidade de um conflito nuclear. Segundo Lavrov, a narrativa é reforçada pela Otan e os Estados Unidos para incentivar a “russofobia”.

 

- “Tenho medo de a Ucrânia não existir mais”, diz Zelensky, presidente ucraniano

Líder do país diz ser de paz e não querer ver povo sucumbir; ele tece críticas duras à demora na reação do Ocidente: "Houve fraqueza"

Em entrevista na tarde desta quinta-feira (3) na Ucrânia, o presidente do país atacado pela Rússia, Volodymyr Zelensky afirmou que teme pelo país, que está sob invasão desde a quinta (24) passada.

“Tenho medo de a Ucrânia não existir mais”, afirmou o líder em entrevista. Nesta quinta, enquanto falava o presidente, representantes da Ucrânia e Rússia estavam reunidos em Belarus para discutir um cessar-fogo. “Nosso povo é muito especial. Não quero vê-lo destruído. Quero ver os ucranianos sobreviverem na História. Não quero que se tornem a lenda dos 300 como os espartanos. Quero paz”

“Vocês podem ver o que está acontecendo, ouvir os tiros, as consequências dos bombardeios, ver o nosso povo defender nosso território. Podem perguntar aos homens e mulheres se estão com fome e sede. E se vocês estiverem [com fome e sede vão dividir com vocês”, declarou o presidente ucraniano.

Zelensky fez declarações fortes sobre a posição da ONU (Organização das Nações Unidas), da União Europeia e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em relação às ações tomadas para impedir a invasão russa, afirmando que os países agiram “tarde demais”. “Preciso agradecer os países que estão no fornecendo aramamentos, nós temos gratidão, mas já é tarde demais. Nós demos a janela de oportunidade para esses países, e essa janela causou a perda de milhares de vidas ucranianas”, disse. “Houve pressões sobre a Lituânia e a Polônia, e a resposta das alianças foi esperar o início da guerra”.

“O mundo precisa saber: Não é uma questão sobre o que o Olaf Scholz, ou o que o Joe Biden, ou o Macron, podem fazer, ou os outros líderes no mundo. A questão é que nós já dissemos muitas vezes que a Ucrânia precisa de garantias de segurança, e isso é algo que eu já venho dizendo desde o início (…) Se essas uniões [ONU, UE, Otan] não mostram a sua força – seja em termos de alianças econômicas, financeiras e culturais – não fica clara a união de valores”, declarou Zelesnky.

 

O líder ucraniano, apesar de apontar uma fraqueza da reação das potências do Ocidente, esclareceu que não deseja que outros países entrem em guerra, endereçando diretamente os líderes. “Não estou dizendo que alguém deva entrar em guerra, mas a força e o poder dessas alianças é de evitar a guerra. Vocês são tão poderosos que podem sentar às mesas de negociações. Houve fraqueza.”

Para Volodymyr Zelensky, as sanções são fortes e é o início de uma resposta diplomática aguardada: “Se a Ucrânia deixasse de existir, a Letônia seria o próximo país a ser invadido, a Lituânia, a Moldávia, Geórgia, Polônia, chegaríamos até o muro de Berlim. O mundo precisa mostrar a sua força, sem lutas, sem combates, sem perder vidas, porque o poder vem da diplomacia. As sanções são fortes e esse é um bom início.”

Quando questionado sobre o avanço das tropas russas no território, apesar da resistência do exército ucraniano, Zelensky não deu uma previsão do prazo que acredita que as forças da Ucrânia conseguem resistir. “Não estamos pensando no tempo, não estamos pensando ‘nós vamos resistir por esse período de tempo’, estamos apenas resistindo. Estamos fazendo o nosso trabalho”, afirmou.

O presidente ainda respondeu de forma indireta às acusações da Rússia da presença de neonazistas nas forças ucranianas. “Eu não entendo que tipo de pessoa pode planejar esse tipo de ato, isso sim é genocídio, isso sim é nazismo (…) “Esse aqui é o fim do mundo, as ações russas são o fim do mundo”.

No momento, o lado Leste da Ucrânia está mais suscetível às forças russas. A região da Crimeia já havia sido anexada pela Rússia em 2014, e as regiões de Donetsk e Luhansk possuem uma presença extensiva de grupos de separatistas russos. As cidades de Kherson e Melitopol, ao norte da Crimeia, já foram tomadas pelo exército da Rússia, e as cidades de Mauripol, na região de Donbass, e Kharkiv, na porção Nordeste do país, estão sob ataque intenso. Caso a Rússia tome o controle de Meritopol e Kharkiv, o país ocupará quase a totalidade do Leste da Ucrânia. 

 

Geórgia formaliza pedido de ingresso na União Europeia

Antiga república soviética, independente desde 1991, a Geórgia formalizou hoje (3) pedido de adesão à União Europeia (UE). O documento foi assinado pelo primeiro-ministro Irakli Gharibashvili, que considerou a iniciativa “um importante passo no caminho da integração da Geórgia à Europa”.

“Hoje é um dia histórico para a Geórgia”, disse Gharibashvili, que se referiu à medida como uma “uma nova página na história nacional, que dá continuidade aos esforços dos antepassados, que visavam à unificação em uma família europeia comum”.

Gharibashvili destacou que a Geórgia, ao longo da história, “sempre pertenceu ao espaço cultural e civilizatório europeu” e lembrou que, em 2014, quando exerceu o primeiro mandato como premiê da Geórgia, assinou acordo para que o país iniciasse as tratativas para ingressar na União Europeia;

“Desde o dia em que conquistamos a independência, nosso país vem se movendo consistentemente nesta direção. Adotamos normas e padrões europeus em todas as esferas da vida política, econômica ou social e, hoje, damos mais uma demonstração destes nossos esforços”, acrescentou o primeiro-ministro.

Fonte: Poder360 - CNN Brasil - Agência Brasil