Cultura

Papa: adoção à distância deve ser preparada, acompanhada e cultivada com amor





O Projeto Ágata Esmeralda, cujo membros foram recebidos em audiência este sábado no Vaticano pelo Papa Francisco, é uma Associação beneficente, nascida em Florença, Itália, em 1996, por obra do Prof. Mauro Barsi e do saudoso cardeal Lucas Moreira Neves, na época, arcebispo de São Salvador da Bahia. Este Projeto nasceu com o objetivo principal de ajudar os pobres e as crianças do Brasil. Hoje, a Associação está presente também em nove países no mundo

O Santo Padre recebeu após o meio-dia deste sábado (05/3), na Sala Clementina, no Vaticano, os membros da Associação “Projeto Ágata Esmeralda”.

Em sua saudação aos membros da Associação, o Papa agradeceu, entre outros, a presença do arcebispo de Florença, na região italiana da Toscana, cardeal Giuseppe Betori, que acompanhou os membros desta Associação, que têm um vínculo sólido com a sua arquidiocese. E explicou:

“Sei que esta Associação mantém um vínculo forte com a Arquidiocese de Florença. Não se trata de um vínculo apenas informal, mas substancial, de colaboração concreta de parceria, sobretudo em Salvador da Bahia. Isto é muito bom.”

Tema recentemente abordado pelo Papa Francisco

Francisco recordou que, recentemente, fez uma catequese dedicada a São José, durante a qual abordou o tema da “adoção de crianças”, sobre a qual disse:

“Elogiei e encorajei os cônjuges que abrem seus corações e seus lares para acolher um menino ou menina que não tem família. Tal sensibilidade, abertura, paternidade e maternidade são também, de modo análogo, a base de um sério compromisso. De fato, quem opta pela adoção à distância é movido pelo desejo de dar uma mão a uma criança, para que se sinta amada, não lhe falte o necessário e cresça bem.”

Neste sentido, o Pontífice agradeceu à Associação por colaborar com a difusão da ternura de Deus e da sua paternidade no mundo, um grande dom que Jesus nos deu. Jesus nos acolheu no seu relacionamento com o Pai, nascendo no seio de Maria e vivendo nossa existência humana. Por isso, Ele sofreu, morreu e ressuscitou, para que nos tornássemos filhos de Deus. Também como diz São Paulo: "Para que recebamos a adoção de filhos".

Grande necessidade de paternidade e ternura

Depois, o Santo Padre recordou que “há uma grande necessidade de paternidade e ternura em nossos dias. A “ternura” é uma palavra expulsa, muitas vezes, dos dicionários da vida cotidiana:

“A verdadeira revolução no mundo é feita pelos que trabalham, sem cessar e sem fazer barulho, para que os pequeninos e pobres não sejam desprezados, descartados, abandonados, mas possam viver segundo a própria dignidade de filhos de Deus. Assim deve ser a adoção à distância, bem preparada e acompanhada: é uma pequena semente do Reino de Deus, que cresce e produz frutos se for cultivada com amor.”

Ao término da audiência à Associação “Ágata Esmeralda”, Francisco agradeceu aos seus membros por manterem cerca de sete mil adoções à distância, envolvendo muitos voluntários e leigos, mas também religiosas e sacerdotes, que trabalham nas periferias do mundo. O Papa expressou seu apreço ainda porque atribuem todo este trabalho à Divina Providência. De fato, disse, somos apenas colaboradores da Providência!

Associação hoje presente em nove países no mundo

Por fim, ao encorajar os membros desta Associação a continuar a sua obra, com coragem e com a graça de Deus, concedeu sua Bênção Apostólica a todos, de modo particular aos que compartilham e apoiam este trabalho, mas, sobretudo, a todas as crianças adotadas.

O Projeto Ágata Esmeralda é uma Associação beneficente, nascida em Florença, Itália, em 1996, por obra do Prof. Mauro Barsi e do saudoso cardeal Lucas Moreira Neves, na época, arcebispo de São Salvador da Bahia. Este Projeto nasceu com o objetivo principal de ajudar os pobres e as crianças do Brasil. Hoje, a Associação está presente também em nove países no mundo.

Fonte: Manuel Tavares/Raimundo Lima - Vatican News

 

Confira outras notícias 

Ucrânia, o Papa exorta à oração. Moscou anuncia uma trégua, Kiev denuncia violações contínuas

Novo tuíte de Francisco pedindo o fim da guerra no atormentado país do leste europeu. O Ministério da Defesa russo anunciou uma trégua e divulgou que foram abertos corredores humanitários para permitir que civis deixassem as cidades de Mariupol e Volnovakha. Autoridades ucranianas: o cessar-fogo não foi respeitado

Amedeo Lomonaco – Vatican News

Em um tuíte, lançado de sua conta também em ucraniano e russo, o Papa pede para rezar juntos pela Ucrânia. "Peçamos à Rainha da Paz que estenda seu manto sobre nós: À Vossa Proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita!"

A trégua anunciada este sábado pelo Ministério da Defesa russo mostrou ser uma esperança frágil. As autoridades municipais de Mariupol anunciaram que as forças militares russas não estão observando a trégua ao longo da rota concordada. Eles acrescentaram que, devido às contínuas violações, a evacuação de civis de Mariupol foi adiada. Segundo o ministro das Relações Exteriores russo, Serghei Lavrov, ao invés, são as autoridades ucranianas que estão impedindo os civis de deixar a cidade.

Enquanto isso, as tropas russas estão se aproximando de outra usina nuclear ucraniana depois de tomar o controle da de Zaporizhizhia, a maior da Europa. Falando na Polônia, o secretário de Estado norte-americano Blinken disse que a paz e a segurança estão ameaçadas: "Defenderemos - acrescentou - cada centímetro do território da Otan".  Em sua mensagem em vídeo diária de Kiev, o chefe da Igreja greco-católica ucraniana, Sua Beatitude Sviatoslav Shevchuk, apelou à comunidade internacional para que comboios humanitários chegassem às cidades sitiadas. Cidades e territórios abalados pela guerra, onde o êxodo de civis continua sem parar. É precisamente a situação dos refugiados que será abordada na próxima segunda-feira em uma nova reunião do Conselho de Segurança da Onu dedicada ao conflito na Ucrânia.

 

- Queremos a paz!

A invasão russa está trazendo dor e devastação à Ucrânia e ameaça se espalhar. Outras guerras continuam fazendo vítimas na Síria, Iêmen, Etiópia e ainda em outras terras. São sempre os mais indefesos, particularmente as crianças, que pagam o preço. As pessoas simples querem paz

Sergio Centofanti – Vatican News

Hoje, mais do que nunca, sonhamos com a profecia de Isaías: "Transformarão suas espadas em arados, suas lanças em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra a outra, e nem se aprenderá mais a fazer a guerra" (Is 2,4).

Por muito tempo, aqui na Europa, tomamos a paz como um dado adquirido. A guerra era assunto de outros, de povos distantes, podíamos esquecer essas guerras, envolvidos apenas pelos gritos dos fugitivos em busca de uma nova esperança, talvez insensível à dor dessas pessoas. Essas guerras ainda estão aí: Síria, Iêmen, Etiópia e muitas outras. As pessoas ainda estão fugindo, apenas tentando viver.

A vida, às vezes, muda repentinamente. Na noite anterior ao ataque russo, havia multidões nas ruas e restaurantes das cidades ucranianas. As pessoas buscavam não pensar na concentração das tropas de Moscou na fronteira. Ninguém imaginava que o drama viria em poucas horas. À noite era a paz, à madrugada já era a guerra. À noite de braço dado com a amada ou amado, no dia seguinte com o fuzil. Um jovem casal se casou imediatamente após a invasão e se alistou para defender sua pátria. Muitas crianças foram levadas para fora do país, muitas outras ainda estão sob as bombas. Um novo massacre dos inocentes.

Temos estado demasiadamente acostumados à paz. Todos os dias lamentamos de muitas coisas. Mas quando, de repente, a guerra irrompe, vemos claramente o que é essencial. A paz é essencial. Um Salmo nos lembra: "Não haja brecha ou fuga, nem grito de alarme em nossas praças. Feliz o povo em que assim acontece" (Salmo 144). Agora há lutas na Europa. E temos medo, angústia. Talvez, também esta seja uma guerra distante para outros. Para os ucranianos é em suas terras, que alguém quer roubar. Para outros europeus, está perto. Há o pesadelo de uma guerra nuclear. Um míssil pode atingir uma usina atômica. Em meio a essa ansiedade, há tanta solidariedade com aqueles que foram atacados. A leitura da Oração Matinal de hoje diz: "Socorrei o oprimido" (Is 1,17). O que podemos fazer para ajudar?

Queremos a paz! Não queremos a guerra do poderoso de turno que visa aumentar seu poder sobre o sangue dos outros: até mesmo o de seus próprios filhos, que são usados e enganados e enviados para matar e morrer. Como podemos parar esta loucura? Alguns recorrem às sanções, outros às armas, outros à diplomacia. O que as pessoas simples podem fazer? Ajudar, ser solidárias com o povo ucraniano, e rezar pela paz.

Hoje mais do que nunca, sonhamos com outra profecia, quando os inimigos finalmente viverão juntos em paz: "Então o lobo morará com o cordeiro, e o leopardo se deitará com o cabrito; o bezerro, o leãozinho e o gordo novilho andarão juntos, e um menino pequeno os guiará" (Is 11,6). Senhor, dai-nos a paz!

Fonte: Vatican News