Política

Zelensky apela ao povo russo que combata a guerra





O presidente da Ucrânia, Wolodymyr Zelensky, fez novo pronunciamento neste domingo (3), em que se dirigiu ao povo russo e pediu que eles se posicionem contra a guerra.

“Ciadãos russos, essa não é só a luta pela paz na Ucrânia, mas pela riqueza que vocês tinham no seu país. Se ficarem calados, a miséria que vai falar por vocês no futuro. Não fiquem calados”, declarou o presidente.

Ele voltou a afirmar que não se trata de uma operação militar nem é ocasional, mas uma invasão planejada. Segundo ele, os soldados russos capturados pelas forças ucranianas forneceram informações que reforçam essa tese.

“Essas pessoas [do Exército russo] queriam acabar com nossas cidades. Tivemos acesso a documentos. Por isso que está ocorrendo essa atrocidade. Estão lançando bombas, artilharia, mísseis. Isso não é uma improvisação”, disse.

Zelensky afirmou que os ataques da Rússia sobre o país estão violando regras internacionais. “Isso será um crime militar histórico”, destacou.

No pronunciamento, o presidente ucraniano comentou que sua gestão está planejando medidas de estímulo econômico e de apoio à população com vistas à reconstrução do país. 

“Já sabemos como vamos reconstruir e reformar a nossa Ucrânia. Criamos fundos para este fim, um para infraestrutura, um para crédito e um de auxílio para negócios pequenos, além de vários programas que estamos criando”, informou.

Na Rússia, diversos atos vêm sendo promovidos contra a guerra. Mas o presidente Vladimir Putin tem endurecido. Os protestos têm sido duramente reprimidos. Nesta semana, aprovou uma nova lei censurando conteúdos críticos à guerra, com pena de prisão de até 15 anos.

 

- Putin diz para Ucrânia parar de lutar em meio a pedidos de cessar-fogo

Presidente russo diz que campanha não termina até Kiev parar de lutar

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse neste domingo que sua campanha na Ucrânia está indo de acordo com o planejado e não terminará até que Kiev pare de lutar, enquanto os esforços para evacuar a cidade fortemente bombardeada de Mariupol falharam pelo segundo dia consecutivo.

O presidente russo fez os comentários em um telefonema com o presidente turco Tayyip Erdogan, que pediu um cessar-fogo no conflito que, segundo a ONU, criou a crise de refugiados que mais cresce na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

A mídia russa disse que Putin também manteve quase duas horas de conversas no domingo com o presidente francês Emmanuel Macron, mas, como em outros esforços internacionais, ele ainda não convenceu Moscou a cancelar a campanha, agora no 11º dia.

As autoridades de Mariupol disseram no domingo que fariam uma segunda tentativa de evacuar alguns dos 400.000 moradores, depois que a cidade costeira ucraniana sofreu dias de bombardeios que deixaram pessoas sem aquecimento, energia e água.

Mas o plano de cessar-fogo fracassou, como aconteceu no sábado, com cada lado culpando o outro pelo fracasso.

Kiev renovou seu apelo ao Ocidente para endurecer as sanções além dos esforços existentes que atingiram a economia da Rússia. Também solicitou mais armas, incluindo um pedido de aviões fabricados na Rússia, para ajudar a repelir as forças russas.

O secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, disse que Washington está considerando como poderia abastecer aeronaves para a Polônia, se Varsóvia decidisse fornecer seus aviões de guerra para a Ucrânia, falando em uma viagem à vizinha Moldávia.

"Estão nos destruindo"

Moscou chama a campanha lançada em 24 de fevereiro de "operação militar especial", dizendo que não tem planos de ocupar a Ucrânia, que já foi parte da União Soviética sob o domínio de Moscou, mas que agora se voltou para o Ocidente em busca de adesão à Otan e à União Europeia.

"Eles estão nos destruindo", disse o prefeito de Mariupol, Vadym Boychenko, à Reuters em uma videochamada, descrevendo a situação da cidade de 400 mil habitantes. "Eles nem nos dão a oportunidade de contar os feridos e mortos porque o bombardeio não para."

A Rússia, que nega atacar áreas civis, enviou tropas e equipamentos para a Ucrânia. Um enorme comboio russo em uma estrada ao norte de Kiev fez progressos limitados nos últimos dias, embora o Ministério da Defesa da Rússia tenha divulgado imagens no domingo mostrando alguns veículos militares rastreados em movimento.

Na capital, soldados ucranianos reforçaram as defesas cavando trincheiras, bloqueando estradas e fazendo contato com unidades de defesa civil enquanto as forças russas bombardeavam áreas próximas.

"As posições estão preparadas, nós as equipamos e estamos simplesmente esperando para encontrá-las aqui", disse um soldado em um vídeo divulgado pelas Forças Armadas da Ucrânia. "A vitória será nossa."

O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy disse que foguetes russos destruíram o aeroporto civil da capital da região centro-oeste de Vinnytsia no domingo. Ele também disse que a Rússia estava se preparando para bombardear outra cidade do sul, Odessa.

"Foguetes contra Odessa? Isso será um crime de guerra", disse ele.

A Organização Mundial da Saúde disse que houve vários ataques a instalações de saúde ucranianas durante o conflito. Os ataques causaram mortes e feridos, disse o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em uma mensagem no Twitter, mas não deu detalhes.

“Ataques a instalações de saúde ou trabalhadores violam a neutralidade médica e são violações do direito internacional humanitário”, disse ele.

 

- Guerra pode continuar “por algum tempo”, diz Blinken

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou neste domingo (6.mar.2022) que a guerra entre a Ucrânia e a Rússia pode continuar por um “tempo considerável”. Para ele, nenhum dos 2 países demonstram sinais de que irão ceder.

Acho que temos que estar prontos para que isso [a guerra] possa continuar por algum tempo”, disse Blinken em entrevista ao canal norte-americano NBC. “A força bruta que a Rússia pode usar —a mão de obra, a extensão de suas forças armadas— tem o potencial de continuar esmagando esses ucranianos incrivelmente corajosos e resilientes”.

E continuou: “Mas aqui está a coisa. Vencer uma batalha não é vencer uma guerra. Tomar uma cidade não é tomar os corações e mentes dos ucranianos. E o que aprendemos nas últimas semanas é que eles lutarão até o fim por seu país —mesmo se levar uma semana, se demorar um mês, se demorar um ano”.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou neste domingo (6.mar) que o conflito termina se a Ucrânia aceitar as exigências russas. Os 2 lados se reuniram pela 1ª vez em 28 de fevereiro, mas não chegaram a um acordo. O 2º encontro foi na 5ª feira (3.mar). A 3ª rodada de negociações será na 2ª feira (7.mar), segundo a Ucrânia.

BANIR O PETRÓLEO

Os Estados Unidos e a UE (União Europeia) estão considerando banir a importação de petróleo da Rússia. “Estamos agora em discussões muito ativas com nossos parceiros europeus sobre a proibição da importação de petróleo russo para nossos países, ao mesmo tempo, é claro, mantendo um suprimento global estável de petróleo”, disse Blinken.

Blinken afirmou ainda que não pode descartar que os EUA decidam pela proibição independentemente do que a União Europeia decidir, mas que todas as abordagens sobre sanções começam com coordenação.

Uma marca registrada de tudo o que fizemos até agora foi essa coordenação com aliados e parceiros. Somos muito mais eficazes em todos os aspectos quando fazemos as coisas juntos com a coordenação mais próxima possível.

O secretário de Estado norte-americano também afirmou que as ações atuais “já tiveram um impacto devastador na economia russa”. Em sua avaliação, a Rússia está caminhando para uma “profunda recessão”.

MAIS SANÇÕES

Blinken não descartou outras medidas, como retirar o status da Rússia de parceiro comercial preferencial. Este, assim como o banimento do petróleo russo, teriam sido alguns dos pedidos do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ao falar com congressistas norte-americanos.

Mas se houver coisas a fazer para aumentar a pressão, se ele não quiser parar a agressão, nós vamos fazê-las. Então, vamos olhar para cada um, decidir junto com nossos aliados e parceiros o que é mais eficaz, quando devemos fazê-lo. E vamos prosseguir — vamos proceder dessa maneira”, disse Blinken.

A Rússia é alvo de dezenas de sanções de diferentes países, organizações e empresas. Saiba quais nesta reportagem.

Blinken descartou, no entanto, atender ao pedido de fechar o espaço aéreo da Ucrânia. A medida é pedida por Zelensky.

Se posta em prática, sinalizaria compromisso da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em engajar-se na derrubada de aviões russos e, logo, entrar formalmente na guerra. Atualmente, os países-membros se limitam a fazer doações de equipamentos bélicos à Ucrânia e mobilizar tropas nas fronteiras da aliança, como na Polônia e na Lituânia.

Blinken afirmou que o presidente Joe Biden “sempre foi muito claro” sobre o fato dos EUA não entrarem no conflito de forma direta. Segundo o secretário de Estado, não haverá confronto entre aviões ou soldados norte-americanos e russos.

O que estamos tentando fazer é acabar com esta guerra na Ucrânia, não começar uma maior.

11º DIA DA GUERRA

A invasão da Ucrânia pela Rússia chega ao 11º dia neste domingo (6.mar.2022). O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse no sábado (5.mar) que seu governo está fazendo todo o possível para chegar a um acordo com os russos. Nova rodada de negociações deve ser realizada na 2ª feira (7.mar).

A OMS (Organização Mundial da Saúde) confirmou “vários” ataques a centros de saúde na UcrâniaAtaques a instalações de saúde ou trabalhadores infringem a neutralidade médica e são violações do direito internacional humanitário”, declarou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus

Segundo a ONU (Organizações das Nações Unidas), em torno de 1,5 milhão de pessoas deixaram a Ucrânia desde o início dos ataques, em 24 de fevereiro.

 

-Russos avançam em direção a Kiev e matam ao menos 8 civis no caminho

Tropas russas se aproximam de Kiev neste domingo (6), em um avanço marcado por confrontos, bombardeios e mortes de civis. A cidade de Irpin, a apenas 25 quilômetros de distância da capital ucraniana e único ponto de evacuação de civis a oeste de Kiev, está sob intenso bombardeio. Ao menos oito civis morreram com os ataques.

As informações são da CNN Internacional, Reuters, Sky News e AP Dow Jones, além de agências noticiosas atribuídas a membros do governo ucraniano.

O exército russo impiedosamente continua a disparar em todos os bairros. Um número significativo de moradores ainda está em porões. Durante a evacuação, os russos abriram fogo de morteiro contra as pessoas. Pelo menos três pessoas morreram no bombardeio, incluindo duas crianças.Governo da Ucrânia através de mensagem no Telegram no final da manhã (horário de Brasília)

No início da tarde de domingo (horário de Brasília), o governo ucraniano afirmou que ao menos quatro vítimas foram mortas baleadas por ocupantes russos durante a evacuação de Irpin.

"Todos morreram: mãe, pai, duas crianças. A única coisa que esta família fez foi fugir da guerra. O inimigo não lhes deu nenhuma chance. Os ocupantes viram quem estava sendo baleado."

Jornalistas que faziam gravações no local avistaram o que parecia ser um projétil de artilharia atingindo o solo do ponto de evacuação. Na ocasião havia um fluxo de moradores passando pelo ponto de evacuação e controle na região.

Grupos da mídia que estavam na região, como a Radio Free Europe/Radio Liberty, afirmaram inicialmente que ao menos três civis morreram, incluindo duas crianças, em razão do bombardeio no local.

Oleksiy Arestovych, conselheiro do Gabinete do Presidente ucraniano (Volodymyr Zelensky), declarou que tropas russas entraram nas cidades de Hostomel e Bucha ontem (5).

"Eles feriram muitas crianças e não permitem evacuá-las, apesar dos inúmeros apelos no mais alto nível do estado para fornecer um 'corredor humanitário' de Bucha e Irpin. Há muitas crianças nos porões", disse.

"Há porões onde 70 crianças estão sentadas agora e não estão sendo liberadas. Esta é uma catástrofe tanto do ponto de vista humanitário quanto, acima de tudo, do ponto de vista moral", afirmou Arestovych. Ele complementou dizendo que a questão está sendo discutida "no mais alto nível com as instituições humanitárias internacionais".

Rússia intensifica ataques em Mariupol

Após uma tentativa frustrada de retirar civis de Mariupol, na região portuária ao leste da Ucrânia, a Rússia intensificou os bombardeios contra a cidade nesta madrugada. Segundo autoridades locais, há ataques contra áreas residenciais e é "impossível contar o número de civis mortos".

A segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv, também registrou uma série de explosões nesta noite, informou a mídia local.

As Forças Armadas da Ucrânia dizem estar planejando várias operações defensivas hoje, inclusive na parte leste de Donetsk e na cidade de Chernihiv.

Prefeito diz que Rússia intensificou bombardeios em Mariupol

O prefeito de Mariupol, Vadym Boychenko, disse que o Exército russo intensificou os ataques contra a cidade. Neste sábado (5) um corredor humanitário foi autorizado pelo Kremlin para a retirada de civis, porém a prefeitura diz que o cessar-fogo não foi respeitado, com bombardeios registrados em Mariupol e em seus arredores.

"A cidade está em um estado de sítio muito, muito difícil", disse Vadym Boychenko a uma TV ucraniana. "O bombardeio implacável de quarteirões residenciais está em andamento, os aviões estão lançando bombas em áreas residenciais".

O prefeito acrescentou que milhares de crianças, mulheres e idosos foram atacados quando se aproximaram da área onde seria feito um corredor humanitário. Segundo ele, é impossível contar o número de civis mortos em Mariupol desde o início da invasão russa.

Fonte: Agência Brasil - Poder360 - UOL