Política

Ucrânia está aberta à demanda por neutralidade da Rússia





A Ucrânia está aberta para discutir a demanda russa por neutralidade, desde que mantenha todo seu território com garantias de segurança.

Em entrevista para à Bloomberg nesta 4ª feira (9.mar.2022), Ihor Zhovkao, vice-diretor do gabinete do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, afirmou que o país está pronto para uma solução diplomática, desde que não seja entregue nenhuma “única polegada” à Rússia.

A garantia constitucional de não-adesão a organizações ocidentais (Otan e União Europeia) é uma das demandas emitidas por negociadores russos na 2ª feira (7.mar). O reconhecimento da independência das regiões de da Crimeia e Donbass também é outra exigência russa.

 

- Rússia defende negociações e nega querer derrubar governo da Ucrânia

Representante do Ministério das Relações Exteriores russo afirmou também que Moscou quer avançar nas próximas negociações

A Rússia alcançará seu objetivo de garantir o status neutro da Ucrânia e prefere fazer isso por meio de negociações, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, nesta quarta-feira (9).

Os objetivos de Moscou não incluem derrubar o governo de Kiev, e a Rússia espera alcançar progressos mais significativos na próxima rodada de negociações com a Ucrânia, disse Zakharova em uma coletiva de imprensa, acrescentando que a operação militar da Rússia está seguindo estritamente seu plano.

Além disso, Zakharova acrescentou que a Rússia já teria recebido mais de 140 mil ucranianos em seu território desde a chamada “operação militar especial” na Ucrânia. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 2 milhões de refugiados já deixaram a Ucrânia até o momento.

Um novo cessar-fogo para a saída de civis da Ucrânia através de corredores humanitários foi informado pelos russos nesta quarta-feira (9). Apesar da interrupção dos ataques desde às 9 horas local (4 horas de Brasília) desta quarta, as Forças Armadas ucranianas divulgaram um comunicado afirmando ser “difícil confiar no ocupante”.

Além da capital, Kiev, os corredores humanitários para pessoas estarão em Chernihiv, Sumy, Kharkiv e Mariupol. Apenas em Sumy, 5 mil pessoas deixaram a cidade na terça-feira.

O prefeito de Sumy, Oleksandr Lysenko, confirmou que civis em carros particulares estavam deixando a cidade também nesta quarta-feira.

 

- Kremlin diz aos EUA para esperarem resposta à "guerra econômica"

O Kremlin acusou os Estados Unidos (EUA), nesta quarta-feira (9), de declararem guerra econômica à Rússia que está semeando o caos nos mercados de energia. Alertou Washington que está analisando qual será a resposta ao veto norte-americano ao petróleo russo.

A economia da Rússia está enfrentando a crise mais grave desde a queda da União Soviética em 1991, depois que o Ocidente impôs pesadas sanções a quase todo o sistema financeiro e corporativo russo, após a invasão da Ucrânia. 

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, classificou as sanções do Ocidente como ato hostil que agitou os mercados globais e disse não estar claro até onde iria a turbulência nos mercados globais de energia.

"Você vê o caos, o caos hostil, que o Ocidente semeou - e isso, claro, torna a situação muito difícil e nos obriga a pensar seriamente", disse Peskov. 

"Vemos que a situação nos mercados de energia está se desenvolvendo de forma bastante turbulenta - e não sabemos até onde essa turbulência irá", acrescentou.

Ele se recusou a descrever a natureza exata da resposta da Rússia. O presidente Vladimir Putin, líder supremo da Rússia desde 1999, fará reunião com representantes do governo nesta quinta-feira (10) para discutir como reduzir o impacto das sanções, disse o Kremlin.

A tentativa do Ocidente de isolar a Rússia - um dos maiores exportadores mundiais de petróleo, gás e metais - atingiu os mercados de commodities e aumentou a inflação em todo o mundo.

Questionado sobre os comentários do Kremlin, o vice-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Daleep Singh, disse: "Esta é uma guerra de agressão brutal e desnecessária. Dissemos o tempo todo que, se a agressão aumentar, os custos também aumentarão".

"Eu não chamaria de guerra econômica. Esta é a nossa maneira de demonstrar determinação", afirmou Singh.

 

- Avião da FAB pousa na Polônia para repatriar brasileiros

Operação levou mais de 11 toneladas de doações humanitárias

O avião KC-390 Millennium da Força Aérea Brasileira (FAB) chegou hoje (9) a Varsóvia, na Polônia. A aeronave levou doações para a Ucrânia e vai repatriar brasileiros que fogem do conflito. O voo deve chegar de volta para Brasília amanhã (10).

O KC-390 saiu de Brasília na última segunda-feira (7) e fez 3 escalas técnicas: uma em Recife, outra na Ilha do Sal (Cabo Verde) e a última em Lisboa (Portugal).

Além de repatriar 40 brasileiros que moram na Ucrânia, o governo vai resgatar 23 ucranianos e um polonês, que já conseguiram visto humanitário para desembarcar em solo brasileiro. Também serão trazidos seis cachorros, pertencentes às famílias - os donos foram dispensados pelo governo brasileiro de apresentarem o Certificado Veterinário Internacional.

No voo de ida foram transportadas 11,6 toneladas de doação para a Ucrânia, que incluem cerca de 9 toneladas de alimentos desidratados de alto teor nutritivo, o equivalente a 360 mil refeições; 50 purificadores de água, com capacidade por volta de 300 mil litros de água por dia; e meia tonelada de insumos essenciais e itens médicos.

Segundo o Ministério da Saúde, entre os materiais enviados, estão medicamentos para assistência farmacêutica básica para pessoas com doenças como hipertensão e diabetes, antibióticos, antitérmicos, antialérgicos, sais de reidratação e insumos para situações de emergência, máscaras de proteção e testes para detecção da covid-19. No total, são cerca de 20 mil itens médicos para assistência às vítimas.

A missão conta, ainda, com um médico especialista para execução de protocolo sanitário, no contexto da covid-19, e assistência a qualquer viajante em caso de intercorrências durante a missão.

O KC-390 é o maior avião militar desenvolvido e fabricado no hemisfério sul e um dos projetos estratégicos da Defesa. A aeronave já foi empregada em outras missões especiais de ajuda humanitária, como no Líbano (2020) e no Haiti (2021).

A Operação Repatriação é uma ação interministerial, entre as pastas da Justiça e Segurança Pública (MJSP), da Defesa (MD), das Relações Exteriores (MRE) e da Saúde (MS).

Visto

Uma portaria dos ministérios das Relações Exteriores e da Justiça e Segurança Pública, publicada no último dia 3, dispõe sobre a concessão do visto temporário (6 meses) e da autorização de residência para fins de acolhida humanitária (2 anos) para os nacionais ucranianos e aos apátridas que tenham sido afetados ou deslocados pela situação de conflito armado na Ucrânia.

Fonte: Poder360 - CNN Brasil - Agência Brasil