Política

Nós morremos por vocês também, diz Zelensky sobre europeus





O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse, nesta quarta-feira (9), que os ucranianos também estão lutando pelos demais países europeus na guerra com a Rússia. A fala de Zelensky aconteceu quando ele comentava, em entrevista ao jornal alemão Bild, sobre a possível inclusão do país na (UE) União Europeia.

"O que está acontecendo conosco agora também pode acontecer com vocês. E isso é muito importante para mim: nós morremos por vocês também", afirmou Zelensky, ao falar sobre países que não apoiam a Ucrânia na UE.

Zelensky assinou no último 28 de fevereiro, quatro dias depois do início da guerra com os russos, o pedido para que a Ucrânia passe a integrar o bloco europeu. Na ocasião, ele pediu para que o grupo admitisse "urgentemente" a entrada do país. 

Em votação realizada no dia seguinte (1º), o Parlamento Europeu recomendou que a Ucrânia ganhasse o status de membro da União Europeia. A decisão foi tomada por 637 votos favoráveis, 13 votos contrários e 26 abstenções.

"Os governos que não apoiam nossa adesão à UE apontam para reformas que ainda precisam acontecer. Eles não nos veem como iguais. Ainda tenho muitas perguntas sem resposta", disse Zelensky.

Fim da guerra?

Zelensky também afirmou estar disposto a fazer concessões para por fim à guerra, embora não tenha especificado quais. Dentre as exigências impostas pela Rússia para cessar os ataques aos vizinhos está o reconhecimento das repúblicas separatistas de Donetsk e Luhansk, no Leste ucraniano, como territórios independentes.

"A questão aqui não é o que eu posso dar. Em todas as negociações, meu objetivo é acabar com a guerra com a Rússia. E também estou pronto para dar alguns passos", disse Zelensky.

O presidente ucraniano afirmou que os compromissos que adotar para por fim à guerra com os russos não devem ser "uma traição" à Ucrânia.

"E o outro lado também deve estar disposto a fazer concessões - é por isso que elas são chamadas de concessões. Esta é a única forma de sairmos desta situação. Ainda não podemos falar sobre os detalhes. Ainda não tivemos contato direto entre os presidentes. Somente após as conversas diretas entre os dois presidentes podemos acabar com essa guerra", afirmou. 

Mariupol

Sobre o ataque russo a um hospital infantil e maternidade na cidade de Mariupol, ao sul da Ucrânia, mais cedo, Zelensky classificou a investiga militar das tropas comandas por Vladimir Putin como algo causado por "animais".

"Se um foguete atingir um hospital infantil na Alemanha, o que acontecerá? Imagine-nos na sua situação - discutiríamos e negociaríamos. Como pode ser uma coisa dessas? Estes são animais que causam algo assim. O que está acontecendo na cabeça deles?", disse o ucraniano.

O sul da Ucrânia é crucial para a estratégia russa na guerra. Nos dias que antecederam a invasão, a Rússia posicionou ao longo da costa ucraniana navios carregados com tanques de guerra, veículos blindados e soldados, prontos para desembarcar no mar Negro e no mar de Azov.

A meta era cercar as cidades da região para impedir o acesso da Ucrânia ao mar e criar uma conexão direta com a península da Crimeia —dominada pelos russos desde 2014— e a região de Donbass, à leste, aliada da Rússia e com duas regiões que já declararam independência: Lugansk e Donetsk.

 

- Ataque a maternidade foi crime de guerra russo, diz Zelensky

 

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que o bombardeio que atingiu uma maternidade hospitalar na cidade portuária de Mariupol nesta 4ª feira (9.mar.2022) é a “prova final de que está acontecendo um genocídio de ucranianos” na guerra contra a Rússia. 

Zelensky definiu o ataque como um “crime de guerra” que simbolizava “todo o mal que os ocupantes russos levavam ao país.

Hospital infantil? Ala de maternidade? Por que eles eram uma ameaça para a Rússia?”, questionou o chefe de Estado ucraniano em vídeo publicado em seu perfil do Facebook.

No pronunciamento, o presidente ucraniano pressionou aliados europeus a condenarem os bombardeios e citou ao menos 17 feridos identificados nos escombros.

Europeus, vocês não poderão dizer que não viram o que está acontecendo com os ucranianos, o que está acontecendo em Mariupol”, disse Zelensky, pedindo ao bloco que pressionasse a Rússia através de novas sanções para impedi-la de “continuar esse genocídio”, afirmou.

Mariupol é uma das cidades em que Moscou vem propondo um cessar-fogo temporário para o transporte seguro de civis através de corredores humanitários, acordado pelos países na 2ª rodada de negociações em busca de uma resolução.  O mesmo vale para Kiev, Chernihiv, Sumy, e Kharkiv.

A Ucrânia, porém, acusa o país de descumprimento da medida. O ministro de Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, disse nesta 4ª que Moscou não permitiu a retirada de moradores em Mariupol, tornando “reféns” mais de 400 mil pessoas.

O vice-primeiro-ministro ucraniano Sergiy Orlov disse que os ataques russos na cidade já deixaram ao menos 1170 mortos. “É medieval”, definiu Orlov. 

Imagens compartilhadas por Zelensky mostram partes do prédio destruídas e pessoas sendo carregadas do local. Um alto funcionário regional detalhou à televisão ucraniana que, segundo os primeiros informes, não havia registro de mortos. 

O governo da Rússia, por outro lado, diz que a maternidade já não funcionava desde o início da “operação militar especial” do país na Ucrânia, em 24 de fevereiro. 

Segundo o Kremlin, médicos que trabalham anteriormente no local “foram dispersos por militantes do batalhão nacionalista Azov” –grupo formado por indivíduos envolvidos em atividades neonazistas – e, desde então, a facilidade estava sendo usada como posto de combate pelo Exército ucraniano.

 

Cerca de 35 mil pessoas foram resgatadas por corredores humanitários, diz Zelensky

Presidente da Ucrânia disse que as autoridades estavam preparando seis corredores humanitários para tirar as pessoas das áreas sob ataque; apenas três foram utilizados

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que “ao todo, quase 35 mil pessoas foram resgatadas” através dos corredores humanitários estabelecidos nesta quarta.

“Hoje conseguimos organizar três corredores humanitários: da cidade de Sumy, da cidade de Kyiv e da região de Kyiv, e da Enerhodar”, disse ele, acrescentando que os esforços continuarão na quinta-feira (10).

Zelensky disse que as autoridades ucranianas estavam preparando seis corredores humanitários para tirar as pessoas das áreas sob ataque das forças russas.

“Estamos rezando para poder evacuar as pessoas de Mariupol, de Izium, de Volnovakha, etc. para evacuar para lugares seguros da Ucrânia. “E estou certo de que todo ucraniano que conhece essas pessoas precisará de ajuda para que elas se sintam cuidadas”, disse ele.

Enquanto algumas rotas foram bem sucedidas na evacuação das pessoas para lugares seguros, outras tiveram que ser abandonadas.

As autoridades locais em áreas próximas a Kyiv – que estiveram sob ataque por mais de uma semana – disseram que os esforços para evacuar as pessoas para um local seguro falharam na quarta-feira. O conselho municipal de Bucha disse que 50 ônibus haviam sido bloqueados pelos militares russos na vizinha Stoyanka.

 

 

 

 

- Bolsonaro ofendeu Zelensky, diz líder de entidade ucraniana

O presidente da Representação Central Ucraniano-Brasileira, Vitorio Sorotiuk, disse estar decepcionado com a postura do chefe do Executivo brasileiro, Jair Bolsonaro (PL), perante o conflito entre ucranianos e russos. 

Em entrevista ao UOL, Sorotiuk falou que Bolsonaro foi convidado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para visitar o país no período em que viajou à Rússia e outros países europeus. Segundo ele, a Presidência da República não respondeu ao convite. Sorotiuk afirmou que o gesto é um insulto a Zelensky e um desrespeito ao povo ucraniano.

Poder360 entrou em contato com a assessoria da Presidência da República pedindo manifestação sobre o convite. Até o momento, não houve resposta. O espaço segue aberto.

O Bolsonaro ofendeu o presidente da Ucrânia e virou as costas para a gente. Ele apenas decidiu ir à Rússia e oferecer solidariedade ao Putin antes da invasão”, declarou Sorotiuk. “Depois, disse que a posição era de neutralidade quando o 2º maior exército do mundo ataca um país pequeno. Espero que ele se comporte como presidente do Brasil, e não como Jair Bolsonaro.

Bolsonaro se encontrou com o presidente russo, Vladimir Putin, em 16 de fevereiro, antes da invasão da Ucrânia. Na ocasião, afirmou que o “Brasil é solidário à Rússia”, mas não mencionou o conflito com o país vizinho.

Sorotiuk disse que soube do convite feito ao Brasil em dezembro, quando Zelensky participou de reunião virtual com mais de 30 representantes de organizações ucranianas em todo o mundo. Em janeiro, a Representação Central Ucraniano-Brasileira enviou carta à Presidência e citou a conversa com Zelensky.

Nesta reunião ele [Zelensky] nos informou que já fez um convite para que Vossa Excelência visitasse a Ucrânia (…). Que Vossa Excelência aproveite a viagem a Moscou para também visitar o presidente Volodimir Zelensky em Kiev (…). Gostaríamos de expressar que o conflito na fronteira da Ucrânia com a Rússia é também assunto do Brasil”, diz a carta.

Fonte: Poder360 - UOL