Política

Rússia x Ucrânia: Putin diz que país sairá mais forte





O presidente Vladimir Putin disse nesta quinta-feira que as sanções impostas contra a Rússia afetarão o Ocidente, em preços maiores de comida e energia por exemplo, e Moscou resolverá seus problemas e emergirá mais forte.

Putin afirmou que não havia alternativa para o que chama de operação militar especial na Ucrânia, e que a Rússia não é um país que pode aceitar comprometer a sua soberania em troca de algum tipo de ganho econômico de curto prazo.

"Essas sanções seriam impostas de qualquer maneira", disse Putin, em uma reunião do governo russo. "Há algumas questões, problemas e dificuldades, mas superamos todas elas no passado e vamos superá-las agora."

"No fim das contas, isso reforçará nossa independência, autossuficiência e soberania", disse, em reunião governamental televisionada, duas semanas depois de as forças russas invadirem a vizinha Ucrânia.

Seus comentários tiveram o objetivo de retratar as sanções ocidentais como um tiro no pé e tranquilizar o povo russo de que o país pode resistir ao que Moscou está chamando de "guerra econômica" contra seus bancos, empresas e oligarcas.

Putin disse que Moscou —importante produtor de energia que fornece um terço do gás da Europa— continuará a cumprir suas obrigações contratuais, apesar de ter sido atingida por amplas sanções que incluem proibição de compra do seu petróleo pelos EUA.

"Eles anunciaram que fecharão a importação de petróleo russo ao mercado norte-americano. Os preços estão altos lá, a inflação é sem precedentes, chegou a patamares altos históricos. Eles estão tentando nos culpar pelos resultados dos seus próprios erros", disse. "Não temos absolutamente nada a ver com isso."

Reagindo ao Ocidente, o governo russo afirmou mais cedo que havia proibido exportações de equipamentos de telecomunicação, medicina, automotivos, agrícolas, elétricos e tecnológicos, entre outros itens, até o fim de 2022.

No total, mais de 200 itens foram incluídos na lista de suspensão de exportações, que também abrange vagões ferroviários, contêineres, turbinas e outras mercadorias.

'Vamos resolver esses problemas'

Falando em tom calmo, Putin reconheceu que as sanções impostas desde a invasão de 24 de fevereiro estavam sendo sentidas.

"Está claro que em momentos como este as demandas das pessoas por certos grupos de bens de consumo sempre crescem, mas não temos dúvidas de que vamos resolver todos esses problemas trabalhando calmamente", disse.

"Gradualmente, as pessoas vão se orientar, vão entender que simplesmente não há eventos que não podemos isolar e resolver."

Putin citou que a Rússia é uma grande produtora de fertilizantes agrícolas e disse que "consequências negativas" serão inevitáveis para o mercado alimentício do mundo se o Ocidente causar problemas à Rússia.

Seu ministro da Agricultura informou na reunião que a segurança alimentar do país está garantida.

 

- Diretor da CIA: presidente chinês está “inquieto” com invasão russa na Ucrânia

liderança chinesa também está preocupada com “o dano reputacional que a China sofre pela associação com a 'feiuira' da agressão da Rússia contra a Ucrânia

O presidente chinês Xi Jinping está “inquieto” com a invasão russa na Ucrânia, em parte porque “sua própria inteligência não parece ter dito a ele o que iria acontecer”, disse o diretor da CIA (Agência Americana de Inteligência), Bill Burns, ao Comitê de Inteligência do Senado dos EUA na quinta-feira (10).

A liderança chinesa também está preocupada com “o dano reputacional que a China sofre pela associação com a ‘feiura’ da agressão da Rússia contra a Ucrânia” e “as consequências econômicas em um momento em que as taxas de crescimento na China são menores do que em 30 anos”, segundo Burns.

“O presidente Xi provavelmente está um pouco inquieto ao observar a maneira como o presidente Vladimir Putin aproximou americanos e europeus e fortaleceu a aliança transatlântica de maneiras que seriam um pouco difíceis de imaginar antes da invasão”, disse o diretor da agência.

Mais antecedentes

As autoridades dos Estados Unidos acompanharam de perto a resposta da China à invasão da Ucrânia pela Rússia, à medida que crescem os temores de que as duas nações autocráticas estão se aproximando no cenário mundial. Apenas algumas semanas antes do início da invasão, Putin e Xi se encontraram na cerimônia de abertura das Olimpíadas em Pequim e as duas nações emitiram uma declaração conjunta afirmando uma parceria “sem limites”.

Um relatório de inteligência ocidental indicou que autoridades chinesas na mesma época solicitaram que altos funcionários russos esperassem até que as Olimpíadas de Pequim terminassem antes de iniciar a ação militar na Ucrânia, de acordo com a CNN – mas os detalhes do relatório estavam abertos à interpretação, de acordo com uma fonte familiarizada com a inteligência, e não está claro se Putin abordou o assunto diretamente com Xi.

 

- Kamala Harris acusa Rússia de crime de guerra e pede investigação

Vice-presidente do Estados Unidos está na Polônia

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, afirmou hoje (10) que a Rússia vem cometendo crimes e violações de normas internacionais e citou um processo de investigação que será conduzido pelas Nações Unidas.

“É claro que o ataque intencional de inocentes é uma violação. A ONU tem um processo pelo qual vai haver uma investigação e nós vamos, claro, participar de forma apropriada. Mas todo mundo viu a cobertura pela televisão ontem, mulheres grávidas precisando de cuidado, feridas por um míssil, por uma bomba, numa guerra não provocada... é injustificável. Um país poderoso tentando tomar outro país. Estão violando a soberania, a integridade nacional. É claro que tem que ter uma investigação”, afirmou Harris, em entrevista coletiva, em Varsóvia, na Polônia,

A vice-presidente americana disse ainda que os Estados Unidos mandaram 4,7 mil soldados para a Polônia, além de apoio militar, financeiro e humanitário, por estarem preocupados com a segurança dos seus aliados.

Ao lado de Harris, o presidente da Polônia, Andrzej Duda, afirmou que a guerra tem levado a uma crise de refugiados sem precedentes e que o problema está crescendo. O país já recebeu mais de 1,5 milhão de refugiados em duas semanas de conflito. 

Duda, assim como Harris, afirmou que os russos estão cometendo crimes de guerra e disse que espera que, no futuro, fique claro quem é o responsável por esses atos. “Enquanto estamos aqui, falando, tem gente atravessando a fronteira, gente cujas casas foram destruídas. Eles viram seus vizinhos serem mortos. São os relatos de testemunhas e a gente tem essas provas, isso faz o sangue ferver. Os criminosos são os russos”, disse.

Ontem conversei com [António] Guterres [secretário-geral das Nações Unidas] e descrevi a situação, a reação da sociedade polonesa. A gente precisa de assistência internacional. Isso vai acabar num desastre de refugiados. Pedi ajuda financeira, material e de know how de especialistas”, disse Duda.  

O mandatário polonês disse ainda que sabia que o presidente russo, Vladimir Putin, não iria parar depois da ocupação da Georgia, em 2008, e da Criméia, em 2014. “Esse apetite imperial vai crescer se o mundo não reagir a ele. E se a Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] não se posicionar de forma firme, a gente vai ver mais ataques da Rússia”, disse.

Fonte: UOL - CNN Brasil - Agência Brasil