Economia

Dólar sobe pelo 2º dia, a R$ 5,054, mas acumula queda na semana





O dólar emendou sua segunda alta consecutiva, esta de 0,76% e fechou a sexta-feira (11) cotado a R$ 5,054 na venda. O desempenho não foi suficiente para compensar as perdas da semana, que termina com queda de 0,48% para a moeda americana. Na anterior, um pouco mais curta por conta do Carnaval, o dólar já havia caído 1,5%.

Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), opera em queda neste final de pregão. Por volta das 17h20, o indicador caía 1,54%, aos 111.909,58 pontos. As negociações se encerram às 18h.

Mesmo com os ganhos de hoje, o dólar ainda registra desvalorização de 9,36% frente ao real em 2022, depois de subir mais de 7% no ano passado.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Guerra e EUA no radar

Investidores seguem monitorando de perto os desdobramentos envolvendo a guerra entre Rússia e Ucrânia, que chegou hoje ao 16º dia, enquanto a expectativa de que o Fed (Federal Reserve, o Banco Central americano) vai aumentar os juros nos Estados Unidos dá apoio adicional ao dólar.

Juros mais altos nos EUA aumentam a rentabilidade dos títulos americanos, considerados investimentos muito seguros. Na prática, esse cenário tende a reduzir a atratividade de ativos mais arriscados, como o real e outras moedas de países emergentes, o que leva a uma valorização global do dólar.

Preço dos combustíveis

No Brasil, o mercado repercutiu a aprovação na Câmara dos Deputados da proposta que altera a cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre os combustíveis. A medida conta com o apoio do governo de Jair Bolsonaro (PL), que tenta conter a escalada de preços.

No mesmo dia, a Petrobras anunciou um aumento da gasolina, do óleo diesel e do gás de cozinha nas distribuidoras. O repasse para o consumidor final ainda depende de cada revendedor.

Segundo avaliação do Citi, a mudança pode, sim, aliviar a pressão sobre a inflação, que saltou 10,54% nos 12 meses até fevereiro, mas o banco alertou que outros planos discutidos pelo governo para segurar os preços — como eventuais subsídios, por exemplo — podem abalar a credibilidade fiscal do país.

 

-Juros sobem com alta da inflação e aumento dos combustíveis

Dólar e Bolsa balançam diante de riscos ampliados pela guerra na Ucrânia

Os contratos de juros de referência para empréstimos bancários e financiamentos ao consumidor brasileiro subiam nesta sexta-feira (11), dia em que um mega-aumento dos combustíveis da Petrobras entrou em vigor e, além disso, houve a divulgação da maior inflação mensal para fevereiro desde 2015.

As taxas DI (Depósitos Interbancários) de curto prazo –para janeiro de 2023– subiram a 13,1% ao ano. Uma alta de 0,2 ponto percentual em relação à última quarta, antes do anúncio da alta dos preços de gasolina, diesel e gás.

Contratos DI são negociados exclusivamente entre bancos, mas servem de referência para financiamentos e empréstimos em geral. A alta dos DIs revela que o mercado está esperando um aumento mais agressivo da taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central. Tornar o crédito mais caro é uma das ferramentas que a autoridade monetária possui para tentar frear a inflação.

A taxa básica de juros do Brasil está em 10,75% ao ano, uma das mais elevadas do mundo em relação à expectativa de inflação anual do país, que é de 5,65%. Analistas avaliam que a Selic subirá mais e encerrará 2022 acima de 12%.

"O IPCA [inflação oficial] veio pior do que o esperado", comentou Jansen Costa, sócio da Fatorial Investimentos "Com esses dados, a expectativa de aumento de juros pelo Copom agora é maior", disse. Ele também reforçou que o impacto do aumento da gasolina só será refletido na inflação oficial a partir do próximo mês.

Enquanto investidores interpretavam os sinais internos da economia e a evolução dos efeitos da guerra da Ucrânia nas finanças globais, Bolsa e câmbio do Brasil alternaram entre altos e baixos nas primeiras horas do pregão desta sexta.

No início da tarde, o viés pessimista passava a se consolidar. Às 12h58, o Ibovespa, índice de referência do mercado de ações do país, caía 0,20%, a 113.427 pontos.

Setores de construção civil e de varejo, tradicionalmente prejudicados pela alta dos juros, puxavam a Bolsa para baixo. O destaque negativo era a construtora MRV, que afundava 10,03%.

O dólar subia 0,43%, a R$ 5,0390. Juros altos tendem a atrair investidores estrangeiros para o país e isso, em tese, deveria gerar uma tendência de baixa da moeda americana. Mas não é isso o que acontecia nesta sexta.

A crise geopolítica na Europa e a inflação nos Estados Unidos direcionam a alta do câmbio nesta sessão, segundo Fernanda Mansano, economista-chefe da plataforma de investidores TC. "O dólar hoje é influenciado por questões internacionais", afirmou.

No 16º dia da guerra da Ucrânia, tropas russas expandem ataques no entorno da capital ucraniana Kiev.

É nos ativos ligados ao dólar que investidores procuram proteção em períodos de incerteza. Nesta sexta, a divisa americana se valorizava em relação a 19 de 24 moedas de países emergentes, segundo dados da agência Bloomberg.

Sem perspectivas de solução para o conflito, a expectativa de severa redução da oferta de petróleo russo segue pressionando a alta da commodity no mercado internacional. O barril do Brent subia 1,66%, a US$ 111,14 (R$ 561,33). A alta compensava a queda de 1,63% da véspera.

Petróleo e derivados então no centro da pressão inflacionária global. Nos Estados Unidos, a alta nos preços ao consumidor acumulada em 12 meses alcançou 7,9% em fevereiro, o pior resultado para o mês em 40 anos.

Analistas da Genial Investimentos avaliam que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) iniciará o ciclo de aumentos da taxa básica de juros nos Estados Unidos na próxima semana, com uma elevação de 0,25 ponto percentual para encerrar 2022 com juros de 2,5% ao ano. Hoje a taxa americana está praticamente zerada.

Elevações nos juros podem atrair investidores para os títulos do Tesouro americano. Isso costuma reduzir a disponibilidade de capital para aplicações em ações de empresas em todo o mundo. Além disso, o crédito mais caro aumenta o custo operacional de empresas endividadas.

No mercado americano de ações, o índice de referência (S&P 500) oscilava perto da estabilidade, com alta de 0,05%. O indicador Dow Jones, que concentra empresas de menor valor e menos dependentes de crédito, subia 0,32%. Já a Nasdaq, bolsa que reúne companhias que precisam de crédito barato para crescer, recuava 0,58%.

 

- Confiança de pequenas empresas fica estável em fevereiro

 

Beneficiada pela melhoria no comércio, a confiança dos donos de micro e pequenas empresas ficou estável em fevereiro. No mês passado, o Índice de Confiança de Micro e Pequenas Empresas (IC-MPE) aumentou 0,4 ponto em relação a janeiro, mantendo-se em torno de 90 pontos, após ter caído 5,1 pontos.

Na subdivisão por setores, a confiança do comércio aumentou 3,9 pontos, caiu 1,4 ponto no de serviços e caiu 2,6 pontos no de indústria de transformação. O IC-MPE é elaborado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

O índice de confiança mede a avaliação atual em relação à economia. O Índice de Expectativa das Micro e Pequenas Empresas (IE-MPE) subiu 1,8 ponto, para 93,3 pontos. Em janeiro, o indicador tinha perdido 6 pontos.

O principal fator para o avanço do indicador de expectativa foi a melhora das perspectivas sobre a demanda para os próximos três meses, que subiu 1,2 ponto em fevereiro, após ter caído 9 pontos em janeiro. Para os próximos seis meses, a perspectiva de crescimento da demanda ficou estável, subindo 0,4 ponto.

Segundo o Sebrae, os dados indicam ligeira melhora nas expectativas do comércio no curtíssimo prazo. Para os próximos meses, os micro e pequenos empresários continuam com incertezas, provocadas pela crise internacional, pela evolução da pandemia de covid-19, pelas pressões de custos e pelo calendário eleitoral.

 

Crédito

 

O indicador de crédito, que mede as exigências para concessão ou renovação de empréstimos bancários, fechou fevereiro em 96,7 pontos, 5,1 pontos abaixo do registrado em fevereiro de 2020, antes da pandemia de covid-19. Quanto menor o indicador, maior a exigência das instituições financeiras para os pequenos negócios.

Entre os segmentos, o setor de serviços tem mais dificuldades para obter crédito, com o indicador 17,8 pontos inferior ao do período pré-pandemia. Em segundo lugar, vem o comércio, com indicador cerca de 9 pontos abaixo do de fevereiro de 2020. Apenas a indústria de transformação apresenta crescimento e tem menos exigências para a concessão e renovação de crédito, com o indicador 6,2 pontos mais alto que antes da pandemia.

 

Fonte: UOL - Folha