Política

Petrobras não tem qualquer sensibilidade, diz Bolsonaro





O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse neste sábado (12.mar.2022) que a Petrobras não tem “qualquer sensibilidade” na definição dos preços dos combustíveis. Ele chamou a empresa, então, de “Petrobras futebol clube”, durante conversa com jornalistas e apoiadores no Jardim do Ingá, em Luziânia (Goiás).

“A Petrobras não tem qualquer sensibilidade com a população, é Petrobras futebol clube, o resto que se exploda”, declarou Bolsonaro, ao criticar o reajuste de combustíveis anunciado na 5ª feira (10.mar.2022) pela estatal.

Bolsonaro disse que a empresa transformou-se em “Petrobras futebol clube”por causa de “leis, projetos, contratos feitos no passado”.

“É um campeonato brasileiro. Eles cuidam da vida deles, o resto do Brasil, mesmo na crise e com uma guerra lá fora, que se vire. Lamento a atuação da Petrobras nesse episódio”, afirmou. 

A empresa segue a paridade internacional de preços do petróleo. A política de preços já havia sido criticada neste sábado (12.mar) pelo presidente.

Mais cedo, o chefe do Executivo disse que “esse atrelamento é bom para o mercado e para os acionistas, mas é péssimo para o consumidor brasileiro”.

PEDIDO PARA ADIAR REAJUSTE

Bolsonaro também disse que foi solicitado à Petrobras que o reajuste anunciado na 5ª feira (10.mar.2022) fosse adiado. Isso porque o Congresso aprovou no início da madrugada de 6ª feira (11.mar.2022) o projeto de lei que corta os tributos dos combustíveis e pode baixar em R$ 0,60 o litro do diesel, segundo as estimativas do governo.

A empresa, no entanto, não acatou o pedido. Neste sábado (12.mar), a Petrobras divulgou um vídeo em que diz que já estava há 57 dias sem reajustar os preços.

“Se tivesse atrasado um dia, assim que foi feito o pedido por terceiros, tendo em vista a votação do projeto [do ICMS], em vez de anunciar R$ 0,90 o aumento do diesel, podia estar anunciando R$ 0,30”, afirmou Bolsonaro.

Poder360 perguntou ao presidente quem pediu para a Petrobras atrasar o reajuste. Ele, no entanto, disse não saber.

“Eu sei que o Parlamento entrou em contato, não fui eu. Que ficaram sabendo dessa possibilidade, alguém fez contato, fiquei sabendo depois. Se eu tivesse exercido tráfico de influência teria atrasado. Mas não tem como exercer tráfico de influência, sei que devemos evitar”, respondeu.

 
 
- Governo Bolsonaro avalia zerar o PIS/Cofins da gasolina

O governo federal avalia zerar o PIS/Cofins da gasolina, assim como fez com o diesel. A proposta está em estudo e pode ser alvo de um projeto de lei complementar, segundo o presidente Jair Bolsonaro (PL).

O chefe do Executivo falou neste sábado (12.mar.2022) a jornalistas sobre a alta dos preços dos combustíveis. Disse que o governo estuda estender o corte do tributo federal para a gasolina.

“Estava previsto fazer algo semelhante com a gasolina. O Senado resolveu mudar na última hora. Caso contrário, nós teremos um desconto também na gasolina que está bastante alto”, afirmou.

Segundo ele, se possível, o governo fará isso por meio de um projeto de lei complementar, com pedido de urgência.

“É no mundo todo isso [a alta dos combustíveis]. Mas, se podemos melhorar aqui, não podemos nos acomodar. Se pudermos diminuir, faremos isso”,completou.

Bolsonaro disse que já falou sobre a possibilidade de zerar o PIS/Cofins da gasolina com o Banco Central, por causa do impacto do preço da gasolina na inflação. Porém, não disse qual seria o custo da medida. Segundo o Ministério da Economia, o corte dos tributos do diesel já custará R$ 18 bilhões para a União em 2022.

O presidente da República também não descartou a possibilidade de pagar subsídios para tentar conter a alta dos combustíveis. Contudo, disse que essa medida só deve ser tomada se a guerra persistir na Europa e o preço do petróleo “explodir”.

Bolsonaro disse que o projeto aprovado pelo Congresso pode reduzir de R$ 0,90 para R$ 0,30 o reajuste do diesel anunciado nesta semana pela Petrobras. Para o mandatário, “ainda é alto, mas é possível de você até suportar”.

O projeto foi sancionado  por Bolsonaro na 6ª feira (11.mar.2022) e estabelece uma alíquota única para o ICMS dos combustíveis. Além disso, zera o PIS/Cofins do diesel, biodiesel, gás de cozinha e querosene de avião até o fim de 2022. No entanto, não corta o PIS/Cofins da gasolina.

 

- Arthur Lira fala em subsidiar combustíveis

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mencionou neste sábado (12.mar.2022) a ideia de subsidiar combustíveis temporariamente para determinadas categorias profissionais.

A declaração vem dias depois de a Petrobras anunciar, na 5ª feira (10.mar.2022), aumento de 18,8% na gasolina e 24,9% no óleo diesel. No mesmo dia, o presidente da Câmara chamou o aumento de “tapa na cara de um país que luta para voltar a crescer”.

“Temos que discutir uma possibilidade de subsidiar diretamente algumas categorias que são muito afetadas por isso”, disse Lira neste sábado.

“Não podemos expor os caminhoneiros, os motoristas de Uber, os taxistas, os mototaxistas, quem depende dos combustíveis para sobreviver, os transportes, que afetam na alimentação e afetam na inflação”, declarou.

Segundo o presidente da Câmara, seria um subsídio “por tempo determinado, controlado”.

“Estamos num momento de excepcionalidade. Temos uma guerra acontecendo no mundo que impactou diretamente no preço do barril”, disse ele, em referência à guerra na Ucrânia.

As declarações de Lira foram dadas em Curitiba. O presidente da Câmara foi até a capital paranaense para a filiação de políticos do Estado ao PP.

O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente licenciado da legenda, também compareceu, assim como líder do Governo na Câmara, Ricardo Barros(PP-PR).

Lira disse que o projeto aprovado pelo Senado na 5ª feira que cria um fundo de estabilização dos preços dos combustíveis ainda precisa ser estudado pela Câmara.

A proposta também contém uma expansão do auxílio gás e a criação de um auxílio gasolina para motoristas com renda de até 3 salários mínimos.

O projeto foi criticado por Ciro, no mesmo evento que Lira. “Isso é uma utopia”,declarou o ministro da Casa Civil. “Se aprovarmos um fundo como esse e jogarmos R$ 120 bilhões o dólar vai para R$ 7, aí não adianta”, disse.

O preço dos combustíveis é um dos assuntos mais delicados da política no momento. O encarecimento desses produtos, e seu efeito na inflação em geral, tem causado desgaste ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).

Bolsonaro tentará reeleição em outubro. A última pesquisa PoderData mostra que o atual presidente tem 32% da intenções de voto contra 40% de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Fonte: Poder360